quarta-feira, 2 de setembro de 2015

Líderes islâmicos pregam fim de emissões.
Por Cíntya Feitosa, do OC – 
Declaração Islâmica do Clima convoca países ricos e produtores de petróleo a liderarem a transição para economia com 100% de energias renováveis e um cenário de zero carbono.

Líderes islâmicos pediram aos governos de países ricos e produtores de petróleo que liderem a redução de emissões, com uma estratégia para zerá-las e caminhem para 100% de energias renováveis até o meio do século. A Declaração Islâmica do Clima foi divulgada em um simpósio em Istambul, que reuniu, além dos religiosos, acadêmicos e especialistas em políticas públicas de desenvolvimento.
Foto: UNFCCC/Fadi Itani

Assim como a encíclica Laudato Si’, do papa Francisco, a declaração muçulmana alerta para o imperativo moral de lidar com as mudanças climáticas e preservar os recursos naturais, com uma convivência harmoniosa entre seres humanos e meio ambiente. “Nós estamos em perigo de acabar com a vida tal como a conhecemos em nosso planeta”, diz o documento. “A taxa atual de mudança do clima não pode ser sustentada, e o equilíbrio da Terra pode em breve ser perdido.”

A carta invoca o exemplo de Maomé para a preservação do meio ambiente. De acordo com os líderes religiosos, o profeta criou áreas de preservação e zonas de proteção aos animais e plantas nativas, além de manter uma vida simples e “livre de excesso, desperdício e ostentação”. Nove dos 12 países-membros da Opep (Organização dos Países Exportadores de Petróleo) têm o Islã como religião predominante.

A declaração convoca os islâmicos – 1,6 bilhão em todo o mundo – para que desempenhem um papel ativo na luta contra a mudança climática e pede aos governos de todo o mundo um acordo do clima eficaz na COP21, conferência do clima das Nações Unidas, em Paris, no fim deste ano.

Os países ricos são chamados a investir na economia de baixo carbono e auxiliar países em desenvolvimento e vulneráveis com tecnologia. O documento pede atenção especial a grupos mais frágeis da sociedade, como povos indígenas, mulheres e crianças.

O setor privado não ficou de fora das recomendações. “Nós chamamos as corporações a arcar com as consequências de suas atividades e assumir um papel visivelmente mais ativo na redução da sua pegada de carbono e outras formas de impacto.” As medidas sugeridas são reduzir impactos socioambientais e transitar para um cenário de energias renováveis e zero emissões.

Christiana Figueres, secretária-executiva da UNFCCC (Convenção das Nações Unidas para Mudanças Climáticas), saudou a iniciativa e afirmou que os ensinamentos do Islã dão um caminho para tomar medidas corretas sobre mudanças climáticas. “A energia limpa, futuro sustentável para todos, é uma mudança fundamental na compreensão de como nós valorizamos o meio ambiente e uns aos outros.”

Religiões entram no ativismo pelo clima

Além da declaração islâmica e da encíclica papal, outras religiões estão se manifestando em torno da urgência climática. A Igreja do Sínodo Geral, da Inglaterra, fez um chamado recente aos líderes globais para que firmem um acordo ambicioso em Paris. Além disso, aderiu à campanha pelo desinvestimento em combustíveis fósseis e redirecionou seus recursos para a energia limpa.

No fim do ano, de acordo com a UNFCCC, líderes hindus e da comunidade budista pretendem divulgar uma declaração sobre as mudanças climáticas. Centenas de rabinos também divulgaram uma carta sobre a crise climática.



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