‘A escola é da comunidade’.
Professor de Salvador (BA) conta como a escola
diminuiu a evasão quando se abriu para a comunidade –
Por Luiz André Degaut –
A nossa escola em 2011 estava prestes a ser
municipalizada. Com a construção da Unidade de Polícia Pacificadora da Polícia
Militar e o nível de desemprego crescente no entorno da unidade escolar,
aliados a um problema de violência urbana, desenhava-se um quadro de problemas
socioculturais da comunidade escolar e do bairro da Santa Cruz, em Salvador
(BA).
No início de 2012, iniciamos um projeto educacional
que tinha o objetivo de elevar a autoestima dos alunos e moradores do bairro
usando a tecnologia das mídias digitais e interdisciplinarizando todas as
atividades da unidade escolar. Nascia aí, o projeto Aqui da Favela.
Foto: Divulgação
Os nossos alunos saíram pelos becos e vielas da
comunidade para fazerem uma pesquisa com os moradores sobre o que achavam da
escola e quais atividades gostariam de encontrar lá. Quando começamos a levar
os nossos alunos para a rua, o povo começou a olhar. Quebrarmos os muros da
escola, integrando a comunidade ao nosso cotidiano.
Ao realizar a pesquisa, muitos demonstraram o
interesse em participar de ações de capoeira, esporte, dança, teatro, fanfarra
e trabalho com tecnologia. Passamos a integrar os nossos alunos em oficinas
voltadas para a comunidade. A escola é da comunidade, não de professor ou
diretor.
Exercitando a cidadania com aulas expositivas e
abertas tanto na área da escola como nas ruas do bairro, não só revertemos a
situação da escola frente à secretaria, como adotamos a expectativa de
ensinarmos aos educadores de outras unidades escolares a execução de projetos
interdisciplinares.
Antes a escola não tinha uma identidade, um motivo
educacional. Com uma visão humanista, conseguimos agregar valores para os
nossos alunos, passando a inserir a visão deles no currículo.
Foto: Divulgação
A grande sacada que tivemos foi saber que jovem
educa jovem. Passamos a pegar os alunos como monitores em atividades da escola.
Os mais velhos tinham que ensinar os colegas mais novos. A linguagem de um
aluno para o outro é muito mais eficiente que o discurso acadêmico de um
professor.
Dentro do projeto Aqui da Favela, envolvemos
diferentes atividades. Na horta escolar, por exemplo, os alunos de 5º e 6º ano
fazem semeaduras. Com base nisso, os professores de ciências ensinam a medir o
pH do solo. Em história e geografia eles discutem questões sociais de reforma
agrária e do movimento da terra. Na disciplina de matemática, física e química
entram com a parte de cálculos e oxidação.
Também temos um projeto que produz arte com
materiais recicláveis e fazemos um festival com apresentações de música,
teatro, dança e mídia. Os alunos fazem o registro de todas as atividades e
colocamos no YouTube EDU e no Facebook.
Esse projeto de forma integrada conseguiu reverter
o processo de autoestima dos alunos. A estima deles melhorou muito, tanto que a
evasão escolar reduziu e hoje já não chega nem a 5%. Inclusive os professores
que estavam cansados e desmotivados começaram a pegar esse vírus da mudança e
ficaram impressionados.
* Diário de Inovações é uma seção com relatos de
educadores que estão inovando dentro da sala de aula. Para compartilhar suas
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Fonte: Porvir
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