O caminho da descarbonização.
Por Redação do OC
País africano apresenta às Nações Unidas
proposta ambiciosa rumo a Paris.
A Etiópia, um dos países menos desenvolvidos do
mundo, submeteu nesta quarta-feira às Nações Unidas sua proposta para o acordo
de Paris. A chamada INDC (Contribuição Nacionalmente Determinada Pretendida)
etíope prevê uma redução de 64% das emissões em relação ao que seria emitido em
2030 se nada fosse feito. A projeção é que o país africano, que hoje emite 150
milhões de toneladas de CO2 por ano (10% do que emite o Brasil), fosse chegar a
400 milhões na ausência de novas políticas. Com a INDC, ele se compromete a
chegar a 145 milhões de toneladas – na prática, uma pequena redução absoluta de
emissões em relação aos níveis atuais.
Os cortes serão aplicados a toda a economia e sua
“implementação completa”, segundo o governo etíope, está condicionada ao
provimento de financiamento adequado, transferência de tecnologia e capacitação
pelos países desenvolvidos. Entre as medidas propostas para atingir a meta está
a implantação de medidas de agricultura de baixo carbono e a expansão de sua
matriz energética com renováveis, fazendo o chamado “leapfrogging” de
tecnologias – quando se disseminam novas tecnologias sem passar por tecnologias
menos eficientes em uso hoje nos países desenvolvidos. Também reafirmou sua
intenção de se tornar um país neutro em carbono no longo prazo, embora não tenha
especificado quando.
“A Etiópia está mostrando que ambição no clima
não depende de PIB. Um país que emite pouco hoje está se comprometendo a emitir
menos ainda em 2030 e a perseguir a neutralidade de carbono depois disso,
porque entendeu que não há outra forma possível de desenvolvimento neste século
que não seja o de baixo carbono”, disse Carlos Rittl, secretário-executivo do
Observatório do Clima. “O exemplo etíope e o de outros países africanos, como o
Gabão e o Marrocos, compele os países ricos a providenciar financiamento,
tecnologia e capacitação adequados, e deveria inspirá-los a aumentar o nível de
ambição das próprias propostas. Para o Brasil, que tem hesitado a liderar o
mundo em desenvolvimento na transição para uma economia limpa, fica a lição da
África.”
Fonte: Observatório
do Clima
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