ODS
permitirão reduzir brecha de gênero.
O objetivo 5 dos ODS chama os governos a
conseguirem a igualdade de gênero e o empoderamento das mulheres e das meninas.
Foto: IPS
Por Paloma Duran*
Nações Unidas, 20/10/2015 – A igualdade de gênero,
arraigada nos direitos humanos, é cada vez mais reconhecida como um objetivo de
desenvolvimento em si mesmo e como meio para acelerar de forma transversal o
desenvolvimento sustentável. Mas restam muitos desafios pela frente, apesar de
seu raio de ação ter se expandido de forma exponencial nos últimos anos, por
meio de programas dirigidos a mulheres e meninas e mediante uma maior
expectativa de gênero nas atividades de desenvolvimento.
As mulheres também suportam um acesso desigual aos
recursos econômicos e ambientais. Também costumam enfrentar numerosas barreiras
vinculadas a uma clara discriminação, bem como receber baixos salários ou
realizar trabalhos não remunerados, além de serem suscetíveis à violência
machista.
Apesar dos significativos progressos obtidos pela
população feminina, o fato é que, a menos que possam gozar plenamente de seus
direitos, não haverá avanço em matéria de desenvolvimento humano. Este ano é
crucial para impulsionar a igualdade e, se a nova agenda de desenvolvimento
para 2030 for transformadora, as mulheres terão que estar à frente e no centro
da mesma.
Um dos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável
(ODS) é específico sobre a igualdade de gênero e o empoderamento das mulheres.
Todos estão intrinsecamente interligados e são interdependentes, e com sorte se
prestará atenção às questões de gênero e elas serão incorporadas ao desafio das
metas. O objetivo 5 chama os governos a conseguirem, mais do que promover, a
igualdade de gênero e o empoderamento das mulheres e das meninas.
As metas propostas incluem acabar com a violência,
eliminar práticas prejudiciais, reconhecer o valor dos cuidados não
remunerados, garantir a total participação das mulheres, bem como a igualdade
de oportunidades, na tomada de decisões, e realizar reformas que garantam à
população feminina um acesso equitativo aos recursos econômicos.
A nova agenda para 2030 possui uma ideia universal
com a esperança de “não deixar ninguém pelo caminho”, mas, para concretizar
isso, é preciso manter a pressão sobre os governos para que estes honrem seus
compromissos.
O Fundo para os Objetivos de Desenvolvimento
Sustentável (SDGF) tem como eixo a igualdade de gênero e o empoderamento
feminino em seus esforços para acelerar o avanço das metas. Mediante o
empoderamento direto das mulheres e uma perspectiva de gênero nas ações de
desenvolvimento, podemos construir um futuro mais igualitário e sustentável
para todos.
Seguindo os compromissos assumidos em 1995 na
Conferência das Nações Unidas sobre a Mulher, realizada em Pequim, o SDGF
adotou uma estratégia dupla para promover a igualdade de gênero e integrá-la a
programas com esse objetivo, e ao mesmo tempo incorporar uma perspectiva de
gênero como prioridade transversal.
A incorporação de uma perspectiva de gênero implica
transformar a agenda política existente e integrá-la em todos os programas e
todas as políticas. Não há uma receita para criar programas que resolvam a
desigualdade de gênero. Um assunto multidimensional como este está
profundamente arraigado em estruturas econômicas e culturais da sociedade e requer
enfoques integrais.
Além disso, é necessário explorar o tema no
contexto específico de cada país para melhorar com eficácia a qualidade de vida
das mulheres e meninas em todas as partes.
O setor privado, junto com ONGs e governos, é um
ator importante para atender as causas variáveis da desigualdade de gênero. Em
outras palavras, conseguir a igualdade e o empoderamento feminino é um desafio
que exige a intervenção sinérgica de diversos atores. Por exemplo, o Fundo
trabalha em Bangladesh, onde há mulheres empregadas no extremo inferior da
produtividade.
Criar empregos e oportunidades de trabalho para as
mulheres, bem como melhorar seu acesso à proteção social, contribuirá para
reduzir as disparidades, que se exacerbam por sua pobreza e sua situação de vulnerabilidade.
O programa do SDGF, Fortalecimento da Capacidade
das Mulheres para Aproveitar Novas Oportunidades Produtivas, encabeçado pelo
Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud), junto com a
Organização Internacional do Trabalho (OIT), governos e o setor privado,
procura assistir cerca de 2.600 mulheres nos lares mais pobres.
Dentro de um programa-piloto, mulheres são
capacitadas para manter ou reabilitar valores comunitários, trabalho público e
atividades de serviço comunitário. Além disso, o programa se dirige a cerca de
2.600 mulheres no distrito de Kurigram, com maior incidência da pobreza em
Bangladesh.
Em especial, procura-se atender aquelas que estão
sozinhas porque estão divorciadas, foram abandonadas por seus maridos ou
ficaram viúvas e/ou têm um status econômico inferior. O resultado será
replicado em outras 1.900 mulheres no distrito de Satkhira, e o governo já se
comprometeu a estendê-lo a outros 20 distritos.
O programa de 18 meses procura:
– ajudar as principais beneficiárias a sair da
pobreza,
– apoiar o capital humano com atividades para
impulsionar o conhecimento, as capacidades e a confiança,
– melhorar a inclusão econômica com capacidades
vocacionais vinculadas a empregos viáveis,
– proporcionar opções de trabalho resilientes à
mudança climática,
– fomentar a poupança ou entregá-la como bônus de
graduação,
– facilitar as relações com pequenas e médias
empresas e associações público-privadas para contratar as participantes ao fim
do programa,
– integrar a proteção social, a redução do risco de
desastre e a adaptação à mudança climática,
– melhorar a boa governança local e desenvolver a
capacidade das instituições estatais locais.
A igualdade de gênero costuma ser considerada
fundamental para terminar o que não foi realizado com os Objetivos de
Desenvolvimento do Milênio (ODM) e acelerar o desenvolvimento global para
depois de 2015.
São muitas as evidências que provam que reduzir a
brecha de gênero acelera o avanço de outros objetivos. Pobreza, educação,
saúde, emprego, segurança alimentar, ambiente e energia sustentável não serão
alcançados sem atender a desigualdade de gênero.
São necessárias medidas urgentes para empoderar as
mulheres e as meninas, assegurar que tenham as mesmas oportunidades para se
beneficiarem do desenvolvimento e eliminar as barreiras que as impedem de
participar plenamente em todas as esferas da sociedade.
Em palavras da diretora da ONU Mulheres, Phumzile
Mlambo-Ngcuka – “a igualdade para as mulheres: progresso para todos” –, que
façamos juntos esta viagem.
* Paloma Duran é diretora do Fundo para os
Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS).
Fonte: ENVOLVERDE
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