Almanaque
de empreendedorismo social incentiva crianças a tomarem decisões.
A cartilha AgitAção social busca empoderar
crianças para que elas busquem soluções para problemas de seu entorno.
Por Maria Victória Oliveira, do Porvir
Para empoderar crianças a transformar a sociedade
Daniele Miranda e Tiago Amorim buscam tirar do papel o projeto AgitAção
Social. Ela, formada em educação física, e ele, em administração, se dizem
apaixonados pelo empreendedorismo social. No projeto que busca financiamento no
site Benfeitoria, eles explicam que a intenção não é ensinar crianças de 7 a 11
anos a abrir empresa ou criar plano de negócios, mas sim estimulá-las a
identificar problemas e buscar soluções desde cedo.
Segundo Daniele, é importante que o assunto seja
apresentado as crianças o quanto antes como forma de estímulo ao
questionamento. “Trata-se de questionar, mobilizar e ter autonomia. Se a
criança identificar problemas, ela pode mobilizar os amigos a fim de
encontrarem soluções para aquilo que ela não acha certo”. Tiago completa “nós
vemos o empreendedorismo social como uma causa, e o que a gente quer dessa
causa é transformar realidades”.
O Almanaque
A cartilha em formato A4 começa com uma breve
apresentação dos personagens Jiji (a jiboia), Mimo (o macaco), Pati (a porca) e
Joca (o jacaré) falando sobre o que gostam de fazer e quais esportes gostam de
praticar. Daniele e Tiago dizem que o uso de animais é proposital, e teve como
objetivo estabelecer identificação mais efetiva com as crianças e criar um elo
com a fauna brasileira. “Eu sou muito fã de quadrinhos. E, estudando sobre o
tema, pode-se perceber que quanto mais caricato for o desenho, mais fácil é a
identificação com o personagem. Se você usa um desenho muito realista, tipo uma
menina loira e magra, as crianças diferentes daquele padrão não vão estabelecer
tanta ligação”.
Depois da introdução, as crianças são
apresentadas a uma história em quadrinhos na qual os personagens envolvem-se em
uma situação problema na escola: o pátio do recreio com lixo espalhado pelo
chão. A turma começa a se mobilizar, mas a história para na metade,
incentivando as crianças a participarem da tomada de decisões durante as
atividades. “A criança sai do papel de espectadora e começa a se envolver nas
atividades junto com os personagens”, ressalta Daniele.
O Almanaque AgitAção Social é baseado em três
princípios: a identificação do problema, a busca por soluções e a prática do
que foi pensado para solucionar as questões. Para Tiago, “o empreendedorismo
social ressalta a importância das pessoas conseguirem transformar aquele
problema que incomoda todos os dias em um negócio e algo que seja sustentável,
principalmente para trazer o bem para a comunidade”. Na publicação, as
atividades aparecem sempre depois de uma página de conteúdo. “Na primeira
parte, nós explicamos de forma simplificada o que é um problema: algo que não
acontece como deveria. A Pati foi na casa do Joca, mas no caminho choveu e ela
se molhou. Ela não deveria ter se molhado. Isso é um problema”, exemplifica
Tiago.
A temática do lixo
Segundo Daniele, a temática do lixo foi escolhida
para ilustrar a primeira edição por conta de um projeto anterior, chamado
Ulinha. Trata-se de uma cartilha, também destinada a crianças, que fala dos
direitos dos animais e propõe uma releitura do jogo de pescaria de festa
junina. “Os animais não são pescados, mas são considerados sujeitos do meio
ambiente. Então, desenvolvemos o pesca lixo: é uma atividade igual a pescaria,
só que ao invés da criança pescar o peixe, ela pesca o lixo”.
Daniela afirma que o financiamento coletivo que
busca R$ 15 mil tem como missão abrir espaço a novos temas. “Quando a gente
começou a fazer o Almanaque, nós pensamos em utilizar um tema base, mas que
deixasse em aberto pra que a criança extrapolasse isso e tivesse a chance de
criar soluções para outros problemas também”.
Almanaque nas escolas
Segundo Tiago, depois da etapa do financiamento
coletivo, a intenção é aplicar o Almanaque em colégios e treinar interessados
para que apliquem com outras crianças. “O material é simples. A criança pode
fazer sozinha. Mas a partir das atividades propostas, é possível desenvolver
inúmeras dinâmicas de grupo, por exemplo”.
Aos interessados, a campanha de financiamento
coletivo do AgitAção Social vai até o dia 30 de novembro, nesse link.
Fonte: Porvir
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