Líderes
islâmicos pregam fim de emissões.
Por Cíntya Feitosa, do OC –
Declaração Islâmica do Clima convoca países ricos e
produtores de petróleo a liderarem a transição para economia com 100% de
energias renováveis e um cenário de zero carbono.
Líderes islâmicos pediram aos governos de países
ricos e produtores de petróleo que liderem a redução de emissões, com uma
estratégia para zerá-las e caminhem para 100% de energias renováveis até o meio
do século. A Declaração Islâmica do Clima foi divulgada em um simpósio em
Istambul, que reuniu, além dos religiosos, acadêmicos e especialistas em
políticas públicas de desenvolvimento.
Foto: UNFCCC/Fadi Itani
Assim como a encíclica Laudato Si’, do papa
Francisco, a declaração muçulmana alerta para o imperativo moral de lidar com
as mudanças climáticas e preservar os recursos naturais, com uma convivência
harmoniosa entre seres humanos e meio ambiente. “Nós estamos em perigo de
acabar com a vida tal como a conhecemos em nosso planeta”, diz o documento. “A
taxa atual de mudança do clima não pode ser sustentada, e o equilíbrio da Terra
pode em breve ser perdido.”
A carta invoca o exemplo de Maomé para a
preservação do meio ambiente. De acordo com os líderes religiosos, o profeta
criou áreas de preservação e zonas de proteção aos animais e plantas nativas,
além de manter uma vida simples e “livre de excesso, desperdício e ostentação”.
Nove dos 12 países-membros da Opep (Organização dos Países Exportadores de
Petróleo) têm o Islã como religião predominante.
A declaração convoca os islâmicos – 1,6 bilhão em
todo o mundo – para que desempenhem um papel ativo na luta contra a mudança
climática e pede aos governos de todo o mundo um acordo do clima eficaz na
COP21, conferência do clima das Nações Unidas, em Paris, no fim deste ano.
Os países ricos são chamados a investir na economia
de baixo carbono e auxiliar países em desenvolvimento e vulneráveis com
tecnologia. O documento pede atenção especial a grupos mais frágeis da
sociedade, como povos indígenas, mulheres e crianças.
O setor privado não ficou de fora das
recomendações. “Nós chamamos as corporações a arcar com as consequências de
suas atividades e assumir um papel visivelmente mais ativo na redução da sua
pegada de carbono e outras formas de impacto.” As medidas sugeridas são reduzir
impactos socioambientais e transitar para um cenário de energias renováveis e
zero emissões.
Christiana Figueres, secretária-executiva da UNFCCC
(Convenção das Nações Unidas para Mudanças Climáticas), saudou a iniciativa e
afirmou que os ensinamentos do Islã dão um caminho para tomar medidas corretas
sobre mudanças climáticas. “A energia limpa, futuro sustentável para todos, é
uma mudança fundamental na compreensão de como nós valorizamos o meio ambiente
e uns aos outros.”
Religiões entram no ativismo pelo clima
Além da declaração islâmica e da encíclica papal,
outras religiões estão se manifestando em torno da urgência climática. A Igreja
do Sínodo Geral, da Inglaterra, fez um chamado recente aos líderes globais para
que firmem um acordo ambicioso em Paris. Além disso, aderiu à campanha pelo
desinvestimento em combustíveis fósseis e redirecionou seus recursos para a
energia limpa.
No fim do ano, de acordo com a UNFCCC, líderes
hindus e da comunidade budista pretendem divulgar uma declaração sobre as
mudanças climáticas. Centenas de rabinos também divulgaram uma carta sobre a
crise climática.
Fonte: Observatório do Clima
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