Brasil precisa unir ambição à habilidade diplomática
no acordo de Paris.
Fotos: Mark Lutes/WWF
OC analisa propostas inseridas pelos negociadores
brasileiros em texto que começa a ser construído nesta segunda-feira em Bonn e
faz recomendações para evitar que elas virem armadilhas no processo.
Os negociadores brasileiros que trabalham na
construção do texto do acordo de Paris precisam evitar que as boas propostas
apresentadas pelo Brasil à Convenção do Clima das Nações Unidas tornem-se
armadilhas à negociação.
O Observatório do Clima e o WWF-Brasil
identificaram as principais contribuições feitas pelo Brasil ao rascunho do
novo acordo do clima, que será editado a partir desta segunda-feira numa
reunião em Bonn, Alemanha. As propostas visam resolver impasses antigos, como o
da diferenciação entre países desenvolvidos e em desenvolvimento e o tipo de
compromisso que cada país deverá assumir no novo regime climático.
No entanto, há pontos frágeis nas contribuições
brasileiras que precisam ser atacados urgentemente, sob risco de tornarem-se
apenas formas diferentes de repetir as mesmas posições que travam a luta
internacional contra a mudança climática há mais de duas décadas. O OC,
representando quase 40 entidades da sociedade civil, entregou ao Itamaraty uma
lista de recomendações de como o Brasil poderia se posicionar para evitar que
isso aconteça em quatro pontos: diferenciação entre os países, ciclos de
compromisso, mecanismo econômico e a agenda de corte de emissões até 2020.
“O Brasil é reconhecido no mundo inteiro como país
de negociadores extremamente habilidosos e conta em geral com boa vontade. É
preciso usar esse capital para produzir avanços reais no acordo”, afirma Carlos
Rittl, secretário-executivo do Observatório do Clima.
Segundo André Nahur, coordenador do Programa
Mudanças Climáticas e Energia do WWF-Brasil, “são claros os avanços que o
Brasil conseguiu com a diminuição das emissões graças à queda do desmatamento,
porém vivemos um momento em que o protagonismo dos países para uma economia de
baixo carbono é cada vez essencial e urgente. O ano de 2015 tem deixado claro
os efeitos das mudanças climáticas na vida das pessoas”.
De acordo com André Ferretti, gerente de
estratégias da conservação da Fundação Grupo Boticário e coordenador-geral do
OC, o mundo não tem mais tempo para um novo fracasso como o da COP15, em 2009.
“Em Copenhague, finalizamos as discussões globais sobre clima sem metas
concretas de redução de gases de efeito estufa. Agora, o estabelecimento de um
acordo internacional relacionado à questão climática é uma necessidade
urgente”, explica. “Obter novos resultados de significância mundial só será
possível com a adoção de novas posturas por parte dos países, a partir
movimentações políticas que representem o real desejo de mudança.”
Leia aqui as recomendações do OC
ao Brasil, e aqui a análise das
propostas brasileiras ao texto de negociação.
Fonte: Observatório do Clima
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