sexta-feira, 17 de outubro de 2014

Comida desperdiçada na América Latina e Caribe alimentaria 300 milhões de pessoas, diz FAO.
Um grupo de especialistas de 13 países se encontraram na sede da agência da ONU no Chile para abordar maneiras de usar as sobras e perdas de alimento para erradicar a fome na região
Araci Andrade, de 70 anos, aprendeu a fazer sopa de cebola com os produtos jogados nas caçambas de lixo. Foto: Milton Jung/Flickr (Creative Commons).

O desperdício de comida na América Latina e o Caribe serviria para alimentar 300 milhões de pessoas, mais que toda a população que sofre de fome na África.

Para tratar esse tema, um grupo de especialistas de 13 países se reuniram na sede da Organização da ONU para a Alimentação e a Agricultura (FAO) no Chile entre os dias 8 e 10 de outubro para dimensionar o alcance do problema na região e revisar as formas que os governos estão abordando esta questão.

A consulta servirá como um guia de boas práticas regional e um marco de referência para que os países da região possam avançar para erradicar a fome através de programas de zero desperdício e perda de alimentos.

O documento final também servirá como peça-chave para as contribuições que a FAO fará ao Plano de Erradicação da Fome e Pobreza da Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (CELAC).

37 milhões não têm acesso à alimentação suficiente

“A fome na nossa região afeta 37 milhões de pessoas e por ano perdemos uma quantidade suficiente de alimentos para satisfazer oito vezes as necessidades dessas pessoas. Reduzir e erradicar as sobras nos permitirá dar um passo fundamental na luta contra a fome em toda a região”, disse a vice-representante regional da FAO, Eve Crowley.

O exemplo mexicano foi ressaltado graças aos esforços do governo através da Cruzada Nacional Sem Fome para fornecer uma resposta rápida para 7 milhões de mexicanos que vivem insegurança alimentar.

Para isso, o país desenvolveu indicadores para medir a quantidade de alimentos desperdiçados, constatando que em média 37% dos alimentos termina nas latas de lixo – incluindo 54% de peixes e sardinha, 57% do leite, 40% de carne de porco e 57% de abacate, muito usado na comida mexicana. 

Os números demonstram que, com tudo o que se perde e é jogado fora, o país poderia acabar com a fome entre seus cidadãos.

Para reverter esse quadro, o governo implementou bancos de alimentos e medidas para melhorar o armazenamento, transporte, manipulação e conservação dos produtos alimentícios, bem como mecanismos de aproveitamento de alimentos descartados que ainda podem ser aproveitados para a alimentação.

Bancos de alimentos existentes em vários países da América Latina e o Caribe também ganharam destaque. Segundo o representante da Rede Global de Banco de Alimento, Alfredo Kasdorf, a região exerce uma liderança neste tipo de atividade ao contar com 220 bancos em 15 nações que só no ano passado resgataram e distribuíram 190 milhões de quilos de comida para mais de 12,7 mil organizações.

“Ao ser uma região que produz tantos alimentos, o potencial de recuperação é alto”, afirmou Kasdorf.


Fonte: ONU Brasil

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