‘A Funai está sendo desvalorizada
e sua autonomia totalmente desconsiderada’, diz ex-presidente.
Na primeira entrevista desde que deixou o cargo,
Maria Augusta Assirati fala sobre a interferência política no órgão
indigenista, liderada pela Casa Civil e pelo Ministério da Justiça. E revela a
manobra do governo para licenciar a usina de São Luiz do Tapajós
Assirati ao lado do ministro José Eduardo Cardozo,
do Ministério da Justiça, ao qual a Funai responde. Ela descreve como a
interferência política segura o trabalho técnico do órgão indigenista: “nada
mais, nesse momento, depende apenas da Funai”. Foto: Agência Brasil.
Maria Augusta Assirati foi presidente interina da
Fundação Nacional do Índio (Funai) por um 1 ano e 4 meses, tempo em que ela diz
ter vivido com “grande descontentamento e constrangimento”. Na gestão que menos
demarcou terras desde José Sarney, ela aponta a interferência política do
governo Dilma Rousseff como a maior responsável pela paralisação do trabalho
técnico do órgão indigenista. “A orientação é no sentido de que nenhum processo
de demarcação em nenhum estágio, delimitação, declaração, ou homologação,
tramite sem a avaliação do Ministério da Justiça e da Casa Civil”.
Na primeira entrevista desde que saiu, em outubro,
ela fala sobre o estopim para o seu pedido de exoneração: uma manobra para
licenciar a usina de São Luiz do Tapajós, que pode alagar terra Munduruku (leia mais na nossa reportagem).
Depois de analisar o caso e se comprometer com os indígenas a publicar o
relatório que delimita a terra, Assirati diz que foi obrigada a voltar atrás.
“Nós tivemos que descumprir esse compromisso em razão da prioridade que o
governo deu ao empreendimento. Isso é grave”.
A ex-presidente da Funai fala sobre como tentou
apresentar uma alternativa, propondo que se selecionasse outro local para
a obra. Mas o governo não teria considerado a solução satisfatória, pois o
setor elétrico indicava que o leilão precisava ser lançado ainda em 2014.
De fato, em setembro, o Ministério de Minas e
Energia anunciou o leilão da usina de São Luiz do Tapajós. Mas dias depois teve
que adiar para uma data não definida, pois o licenciamento da hidrelétrica
ainda não estava concluído. A “culpa” do atraso não foi da Funai ou do
Ibama. Faltava a conclusão do Estudo de Componente Indígena, avaliação de
impactos que é feita pelo grupo de empresas interessadas em construir a
hidrelétrica: Eletrobras, Eletronorte, GDF SUEZ, EDF, Neoenergia, Camargo
Corrêa, Endesa Brasil, Cemig e Copel.
Hoje com 38 anos, Assirati é formada em
direito e trabalhou em gestões municipais do PT em São Paulo. Foi para Brasília
em 2007 para integrar a mesa de negociações com servidores públicos do
Ministério do Planejamento. Desde então passou pelo Ministério da Saúde,
Justiça e Secretaria-Geral da Presidência, sempre em áreas ligadas à
interlocução com movimentos sociais.
Deixou a Funai em 1o de outubro de 2014,
nove dias depois de uma tensa reunião com lideranças Munduruku sobre a terra
indígena que pode ser alagada pela usina de São Luiz do Tapajós. Nesse
encontro, ela disse aos indígenas que não poderia encaminhar a demarcação
porque a hidrelétrica é prioridade de outros setores do governo. Hoje vive
em Portugal, onde faz um curso de doutorado em Direito, Justiça e Cidadania no
Século XXI.
Em
setembro, o Ministério de Minas e Energia anunciou o leilão de São Luiz do
Tapajós antes que a Funai pudesse dar seu parecer sobre a usina. Como
interpretou esse ato?
Como uma completa desconsideração da presença dos
indígenas na área de influência do empreendimento e dos seus respectivos
direitos, além de uma desconsideração com o trabalho do órgão indigenista.
A Funai fez um parecer técnico
apontando a usina como inconstitucional. Por que esse parecer ainda não
entrou como documentação do processo de licenciamento?
A Funai não chegou a emitir o parecer sobre a
licença previa de Tapajós, mas houve esse documento da equipe técnica. Assim
que concluído o Estudo de Impacto Ambiental (EIA), expusemos nossa posição
institucional, que corrobora esse parecer da equipe técnica. O EIA aponta que um
dos impactos é a supressão por alagamento de áreas dentro da terra indígena.
Como o alagamento foi identificado, o empreendimento dependeria de remoção da
comunidade indígena, o que é proibido pela Constituição Federal. No entanto, o
Ministério do Planejamento e o Ministério de Minas e Energia alegam que não há
terra indígena ali.
Por que o relatório de delimitação da Sawré Muybu,
a terra que seria alagada pela usina, nunca foi publicado pela Funai?
O processo foi levado à consideração do Ministério
da Justiça e Casa Civil, que, em virtude da usina, acreditam que a demarcação
tem que ser discutida mais profundamente e com outros órgãos de governo.
Em reunião com os munduruku, a senhora revelou que
a usina impedia a demarcação e disse que só permanecia no cargo porque
acreditava em uma solução para o caso. Mas, nove dias depois, deixou a
presidência da Funai. O que esse caso significou para a senhora? Foi o estopim
para a sua saída?
A solução que, do ponto de vista da Funai,
garante o respeito à legislação brasileira e os direitos indígenas daquele povo
[Munduruku] foi descartada pelo governo.
Essa reunião foi um momento muito duro para todos
nós: para os indígenas, para nós da Funai, e para mim, pessoalmente. Nós, como
Funai, havíamos assumido um compromisso com os Munduruku no sentido da
publicação do relatório [de delimitação da Sawré Muybu]. E nós tivemos que
descumprir esse compromisso em razão da prioridade que o governo deu ao
empreendimento.
Isso é grave. Uma situação como essa fragiliza a confiança que
deve pautar as relações com os indígenas. Eles já foram muito enganados, por
mais de 500 anos. Uma relação de confiança não se constrói só com palavras,
exige compromisso e coerência. Por isso procurei explicar a eles o que estava
acontecendo, dizer como estávamos buscando solucionar essas questões e quais
seriam os próximos passos. Mas a solução que, do ponto de vista da Funai,
garante o respeito à legislação brasileira e os direitos indígenas daquele povo
foi descartada pelo governo naquele momento. Espero que ela possa ser
reconsiderada nesse segundo governo Dilma.
Qual foi a solução apresentada pela Funai?
Solicitei que fossem apresentadas alternativas
locacionais para a barragem, que o setor elétrico indicasse outros locais
possíveis para a construção, onde a comunidade não fosse afetada dessa forma. A
aldeia é uma área de habitação permanente daquela comunidade munduruku. Além do
grave impacto que isso geraria aos indígenas, há também um entrave jurídico.
Adverti sempre que a remoção daquele local é uma situação que o nosso
ordenamento jurídico proíbe.
Como a proposta de mudar o lugar da barragem foi
recebida?
Não foi considerada como uma solução satisfatória
tendo em vista que, segundo o setor elétrico, havia necessidade de realizar o
leilão em 2014.
Quem são os representantes do governo federal que
defendem o projeto da usina mesmo com o alagamento de uma terra indígena?
É um projeto prioritário do PAC, essas prioridades
são definidas junto ao Palácio. Além do setor elétrico, há uma dedicação
especial do Ministério do Planejamento. Como é um projeto caro à própria
presidenta, vira um projeto prioritário para todo o centro de governo.
Como o governo federal pretende driblar a
Constituição?
Como presidenta da Funai quando no governo e como
ex-presidenta e cidadã hoje, eu não acho que a Constituição tem que ser
driblada. Acho que tem que ser respeitada, e o parágrafo 5º do artigo 231 diz:
“É vedada a remoção dos grupos indígenas de suas terras, salvo em caso de
catástrofe ou epidemia que ponha em risco sua população, ou no interesse da
soberania do País, garantido o retorno imediato logo que cesse o risco”. Essa
proibição foi expressamente colocada na Constituição para evitar que qualquer
interesse se sobreponha ao direito dos indígenas de viverem em suas terras e
impedir que fossem removidos sob quaisquer pretextos, como era permitido antes
de 88. Hoje uma remoção forçada é mais difícil, justamente porque há uma
proteção normativa.
Como o governo planeja viabilizar a usina apesar
desse impedimento constitucional?
O parágrafo 3º do artigo 231 diz que o
aproveitamento dos recursos hídricos em terras indígenas só pode ser efetivado
com “autorização do Congresso Nacional, ouvidas as comunidades afetadas,
ficando-lhes assegurada participação nos resultados”. Como não há lei
regulamentando isso, há quem ache fundamental a proposição de um projeto de lei
dizendo como se dará a exploração desses recursos dentro de terra indígena.
Eu acho que isso vai ser muito prejudicial nesse
contexto político em que está em curso a mais grave ofensiva aos povos
indígenas pós-democratização. Regulamentar nesse momento é afirmar que os
recursos naturais são mais importantes que os próprios indígenas. E pergunto:
os povos indígenas serão consultados sobre isso? Terão participação nesse
debate? Depois, mesmo que regulamentado esse parágrafo, a vedação do parágrafo
5º continuará existindo e, portanto, proibindo que os Munduruku sejam
removidos.
Está em curso a mais grave ofensiva aos povos
indígenas pós-democratização.
Essa tentativa de mudança é um caso isolado? Como
ela se assemelha ao PLP 227 (projeto que regulamenta situações em que
não-índios podem explorar terras indígenas)?
Tudo isso vem no bojo dessa ofensiva anti-indígena:
PEC 215 [pretendia transferir ao Legislativo a decisão final sobre a
demarcação], regulamentação de artigos da Constituição, mudanças no
procedimento de demarcação. Quando estava na Funai apresentamos uma nota
técnica manifestando nossa posição contrária a esse projeto e as razões. Esse
PLP cria situações que reduzem as possibilidades de demarcação de terras. Só
por isso já é impróprio.
Há ainda a portaria 303 da Advocacia Geral da União
(estende para todas as demarcações as condicionantes criadas em Raposa Serra do
Sol, como por exemplo proibir a extensão de terras já demarcadas). Qual o
contexto político em que essa norma foi aprovada?
Um dia cheguei para trabalhar e essa portaria
estava publicada no Diário Oficial. Não tive acesso a nenhuma informação prévia
à aprovação, pois sequer sabia que a AGU tomaria uma medida como essa. Não sei
se foi discutida com alguém ou com algum órgão de governo antes da publicação.
Ela afeta muito negativamente os direitos territoriais indígenas. Inclusive diz
que haveria revisão de processos de demarcação já concluídos. Isso é um absurdo
político e jurídico.
O governo Dilma foi o que menos demarcou terras
desde José Sarney. Como a senhora viveu isso na presidência da Funai?
Com grande descontentamento e constrangimento. Acho
esse número lastimável para um governo que se diz democrático e que teve um
importante apoio de setores populares.
Acho esse número [de demarcações] lastimável para
um governo que se diz democrático.
Caiu também o número de delimitações de terras
indígenas, processo que depende apenas da Funai. Há orientação para que o órgão
segure esses processos?
A orientação é no sentido de que nenhum processo de
demarcação em nenhum estágio, delimitação, declaração, ou homologação, tramite
sem a avaliação do Ministério da Justiça e da Casa Civil. Isso é, nada mais,
nesse momento, “depende apenas da Funai”.
O governo Dilma está operando um processo de
desconstrução da Funai?
O que sei é que a Funai está sendo desvalorizada e
sua autonomia totalmente desconsiderada. Ela precisa ser fortalecida, e ter o
mínimo de condições para sua sobrevivência e bom funcionamento. Não tem
recebido a atenção que merece do ponto de vista administrativo e político. Não
foi realizado ou sequer aprovado um concurso público, o orçamento é
insuficiente. Sob o aspecto político-institucional, esse apoio também não vem.
A Fundação segue com um dirigente interino enquanto ruralistas afirmam
publicamente que os processos da Funai são fraudulentos, o que é uma grande
calúnia, e não há defesa por parte de setores importantes do governo.
Em 2013, a então ministra-chefe da Casa Civil
Gleisi Hoffmann pediu a suspensão de demarcações com base em estudo da Embrapa.
Logo depois o governo anunciou que demarcações seriam submetidas a outros
órgãos. O que essa mudança significa?
A Funai já tem a prerrogativa de consultar outros
órgãos e já faz isso sempre que necessário. Isso não sou eu que digo, basta
olhar os processos: consulta-se o Incra, a Fundação Palmares, o ICMBio, o
Ibama, o Iphan. Mas não vejo como a imposição da obrigatoriedade de consultar
outros órgãos, como o Ministério da Agricultura, a Embrapa e o Planejamento
pode contribuir para concluir um estudo de identificação de terra indígena. Que
elementos técnicos imprescindíveis esses órgãos podem produzir acerca da
identificação de um território tradicional ou de sua delimitação? Sua
participação, em meu entender, seria de ordem política, com vistas à defesa de
interesses que estão fora do âmbito dos direitos constitucionalmente garantidos
aos povos indígenas.
Ou o governo olha com respeito para a Funai e para a
importância de sua missão, ou deixará claro que não se importa nem se
responsabiliza pelo futuro dos povos indígenas no Brasil.
Como a Constituição mudou os processos de
demarcação?
Antes das atuais garantias constitucionais, a Funai
fazia o estudo de identificação com base em elementos técnicos, apresentava uma
delimitação e esse trabalho era submetido a uma apreciação de um colegiado, que
ficou conhecido como “grupão”. Em Brasília, o “grupão” definia, segundo
critérios políticos, qual seria o limite da terra indígena. Mas, com os
parâmetros estabelecidos a partir de 88, isso é impensável.
Como é hoje?
A partir da Constituição de 88 e da atual
legislação, os processos se aperfeiçoaram e se sofisticaram. As esquipes se
especializam continuamente, há profissionais competentes nessa área. Claro que
se pode colocar em análise algum aspecto jurídico, para isso há análise pela
AGU e Ministério da Justiça. A legislação também prevê um prazo para que
qualquer interessado conteste, apresente novos elementos e questione aspectos
técnicos e jurídicos. Ao fim, quem decide sobre a declaração da área como terra
indígena é o Ministro da Justiça. Caso precise de novos elementos, ele ainda
pode solicitar a realização de diligências. E, depois disso tudo, ainda há uma
análise da Casa Civil. Portanto, a legislação atual já traz instrumentos
suficientes para a efetivação segura de um processo de demarcação.
Qual será o impacto dessa série de mudanças
propostas pelo governo?
Uma efetiva política indigenista pública precisa de
um órgão plenamente capaz de coordená-la e implementá-la. Hoje, a ação
indigenista ainda não faz parte da preocupação e atuação de um grande número de
órgãos públicos, federais, estaduais e municipais. Isso significa que, em
certos casos, se a ação da Funai não chegar aos indígenas, nenhuma outra ação
pública vai chegar a eles. Por isso, o desempenho da Funai é fundamental para a
sobrevivência de muitos indígenas. Um funcionamento inadequado pode significar
perdas irreparáveis. A desconsideração de comunidades indígenas por parte do
Estado pode permitir ou acarretar a perda de vidas indígenas, ou até o
desaparecimento de todo um povo indígena, o que equivale a um genocídio.
A Secretaria-Geral da Presidência coordena o
processo de consulta aos Munduruku sobre as usinas no rio Tapajós. As demandas
dos indígenas estão sendo ouvidas?
Não dá para fazer consulta como se ela fosse mera
etapa burocrática ou obrigação processual apenas. O que está em questão são
vidas que serão modificadas para sempre em função dessa intervenção [usinas].
Não dá para encarar como se os indígenas fossem um empecilho ou um fator de
atraso no cronograma de um empreendimento. A intervenção é que interrompe,
dificulta ou impede as práticas das comunidades indígenas. A demanda dos
munduruku é, primeiro, entender o que se passa. Querem um diálogo respeitoso,
esclarecedor e num tempo que permita verdadeiramente isso. Os momentos de
diálogo que ocorreram durante o período em que eu estive na Funai não foram
suficientes para esclarecer as questões que o povo munduruku tem sobre o
assunto.
O governo trata a consulta como “mera etapa
burocrática”?
A meu ver, parte do governo, em especial a parte
que considera apenas a importância de empreendimentos de infraestrutura, trata
assim. Mas há uma parte que não trata. A Ministra Tereza Campello fez questão
que o Ministério de Desenvolvimento Social realizasse uma consulta prévia à
realização de uma pesquisa em comunidades indígenas.
Em entrevista ao El
País, a procuradora Thais Santi denunciou o não cumprimento das condicionantes
em Belo Monte, o que provocou impactos profundos e irreversíveis entre os
indígenas. Por que a Funai não exigiu que a Norte Energia cumprisse o plano?
A Funai cobrou inúmeras vezes o cumprimento das
condicionantes. Eu mesma assinei muitos documentos nesse sentido. Mas exigir é
uma medida que está bastante distante das possibilidades da Funai. Lembrando,
inclusive, que o órgão licenciador é o Ibama, que também já recebeu muitos
ofícios da Funai nesse sentido.
A procuradora descreve os impactos de Belo Monte
como etnocídio e aponta a senhora, quando presidente da Funai, como uma das
responsáveis. Como responde a essa acusação?
Reconheço e respeito a importância do trabalho do
Ministério Publico. Mas estar na posição de presidente da Funai é bem
diferente, bem mais difícil. Primeiro porque não compete à Funai conceder,
negar ou suspender licenças de empreendimentos. Isso é competência do Ibama. Se
o Ibama não considera o descumprimento de certas condicionantes apontadas pela
Funai (e pelo MPF) como razão para rediscutir a licença de um empreendimento,
não é a Funai quem vai reverter administrativamente essa situação. O que
compete à Funai é cobrar do empreendedor e do Ibama. E isso nós fizemos sempre,
inclusive em Belo Monte. Mas, se nem o próprio judiciário solucionou a questão
nos mais de dez processos judiciais a que esse empreendimento foi submetido,
parece que nada é tão simples como na compreensão da Dra. Thais. Não se resolve
apenas a partir de aspectos administrativos e jurídicos.
A Funai ainda é capaz de desempenhar seu papel de
defesa dos direitos indígenas no Brasil?
A Funai é, sem dúvida, a instituição pública
comprometida com a defesa dos direitos indígenas no Brasil. Essa é a sua missão
institucional, mas tem sido cada vez mais difícil desempenhar esse papel com a
qualidade e especificidade que os povos indígenas demandam e merecem. A
Funai precisa ser fortalecida. O movimento indígena e outros segmentos da
sociedade civil têm tido um papel importante, é fundamental que continue a
mobilização social em favor dos direitos indígenas. Mas não dá para
desconsiderar que garantir a sobrevivência física e cultural dos povos
indígenas no Brasil é uma obrigação inequívoca do Estado. Ou o governo olha com
respeito para a Funai e para a importância de sua missão, ou deixará claro que
não se importa nem se responsabiliza pelo futuro dos povos indígenas no
Brasil.