A realidade das Unidades de Conservação.
O conservacionista e navegador brasileiro
João Lara Mesquita está realizando o sonho de muitos que são ligados ao meio
ambiente: visitar as 63 Unidades de Conservação (UCs) federais da costa
brasileira. A realidade dessas áreas protegidas, porém, está longe do
ideal.
Por Maria Luiza Campos –
A situação das 30 UCs visitadas por Mesquita até
agora mostra que o quadro de conservação é preocupante. “Estou apreensivo com o
que vi, porque a maioria das UCs marinhas não cumpre o seu papel de modo
efetivo, que é proteger a biodiversidade”, afirma Mesquita.
Os problemas identificados incluem recursos
humanos escassos, infraestrutura limitada e ausência de planos estratégicos
para gestão das unidades de conservação. Entre as que apresentam um quadro
preocupante, Mesquita cita a Área de Preservação Ambiental (APA) do Cairuçu,
localizada em Paraty – litoral Sul do Rio de Janeiro – e o Parque Nacional
Marinho dos Abrolhos, no litoral sul da Bahia. A primeira UC, segundo ele, engloba
63 ilhas e carece de pessoal para fiscalização, além de sofrer com a
especulação imobiliária. A segunda, de acordo com Mesquita, tem apenas um barco
para fiscalizar uma área de 90 mil hectares, frequentada por aproximadamente
dois mil barcos pesqueiros. “São situações preocupantes e no mínimo desiguais,
uma luta de um contra dois mil”, afirma.
Nas visitas realizadas até agora, uma surpresa
positiva: o Parque Nacional da Restinga de Jurubatiba (RJ) – localizado entre
os municípios de Quissamã, Macaé e Carapebus – e aberto à visitação pública em
dezembro do ano passado. “É um exemplo de boa gestão e de parceria com a
comunidade do entorno”, ressalta. A unidade de conservação tem plano de manejo
desenvolvido pelo chefe do parque, Marcelo Pessanha, em gestão compartilhada
com a população do entorno, e mantém equipamentos e profissionais capacitados
para garantir a fiscalização da unidade, com barcos, quadriciclos e veículos
4×4. Toda a viagem e as impressões registradas estão sendo documentadas no
programa Mar Sem Fim, transmitido pela TV Cultura.
Compartilhando conhecimento
João Lara Mesquita foi convidado a participar da
oitava edição do Congresso Brasileiro de Unidades de Conservação (VIII CBUC),
evento realizado periodicamente desde 1997 e considerado um dos mais
importantes da América Latina sobre o tema. Em Setembro, durante o Congresso, o
conservacionista compartilhará essa experiência dentro do simpósio ‘Quem
conhece, conserva: como a comunicação pode mobilizar a sociedade em prol da
natureza’. Segundo ele, a participação da população na temática ambiental é
fundamental para a efetiva conservação da natureza. “A proteção de qualquer
Unidade de Conservação não precisa ser responsabilidade única do poder público.
É importante que a sociedade se engaje, pois todos se beneficiam com serviços
ambientais que áreas protegidas fornecem”, explica Mesquita.
Nos próximos meses, ele visitará as UCs marinhas
federais localizadas entre a Bahia e o Amapá, onde encerrará a expedição Mar
sem Fim, que tem o apoio da Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza,
organização não governamental que também é a realizadora do VIII CBUC. Todo o
material coletado servirá de base para um livro que mostrará o Raio X da
conservação nas 63 UCs marinhas federais.
Serviço
VIII Congresso Brasileiro de Unidades de
Conservação
Quando: 21 a 25 de Setembro
de 2015
Onde: Curitiba
Fonte: Eco21
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