Biodigestor criado em Manaus
substitui botijão de gás em comunidades tradicionais
Projeto de construção de 25
exemplares do equipamento inicia em março; comunidades de Novo Airão e
Manacapuru utilizarão os equipamentos.
Protótipo
criado por estudantes da Ufam levou cerca de um ano para ficar
pronto. Foto: Johnson Moura/Cedida
MANAUS - Um biodigestor que
utiliza biomassa proveniente de cascas de frutas amazônicas e dejetos de
animais para produção de gás utilizável na cozinha. Essa é a criação do
professor do departamento de Engenharia Química da Universidade Federal do
Amazonas (Ufam), Johnson
Pontes de Moura, desenvolvido em conjunto com seus alunos em Manaus.
De acordo
com o professor, as premissas deste projeto são a inclusão social e o desenvolvimento
sustentável. "Nós não devemos apenas ficar dependentes da matriz
energética da indústria petroquímica e da hidroelétrica, porque nós sabemos que
são limitadas. Nós devemos incorporar novas formas de energia", alertou.
"Como
forma de aproveitar as biomassas, os caroços de açaí, a casca de banana,
cupuaçu e castanha do Amazonas, os alunos aproveitaram o que seria
resíduo na natureza e estudaram o potencial calorífico, ou seja, o potencial
energético dessas biomassas misturadas com fezes de animais, de galinha e
porco, da região ribeirinha de Novo Airão", explicou o professor ao Portal
Amazônia.
Segundo
Moura, com a substituição do botijão de gás liquefeito de petróleo pelo
gás produzido pelas biomassas é possível melhorar a economia das famílias
ribeirinhas. "Elas utilizam o que iriam jogar fora, geram valor ao que
seria inutilizado. Imagine o quanto uma família consegue economizar assim",
pontuou.
Prêmio
O
projeto concorreu no 9° Congresso Internacional de Bioenergia com 344
propostas e conseguiu o primeiro lugar em mérito científico com o
'Destaque Trabalho Técnico 2014'. Trabalhos de países como a Alemanha, Holanda,
Colômbia e Argentina, além de universidades de todo o Brasil, concorriam.
"Nós, do Estado do Amazonas, mostramos que somos um berço do
aproveitamento dos recursos naturais", orgulhou-se o pernambucano.
O
equipamento em si é simples, salientou Moura. Segundo o professor, para ter em
casa, é necessário possuir dois tanques, onde um deles servirá
de depósito das biomassas e o outro armazenará o gás produzido e que
será utilizado. O montante é suficiente para atender uma família de até quatro
pessoas durante o tempo de produção. "Você coloca tudo no equipamento e
depois de um tempo, entre 28 e 40 dias, você tem a produção do biogás, que
substitui o GLT, o gás liquefeito de petróleo", explicou Moura.
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