Apenas 3% das grandes empresas
divulgam números essenciais da sustentabilidade.
por
Regina Schar, para a Página 22
Foto: http://dtcom.com.br/
Pesquisa internacional feita com as 4.609 maiores
empresas de capital aberto indicou que apenas 128, ou 3% do total, divulgam
sete dos principais indicadores essenciais de sustentabilidade: consumo de
energia, emissão de gases-estufa, consumo de água,produção de resíduos,
rotatividade dos funcionários, taxa de acidentes e política de salários.
O estudo “Measuring Sustainability Disclosure:
Ranking the World’s Stock Exchanges” é a terceira edição de uma
iniciativa anual da consultoria de investimentos canadense Corporate Knights
Capital. Sua meta: verificar se as bolsas estão estimulando as empresas de
capital aberto a divulgar dados essenciais de responsabilidade social
corporativa. Foram analisadas as informações publicadas em relatórios de
sustentabilidade e relatórios integrados de empresas com valor de mercado
superior a US$ 2 bilhões.
Algumas das principais conclusões:
- A
despeito do crescimento de importância da questão climática, apenas 39%
das empresas divulgam o volume de gases-estufa que emitem.
- Apenas
25% indicam seu consumo de água.
- E
12% informam a rotatividade da sua força de trabalho (um indicador
importante de satisfação profissional e respeito aos direitos
trabalhistas).
- O
estudo também aponta alguns avanços: o número de empresas que divulga seus
indicadores socioambientais tem crescido continuamente, mas o ritmo de
crescimento começou a arrefecer. A porcentagem de grandes empresas abertas
que divulgam dados de consumo de energia, por exemplo, cresceu 88% entre
2008 e 2012, mas apenas 5% entre 2011 e 2012. Essa tendência foi observada
para vários outros indicadores.
- A Bolsa de Valores de Helsinque, capital da Finlândia, teve o melhor desempenho dentre as 46 bolsas analisadas quanto ao volume de informação divulgado pelas empresas que negocia. Ela é seguida pelas bolsas de Amsterdã e Johannesburgo. As bolsas de Lima, do Kuwait, do Catar, da Polônia e da Arábia Saudita e tiveram os piores desempenhos.
- A BM&FBovespa, que ocupava um honroso 9 o lugar no ranking da primeira edição do estudo, de 2012, caiu para a 21 a posição no ano passado e agora desceu mais alguns degraus, ocupando a 24 a posição. Detalhe: a posição da bolsa brasileira no ranking é melhor do que a das duas bolsas americanas (New York Stock Exchange e Nasdaq), da Rússia, e da Índia.
Paul Druckman, diretor do International Integrated
Reporting Council (IIRC), entidade que promove a publicação de relatórios
integrados (ou seja, que reúnem tanto os indicadores financeiros quanto de
sustentabilidade) comentou no diário britânico The Guardian: “Sabemos que
a publicação de relatórios influencia o comportamento; assim, mudanças nos
relatórios corporativos deveriam encorajar um comportamento com foco na criação
de valor de longo prazo de modo a alcançar uma estabilidade financeira e
sustentabilidade”.
Para quem acompanha esse tema, vale também conferir
um estudo que a Report Sustentabilidade publicará nos próximos dias. A empresa,
uma das principais consultorias especializadas na produção de relatórios no
Brasil, analisou mais de 100 relatórios integrados publicados no ano passado em
25 países. “Como esse ainda é um conhecimento emergente, as empresas em todo o
mundo testam diferentes abordagens. Encontramos algumas soluções inovadoras,
que podem servir de inspiração para quem tem interesse em aprofundar o seu
entendimento”, afirma Álvaro Almeida, diretor de Planejamento da Report, no website da empresa. Dados preliminares podem ser
lidos aqui.
Fonte: Página 22
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