Comida desperdiçada na América
Latina e Caribe alimentaria 300 milhões de pessoas, diz FAO.
Um grupo de especialistas de 13 países se
encontraram na sede da agência da ONU no Chile para abordar maneiras de usar as
sobras e perdas de alimento para erradicar a fome na região
Araci Andrade, de 70 anos, aprendeu a fazer sopa de
cebola com os produtos jogados nas caçambas de lixo. Foto: Milton Jung/Flickr
(Creative Commons).
O desperdício de comida na América Latina e o Caribe serviria
para alimentar 300 milhões de pessoas, mais que toda a população que sofre de
fome na África.
Para tratar
esse tema, um grupo de especialistas de 13 países se reuniram na sede da
Organização da ONU para a Alimentação e a Agricultura (FAO) no Chile entre os dias
8 e 10 de outubro para dimensionar o alcance do problema na região e revisar as
formas que os governos estão abordando esta questão.
A consulta
servirá como um guia de boas práticas regional e um marco de referência para
que os países da região possam avançar para erradicar a fome através de
programas de zero desperdício e perda de alimentos.
O documento final também servirá como peça-chave
para as contribuições que a FAO fará ao Plano de Erradicação da Fome e
Pobreza da Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (CELAC).
37 milhões não têm acesso à alimentação suficiente
“A fome na nossa região afeta 37 milhões de pessoas
e por ano perdemos uma quantidade suficiente de alimentos para satisfazer
oito vezes as necessidades dessas pessoas. Reduzir e erradicar as sobras nos
permitirá dar um passo fundamental na luta contra a fome em toda a região”,
disse a vice-representante regional da FAO, Eve Crowley.
O exemplo mexicano foi ressaltado graças aos
esforços do governo através da Cruzada Nacional Sem Fome para fornecer uma
resposta rápida para 7 milhões de mexicanos que vivem insegurança alimentar.
Para isso, o país desenvolveu indicadores para
medir a quantidade de alimentos desperdiçados, constatando que em média 37% dos
alimentos termina nas latas de lixo – incluindo 54% de peixes e sardinha, 57%
do leite, 40% de carne de porco e 57% de abacate, muito usado na comida
mexicana.
Os números demonstram que, com tudo o que se perde e é jogado fora, o
país poderia acabar com a fome entre seus cidadãos.
Para reverter esse quadro, o governo implementou
bancos de alimentos e medidas para melhorar o armazenamento, transporte,
manipulação e conservação dos produtos alimentícios, bem como mecanismos de
aproveitamento de alimentos descartados que ainda podem ser aproveitados para a
alimentação.
Bancos de alimentos existentes em vários países da
América Latina e o Caribe também ganharam destaque. Segundo o representante da
Rede Global de Banco de Alimento, Alfredo Kasdorf, a região exerce uma
liderança neste tipo de atividade ao contar com 220 bancos em 15 nações que só
no ano passado resgataram e distribuíram 190 milhões de quilos de comida para
mais de 12,7 mil organizações.
“Ao ser uma região que produz tantos alimentos, o
potencial de recuperação é alto”, afirmou Kasdorf.
Fonte: ONU
Brasil
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