Reciclável e de baixo custo,
bagaço de cana-de-açúcar pode ser matéria-prima para fabricar embalagens.
Pesquisadores do Núcleo de Apoio à Pesquisa (NAP)
em Materiais para Biossistemas (Biosmat), sediado na Faculdade de Zooctenia e
Engenharia de Alimentos (FZEA) da USP, em Pirassununga, desenvolveram
embalagens biodegradáveis e autodesmontáveis para transporte de frutas,
hortaliças e bebidas a partir de painéis produzidos com resíduos de bagaço de
cana-de-açúcar e resina poliuretana à base de óleo de mamona. Além de ocuparem
menos espaço e de serem uma alternativa às caixas de madeira, as embalagens
biodegradáveis representam mais uma opção para reaproveitar os resíduos da
indústria sucroalcooleira.
O projeto “Embalagens Biodegradáveis para
Transporte de Alimentos Produzidas com Painéis de Partículas de Bagaço de
Cana-de-Açúcar” obteve o segundo lugar na Olimpíada USP do Conhecimento, em
2013. “Apesar de produzidas em escala laboratorial, as embalagens apresentam
potencial para ter um custo inferior ao dos materiais utilizados atualmente”,
destaca um dos coordenadores do trabalho, o professor Juliano Fiorelli, do
Laboratório de Construção e Ambiência do Departamento de Engenharia de
Biossistemas da FZEA e membro do Biosmat.
Fiorelli conta que a ideia era desenvolver uma
embalagem biodegradável oriunda de resíduo agroindustrial resistente ao sol e à
água. A pesquisa foi desenvolvida por um grupo de alunos dos cursos de
graduação em Engenharia de Alimentos e Engenharia de Biossistemas da FZEA e de
um projeto de iniciação científica, vinculado ao tema, financiado pelo Programa
Institucional de Bolsas de Iniciação Científica (Pibic) do Conselho Nacional de
Desenvolvimento Cientifico e Tecnológico (CNPq).
Óleo de mamona – Após a secagem
em estufa, o bagaço de cana foi moído para obtenção de partículas de até 8
milímetros. Em seguida, misturado à resina poliuretana à base de óleo de
mamona. A mistura foi colocada em molde e posteriormente em uma prensa
termo-hidráulica, para dar forma e estrutura de painel. Foram realizados vários
ensaios físicos e mecânicos para determinar densidade, inchamento em espessura,
a absorção de água e resistência à flexão.
A partir desses painéis foram fabricados três
modelos de embalagens: transporte de bebidas, transporte de frutas médias
(laranja, pera e maçã) e embalagem autodesmontável para transporte de frutas
pequenas (morangos e uvas). No Laboratório de Construções Rurais e Ambiência e
no Laboratório de Tecnologia de Embalagens, os pesquisadores estão estudando
atualmente a fabricação de outros modelos de caixas e embalagens para o setor
alimentício.
O projeto contou com a colaboração do professor
Holmer Salvastano Júnior, coordenador geral do Biosmat e professor do
Departamento de Engenharia de Biossistemas da FZEA, e da professora Maria
Tereza de Alvarenga Freire, do Departamento de Engenharia de Alimentos da FZEA.
Um vídeo sobre a pesquisa está disponível no YouTube (https://www.youtube.com/watch?v=F6ONOSfO3VM).
Participantes – A FZEA é a
instituição líder do Biosmat. Pela USP, também participam pesquisadores da
Escola de Engenharia de São Carlos (EESC) e da Escola Superior de Agricultura
Luiz de Queiroz (Esalq), em Piracicaba, ambas da USP.
Além de professores da USP, o Biosmat conta com a
participação de outras instituições brasileiras, como a Universidade Federal de
Lavras (Ufla), a Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), a
Universidade Estadual Paulista (Unesp), a Universidade Federal do ABC (Ufabc),
a Embrapa Instrumentação Agropecuária, a Universidade Federal de Santa Catarina
(UFSC), a Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-RJ) e o
Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais (Cefet-MG). Além de
pesquisadores de universidades do exterior, como a University of Illinois at
Urbana-Champaign (EUA), a Universidad Politécnica de Valéncia (Espanha), o
Instituto de Ciencias de la Construcción Eduardo Torroja (Espanha), a
Universidad Central “Marta Abreu” de las Villas (Cuba) e a Universidad Nacional
de Córdoba (Argentina).
Entre os dias 23 a 25 de novembro, o campus de
Pirassununga sediou a 15ª Conferência Internacional sobre Materiais e
tecnologias Não-Convencionais (Nocmat 2014), que neste ano teve como tema
“Construção de um Desenvolvimento Sustentável”. O evento reuniu dezenas de
pesquisadores nacionais e internacionais que apresentaram diversos trabalhos
sobre o uso de materiais alternativos.
Fonte: EcoDebate
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