Nova geração de etanol, produzido
através dos resíduos vegetais, ganha força no mundo.
Uma nova era de biocombustíveis começa a se fortalecer
no mundo. A última geração de etanol, produzido através dos resíduos vegetais,
já é fabricada em uma dezena de usinas na Itália, na Dinamarca ou no Brasil e é
um passo importante para reduzir a dependência dos combustíveis fósseis, como o
petróleo.
No início de setembro, foi aberta a primeira
usina deste tipo nos Estados Unidos, na cidade de Emmetsburg. A presença do
presidente Barack Obama na ocasião indica a determinação dos norte-americanos
em investir no setor, que em 10 anos quintuplicou a produção de etanol. A
segunda planta de última geração do país deve ser inaugurada até 2015.
Há muitos anos, os pesquisadores tentavam
desenvolver um modelo economicamente viável para transformar em combustível
folhas, cabos e até cascas das matérias-primas. O resultado ainda é uma
incógnita, mas o desenvolvimento tecnológico permitiu dar uma nova chance aos
biocombustíveis.
“Para produzir uma substância que fermente e
produza álcool a partir de celulose, é preciso quebrá-la em açúcares. Fazer
essa hidrólise não é simples, além de ser custoso”, explica o professor da
Unifei Luiz Augusto Horta Nogueira. “Hoje em dia, se desenvolveram processos
enzimáticos e se caminha para ser lucrativo. Nós estamos no início da
implementação de uma tecnologia.”
O Brasil foi um dos pioneiros na produção de
etanol, fabricado da cana de açúcar. Duas usinas de última geração já estão em
operação e uma terceira deve abrir em breve. “Isso é uma nova era para o setor
industrial e abre espaço para a utilização de uma diversidade maior de
matérias-primas. Quem não tem cana usa outra matéria-prima”, afirma José Dílson
Rocha, pesquisador da Embrapa Energia. “A Espanha usa palha de trigo, e a
França pode aproveitar os resíduos da produção vinícola, por exemplo. O etanol
é um produto comercial e ele é igual, seja qual for a fonte.”
Produção de energia
No Brasil, o bagaço da cana já é usado há muito
tempo para produzir eletricidade e é a segunda maior fonte energética do país,
depois das hidrelétricas. Mas o chamado etanol de celulose ainda precisa de
incentivos, embora receba vantagens no mercado internacional, em recompensa à
iniciativa mais ecológica.
“A planta da Granbio, em Alagoas, vai produzir um
etanol que consegue um prêmio no mercado internacional por ser feito de
resíduos. Mas o balanço econômico ainda vai ter que fechar”, observa Rocha.
“Essas usinas vão decolar se realmente conseguirem entregar um produto viável
economicamente.”
Nogueira destaca que esse tipo de etanol é uma
das melhores alternativas para superar os combustíveis fosseis. “É um futuro
verde e brilhante. É muito inteligente começarmos a utilizar os subprodutos
vegetais de uma forma mais completa”, comenta.
Equívocos
O pesquisador lamenta, no entanto, que o setor de
biocombustíveis tenha perdido força no país nos últimos anos. Sessenta das 450
usinas foram fechadas. “Uma política muito equivocada e nefasta, orientada pelo
fato de termos grandes reservas de petróleo, resultou em uma retração muito
grande da produção de etanol no Brasil. É uma pena. Ainda não entenderam que
energia renovável é uma opção permanente”, ressalta Nogueira.
Segundo especialistas, a produção de etanol de
celulose emite 87% a menos de gases de efeito estufa que a gasolina.
Fonte: RFI
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