quarta-feira, 25 de novembro de 2015

Biodigestor criado em Manaus substitui botijão de gás em comunidades tradicionais
Projeto de construção de 25 exemplares do equipamento inicia em março; comunidades de Novo Airão e Manacapuru utilizarão os equipamentos.
Protótipo criado por estudantes da Ufam levou cerca de um ano para ficar pronto. Foto: Johnson Moura/Cedida

MANAUS - Um biodigestor que utiliza biomassa proveniente de cascas de frutas amazônicas e dejetos de animais para produção de gás utilizável na cozinha. Essa é a criação do professor do departamento de Engenharia Química da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), Johnson Pontes de Moura, desenvolvido em conjunto com seus alunos em Manaus.

De acordo com o professor, as premissas deste projeto são a inclusão social e o desenvolvimento sustentável. "Nós não devemos apenas ficar dependentes da matriz energética da indústria petroquímica e da hidroelétrica, porque nós sabemos que são limitadas. Nós devemos incorporar novas formas de energia", alertou.

"Como forma de aproveitar as biomassas, os caroços de açaí, a casca de banana, cupuaçu e castanha do Amazonas, os alunos aproveitaram o que seria resíduo na natureza e estudaram o potencial calorífico, ou seja, o potencial energético dessas biomassas misturadas com fezes de animais, de galinha e porco, da região ribeirinha de Novo Airão", explicou o professor ao Portal Amazônia

Segundo Moura, com a substituição do botijão de gás liquefeito de petróleo pelo gás produzido pelas biomassas é possível melhorar a economia das famílias ribeirinhas. "Elas utilizam o que iriam jogar fora, geram valor ao que seria inutilizado. Imagine o quanto uma família consegue economizar assim", pontuou.

Prêmio
O projeto concorreu no 9° Congresso Internacional de Bioenergia com 344 propostas e conseguiu o primeiro lugar em mérito científico com o 'Destaque Trabalho Técnico 2014'. Trabalhos de países como a Alemanha, Holanda, Colômbia e Argentina, além de universidades de todo o Brasil, concorriam. "Nós, do Estado do Amazonas, mostramos que somos um berço do aproveitamento dos recursos naturais", orgulhou-se o pernambucano. 

O equipamento em si é simples, salientou Moura. Segundo o professor, para ter em casa, é necessário possuir dois tanques, onde um deles servirá de depósito das biomassas e o outro armazenará o gás produzido e que será utilizado. O montante é suficiente para atender uma família de até quatro pessoas durante o tempo de produção. "Você coloca tudo no equipamento e depois de um tempo, entre 28 e 40 dias, você tem a produção do biogás, que substitui o GLT, o gás liquefeito de petróleo", explicou Moura.

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