sábado, 13 de junho de 2015

Brasil precisa unir ambição à habilidade diplomática no acordo de Paris.
Fotos: Mark Lutes/WWF

OC analisa propostas inseridas pelos negociadores brasileiros em texto que começa a ser construído nesta segunda-feira em Bonn e faz recomendações para evitar que elas virem armadilhas no processo.

Os negociadores brasileiros que trabalham na construção do texto do acordo de Paris precisam evitar que as boas propostas apresentadas pelo Brasil à Convenção do Clima das Nações Unidas tornem-se armadilhas à negociação.

O Observatório do Clima e o WWF-Brasil identificaram as principais contribuições feitas pelo Brasil ao rascunho do novo acordo do clima, que será editado a partir desta segunda-feira numa reunião em Bonn, Alemanha. As propostas visam resolver impasses antigos, como o da diferenciação entre países desenvolvidos e em desenvolvimento e o tipo de compromisso que cada país deverá assumir no novo regime climático.

No entanto, há pontos frágeis nas contribuições brasileiras que precisam ser atacados urgentemente, sob risco de tornarem-se apenas formas diferentes de repetir as mesmas posições que travam a luta internacional contra a mudança climática há mais de duas décadas. O OC, representando quase 40 entidades da sociedade civil, entregou ao Itamaraty uma lista de recomendações de como o Brasil poderia se posicionar para evitar que isso aconteça em quatro pontos: diferenciação entre os países, ciclos de compromisso, mecanismo econômico e a agenda de corte de emissões até 2020.

“O Brasil é reconhecido no mundo inteiro como país de negociadores extremamente habilidosos e conta em geral com boa vontade. É preciso usar esse capital para produzir avanços reais no acordo”, afirma Carlos Rittl, secretário-executivo do Observatório do Clima.

Segundo André Nahur, coordenador do Programa Mudanças Climáticas e Energia do WWF-Brasil, “são claros os avanços que o Brasil conseguiu com a diminuição das emissões graças à queda do desmatamento, porém vivemos um momento em que o protagonismo dos países para uma economia de baixo carbono é cada vez essencial e urgente. O ano de 2015 tem deixado claro os efeitos das mudanças climáticas na vida das pessoas”.

De acordo com André Ferretti, gerente de estratégias da conservação da Fundação Grupo Boticário e coordenador-geral do OC, o mundo não tem mais tempo para um novo fracasso como o da COP15, em 2009. “Em Copenhague, finalizamos as discussões globais sobre clima sem metas concretas de redução de gases de efeito estufa. Agora, o estabelecimento de um acordo internacional relacionado à questão climática é uma necessidade urgente”, explica. “Obter novos resultados de significância mundial só será possível com a adoção de novas posturas por parte dos países, a partir movimentações políticas que representem o real desejo de mudança.”

Leia aqui as recomendações do OC ao Brasil, e aqui a análise das propostas brasileiras ao texto de negociação.


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