Estudo dá
receita para 100% de renováveis.
Foto: Shutterstock
Relatório do Greenpeace diz que eliminar
combustíveis fósseis em todo o mundo até 2050 custará US$ 64,6 trilhões;
aumentar eletrificação do setor de transportes é principal desafio.
Você consegue calcular um preço para a saúde ou o
valor de viver em uma planeta mais limpo e justo? Os custos de um mundo 100%
movido a energia renovável para todos podem até ser altos, mas a economia é
ainda maior – sem falar nos benefícios. Essa transição energética é uma
revolução que significa qualidade de vida, saúde, educação e um planeta mais
pacífico.
O relatório “[R]evolução Energética 2015: Como
Atingir 100% de Energias Renováveis para Todos até 2050”, lançado
mundialmente nesta segunda-feira (21/09) pelo Greenpeace, mostra como essa
transformação é possível, quanto custaria e quais seriam seus impactos nos
empregos do setor energético.
O cenário apresentado pelo estudo conclui que os investimentos
necessários para o mundo conquistar uma geração de eletricidade 100% renovável
poderiam ser mais do que cobertos pela economia advinda do desinvestimento no
uso de combustíveis fósseis, como o petróleo, cada vez mais caros (e
poluentes). As energias renováveis devem exigir um investimento adicional médio
de cerca de US$ 1,03 trilhão por ano até 2050. Mas, no mesmo período, seria
possível economizar cerca de US$ 1,07 trilhão anualmente evitando a queima de
combustíveis fósseis nas usinas térmicas. Ou seja, sobraria dinheiro – e o
ponto de virada, em que um valor seria coberto pelo outro, ocorreria entre 2025
e 2030.
Segundo Sven Teske, coordenador geral do relatório,
“as indústrias de energia solar e eólica amadureceram e já são economicamente competitivas
para concorrer com o carvão, sendo muito provável que essas fontes ultrapassem
a indústria do carvão ao longo da próxima década, no que diz respeito a
empregos e fornecimento de energia”.
É o que comprova a nova edição de [R]evolução
Energética. O documento indica que, até 2020, a geração de empregos da
indústria petrolífera brasileira (4,16 milhões, segundo a Agência Internacional
de Energia) seria ultrapassada pela criação de postos de trabalhos na indústria
solar (que chegariam a 6,69 milhões) e eólica (4,22 milhões). Mais que isso:
até 2030, a indústria de painéis solares fotovoltaicos poderia alcançar 9,7
milhões de empregos – dez vezes a quantidade atual do setor –, e a indústria
eólica atingiria um total de 7,8 milhões de postos de trabalho.
Tendo isso em vista, Teske afirma que “a indústria
dos combustíveis fósseis tem a responsabilidade de se preparar para essas
mudanças no mercado de trabalho; e os governos precisam administrar o desmonte
dessa indústria, que caminha rapidamente rumo à irrelevância”. Para ele, “cada
dólar investido em novos projetos de combustíveis fósseis representa um capital
de alto risco e pode se transformar em um recurso perdido”.
Ainda de acordo com o estudo, em apenas 15 anos, a
participação das energias renováveis na geração de eletricidade poderia
triplicar, saindo dos 21% atuais para 64%. Ou seja: quase dois terços do
fornecimento global de eletricidade poderiam vir de fontes renováveis, como
solar, eólica e biomassa. Com isso, mesmo diante do desenvolvimento acelerado
de países como Brasil, China e Índia, as emissões globais de CO2 poderiam cair
das atuais 30 gigatoneladas por ano para 20 gigatoneladas por ano até 2030.
Kumi Naidoo, diretor-executivo do Greenpeace,
afirma que “não podemos deixar que o lobby da indústria dos combustíveis
fósseis seja obstáculo para a mudança rumo às energias renováveis, que
representam a maneira mais eficiente e justa de garantir um futuro energético
limpo e seguro – e oferecem um retorno que supera os investimentos necessários”.
E complementa: “Peço a todos que dizem ‘isso é impossível’ que leiam esse
relatório e reconheçam que é possível, precisa acontecer e trará benefícios
para todos.”
A Conferência do Clima de Paris (COP21), que ocorre
em menos de três meses, oferece aos líderes mundiais a oportunidade de tomar
medidas necessárias para combater as mudanças climáticas, acelerando a
transformação do setor energético mundial para longe dos combustíveis fósseis e
em direção a 100% de fontes renováveis até meados do século.
“No cenário estabelecido pelo Greenpeace, o acordo
climático assinado em Paris deve apresentar uma visão de longo prazo para o
encerramento gradual da energia produzida por meio de carvão, petróleo, gás e
usinas nucleares até meados do século, atingindo a meta de 100% de fontes
renováveis com acesso a energia para todos”, acrescenta Naidoo.
[R]evolução Energética é mais uma prova de que não
existem grandes barreiras econômicas ou técnicas para essa transição ser tornar
realidade até 2050. Só é necessário desejo político para fazer a mudança.
[R]evolução Energética 2015 – sumário executivo
Fonte: Greenpeace Brasil
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