Desmatamento
pode estar na mesa do brasileiro.
Para marcar o lançamento da campanha “Carne ao
molho madeira”, que mostra como os supermercados estão ajudando a devastar a
Amazônia, o Greenpeace realizou uma ação em uma loja do Pão de Açúcar. A ação
busca conscientizar os consumidores sobre a relação entre o desmatamento, a
pecuária e a carne que chega à sua mesa. Foto: © Zé Gabriel/Greenpeace.
As sete maiores redes varejistas do Brasil tiveram
suas políticas de compra de carne bovina analisadas e todas ficaram longe de
garantir segurança contra carne contaminada com desmatamento, trabalho escravo
e violência no campo.
Você sabe de onde vem a carne que você come?
E se você descobrisse que a picanha do churrasco de domingo foi produzida às
custas do desmatamento, alimentando uma cadeia criminosa de grilagem de terra e
um ciclo de violência, desrespeito e destruição na Amazônia? Pois não é nada
fácil saber. Hoje, os principais supermercados do Brasil não garantem para seus
clientes que a carne vendida nas gôndolas respeita o meio ambiente e os
direitos humanos.
É hora de mudar isso. O supermercado que vende a
carne tem o poder de quebrar essa corrente. Cada um de nós, juntos, pode
pressionar os supermercados para liderar essa mudança e trazer a proteção das
matas para o centro de suas políticas de compra de carne bovina. O primeiro
passo está sendo dado agora: o Greenpeace lança hoje (18) o relatório “Carne ao Molho Madeira – Como os
supermercados estão ajudando a devastar a Amazônia com a carne que está em suas
prateleiras”.
A partir do levantamento de informações de sete
redes de supermercados – que juntas representam cerca de dois terços de todas
as vendas de varejo em território nacional – o relatório mapeia como as maiores
redes varejistas do Brasil vêm lidando com o problema. O resultado é
assustador: dentro do ranking que resume a avaliação das empresas, nenhuma
delas atinge o patamar “verde”, que corresponde a um percentual de 70% a 100%.
“Ou seja, a avaliação revela que nenhum supermercado consegue, hoje, garantir
que 100% da carne que comercializa é livre de crimes socioambientais”, resume
Adriana Charoux, da Campanha Amazônia do Greenpeace.
Dentre todos os analisados, o Walmart foi quem saiu
na frente, com 62% dos requisitos considerados fundamentais. Atrás dele, o
Carrefour atingiu 23%, enquanto o Grupo Pão de Açúcar (GPA), maior empresa do
setor, apenas 15%. Na lanterna, o Cencosud alcançou meros 3%. Outros
supermercados falharam vergonhosamente: o Grupo Pereira-Comper, o Grupo DB (que
têm forte presença em várias cidades da Amazônia) eo Yamada (que preside
atualmente a Associação Brasileira de Supermercados – ABRAS) não forneceram
qualquer informação a respeito de suas políticas para evitar a ligação entre o
desmatamento e os produtos que comercializam. Veja o relatório completo aqui.
Terras da Floresta Nacional de Jamanxim, próximas à BR-163 são queimadas
ilegalmente para abrir espaço para a criação de gado. Foto: © Rodrigo
Baleia/Greenpeace.
Atualmente existem mais bois do que seres humanos
no país: são mais de 212 milhões de cabeças de gado Brasil adentro – só na
Amazônia o rebanho é de aproximadamente 80 milhões de animais.
Juntas, as
quatro maiores redes de supermercados do Brasil (GPA, Carrefour, Walmart e
Cencosud) representam mais de 50% do mercado.
O relatório se propôs a avaliar três aspectos
principais da política de compra de carne bovina destas gigantes do setor: a
existência e o alcance destas políticas, os critérios dessas políticas e quanto
os supermercados são transparentes em relação ao tema junto a seus
consumidores.
Nas últimas décadas, mais de 750 mil quilômetros
quadrados da floresta amazônica brasileira foram destruídos. Aproximadamente
60% desta área virou pasto para gado. A falta de indicadores positivos é,
portanto, especialmente grave diante da presença histórica do gado como o principal vetor de
desmatamento da Amazônia.
Quando toda a sociedade brasileira se mobiliza
pelo Desmatamento Zero e o Brasil busca atingir suas metas de
redução de emissão de gases de efeito estufa, é chegada a hora das grandes
redes varejistas assumirem a responsabilidade de fornecer um produto que não
contribua com o desmatamento. Elas precisam dizer não à carne contaminada com o
desmatamento.
“Os brasileiros têm o direito de saber se sua
próxima refeição está contribuindo com a destruição da Amazônia ou com a
violação de direitos humanos. Mais do que nunca, está nas mãos dos
supermercados decidir se querem fazer parte da solução ou do problema”, desafia
Adriana Charoux.
Aos consumidores, cabe o desafio de repensar seu
consumo, seja em quantidade ou em procedência.
Além de ajudar a diminuir a
pressão sobre a floresta, a redução no consumo de carne vermelha também é
benéfico para a saúde e para o melhor aproveitamento de recursos naturais.
Precisamos garantir que nossa alimentação e hábitos de consumo não contribuam
para a destruição da maior floresta tropical do planeta. Os supermercados têm
que se mover.
Fointe: Greenpeace Brasil
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