Área
fechada aumenta proteção na APA Costa dos Corais.
Analistas ambientais do Instituto Chico Mendes de
Conservação da Biodiversidade (ICMBio) iniciaram, na manhã do dia 13 de
outubro, uma operação com objetivo de demarcar a Zona de Preservação da Vida
Marinha (ZPVM) APA Costa dos Corais, em Maragogi, no Litoral norte de Alagoas.
A ZPVM de Maragogi fica a cerca de 6 km da costa,
numa área de aproximadamente 72 hectares, conhecida como “Pedra do Meio”, entre
as piscinas naturais de Taocas e Galés. Trata-se do primeiro espaço federal
fechado em Alagoas, dentro da Área de Proteção Ambiental (APA) Costa dos
Corais, maior Unidade Conservação (UC) Marinha do Brasil. As outras duas áreas
restritas ficam em Pernambuco, uma em Tamandaré e a outra em São José da Coroa
Grande.apacc1 apa costa dos corais.
A criação de Zonas de Preservação está prevista no
plano de manejo da APA Costa dos Corais.
Dentre os benefícios da medida estão:
proporcionar o aumento dos estoques pesqueiros, preservar e garantir a evolução
natural dos ambientes marinhos dentro da UC e elevar a produção pesqueira em
áreas adjacentes.
“A ZPVM é um local delimitado por boias onde
qualquer atividade do homem é proibida, exceto pesquisas científicas, que são
permitidas mediante autorização prévia. Há fiscalização e punição de eventuais
infratores. Nessas áreas, os seres vivos têm tempo e espaço para crescer, se
reproduzir e promover a recuperação recifal e dos estoques pesqueiros. Essa
área foi criada, de maneira participativa e compartilhada com apoio da
comunidade local, principalmente pescadores artesanais, representando uma
conquista para a gestão sustentável dos recursos marinhos da região”, esclarece
Camila Keiko Takahashi, analista do Programa Costa Atlântica, da Fundação SOS
Mata Atlântica.
A SOS Mata Atlântica, a APA Costa dos Corais e as
áreas fechadas para proteção marinha
Em 2009 a Fundação SOS Mata Atlântica firmou uma
parceria com o Instituto Recifes Costeiros (Ircos), uma entidade ligada ao
Departamento de Oceanografia da Universidade Federal de Pernambuco (DOCEAN –
UFPE) e do Centro de Pesquisa e Gestão dos Recursos Pesqueiros do Litoral
Nordeste (CEPENE – ICMBio), para apoiar atividades de pesquisas e gestão
ambiental na APA Costa dos Corais.
O projeto apoiado envolveu uma área existente há
mais de 16 anos no município pernambucano de Tamandaré por iniciativa do Ircos:
a reserva marinha (também chamada de área fechada, no-take zone, atual Zona de
Preservação da Viva Marinha – ZPVM). A parceria de 2009 teve como resultado a
formação de uma cooperativa para oferecer serviços náuticos de base comunitária
com o intuito de gerar emprego e renda. Muitos cooperados prestaram serviços
para a manutenção e monitoramento da ZPVM de Tamandaré e iniciaram um processo
de construção do turismo de base comunitária em Tamandaré para oferecer
passeios turísticos de maneira sustentável com barcos à vela no entorno da
ZPVM.
Desde então, a Fundação SOS Mata Atlântica tem
fortalecido os laços com o Ircos e a APA para que a ZPVM de Tamandaré continue
fechada, monitorada e desempenhando seu papel ecológico. Inúmeros trabalhos
científicos realizados pelo Ircos descrevem o processo de recuperação dos
organismos que ali vivem após a proibição da visitação, trafego de embarcações
e extração de recursos. Além da recuperação, verifica-se a exportação de
espécies a áreas adjacentes à ZPVM, demonstrando o sucesso no processo de
fechamento de área para a conservação marinha e a importância de um
monitoramento a longo prazo.
Mero curioso na ZVPM de Tamandaré. Foto: Mauro
Maida/Ircos.
Como exemplo, após o fechamento da área em
Tamandaré, encontrou-se um local muito especial conhecido como Poço do Mero,
onde exemplares desse animal (Epinephelus itajara), que é ameaçado de extinção,
começou a ser avistado após a criação da ZPVM, demonstrando assim a efetividade
de uma área fechada como ferramenta de gestão para a conservação de espécies
marinhas. Esse animal recentemente teve sua moratória de pesca renovada por
mais 8 anos (portaria interministerial 13/2015),
então estará duplamente protegido na APA Costa dos Corais: pela portaria
mencionada e pela ZPVM.
Pioneiramente, a ZPVM de Tamandaré, por meio de
atividades do Ircos, realiza o monitoramento da área remotamente com a
utilização de câmeras subaquáticas. As imagens são transmitidas ao vivo durante
24 horas em pontos estratégicos para que a população possa acompanhar a
biodiversidade rica presente na ZPVM.
Em 2011, um novo parceiro acreditou na iniciativa:
com a proposta de um fundo de perpetuidade, a Fundação Toyota do Brasil entrou
para somar esforços na proteção da APA, e com a aprovação do plano de manejo em
2013, apoiar a implementação efetiva da unidade de conservação. A atuação da
Fundação Toyota do Brasil vem sendo fundamental especialmente para o
monitoramento e manutenção da ZPVM de Tamandaré, a demarcação das duas ZPVMs já
determinadas no plano de manejo (nos municípios de São José da Coroa Grande e
Maragogi), e o fortalecimento de parcerias locais para ampliar o raio de ação
do projeto.
A demarcação da ZPVM de Maragogi pelo ICMBio, órgão
gestor da APACC, contou a parceria Fundação SOS Mata Atlântica e Fundação
Toyota do Brasil. No dia 15 de outubro houve também a demarcação com boias de
uma outra área, de Japaratinga, também no estado de Alagoas. Totalizando assim
4 ZPVMs na área da APACC, duas em Pernambuco e 2 em Alagoas.
“Espera-se que em um futuro próximo a parceria
entre ICMBio, SOS Mata Atlântica e Toyota do Brasil resulte em ao menos uma
ZPVM funcionando em cada município da APA Costa dos Corais.
Que haja também
monitoramento e manutenção, de forma efetiva, para que sua função como
ferramenta para a conservação de espécies seja satisfatória, e que haja apoio e
valorização da comunidade local da área para que aos habitantes colaborem para
o cumprimento das regras, que beneficiam a todos”, conclui Camila Keiko
Takahashi.
Fonte: SOS Mata Atlântica
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