sexta-feira, 6 de novembro de 2015

Área fechada aumenta proteção na APA Costa dos Corais.
Analistas ambientais do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) iniciaram, na manhã do dia 13 de outubro, uma operação com objetivo de demarcar a Zona de Preservação da Vida Marinha (ZPVM) APA Costa dos Corais, em Maragogi, no Litoral norte de Alagoas.

A ZPVM de Maragogi fica a cerca de 6 km da costa, numa área de aproximadamente 72 hectares, conhecida como “Pedra do Meio”, entre as piscinas naturais de Taocas e Galés. Trata-se do primeiro espaço federal fechado em Alagoas, dentro da Área de Proteção Ambiental (APA) Costa dos Corais, maior Unidade Conservação (UC) Marinha do Brasil. As outras duas áreas restritas ficam em Pernambuco, uma em Tamandaré e a outra em São José da Coroa Grande.apacc1 apa costa dos corais.

A criação de Zonas de Preservação está prevista no plano de manejo da APA Costa dos Corais. 

Dentre os benefícios da medida estão: proporcionar o aumento dos estoques pesqueiros, preservar e garantir a evolução natural dos ambientes marinhos dentro da UC e elevar a produção pesqueira em áreas adjacentes.
“A ZPVM é um local delimitado por boias onde qualquer atividade do homem é proibida, exceto pesquisas científicas, que são permitidas mediante autorização prévia. Há fiscalização e punição de eventuais infratores. Nessas áreas, os seres vivos têm tempo e espaço para crescer, se reproduzir e promover a recuperação recifal e dos estoques pesqueiros. Essa área foi criada, de maneira participativa e compartilhada com apoio da comunidade local, principalmente pescadores artesanais, representando uma conquista para a gestão sustentável dos recursos marinhos da região”, esclarece Camila Keiko Takahashi, analista do Programa Costa Atlântica, da Fundação SOS Mata Atlântica.

A SOS Mata Atlântica, a APA Costa dos Corais e as áreas fechadas para proteção marinha

Em 2009 a Fundação SOS Mata Atlântica firmou uma parceria com o Instituto Recifes Costeiros (Ircos), uma entidade ligada ao Departamento de Oceanografia da Universidade Federal de Pernambuco (DOCEAN – UFPE) e do Centro de Pesquisa e Gestão dos Recursos Pesqueiros do Litoral Nordeste (CEPENE – ICMBio), para apoiar atividades de pesquisas e gestão ambiental na APA Costa dos Corais.

O projeto apoiado envolveu uma área existente há mais de 16 anos no município pernambucano de Tamandaré por iniciativa do Ircos: a reserva marinha (também chamada de área fechada, no-take zone, atual Zona de Preservação da Viva Marinha – ZPVM). A parceria de 2009 teve como resultado a formação de uma cooperativa para oferecer serviços náuticos de base comunitária com o intuito de gerar emprego e renda. Muitos cooperados prestaram serviços para a manutenção e monitoramento da ZPVM de Tamandaré e iniciaram um processo de construção do turismo de base comunitária em Tamandaré para oferecer passeios turísticos de maneira sustentável com barcos à vela no entorno da ZPVM.

Desde então, a Fundação SOS Mata Atlântica tem fortalecido os laços com o Ircos e a APA para que a ZPVM de Tamandaré continue fechada, monitorada e desempenhando seu papel ecológico. Inúmeros trabalhos científicos realizados pelo Ircos descrevem o processo de recuperação dos organismos que ali vivem após a proibição da visitação, trafego de embarcações e extração de recursos. Além da recuperação, verifica-se a exportação de espécies a áreas adjacentes à ZPVM, demonstrando o sucesso no processo de fechamento de área para a conservação marinha e a importância de um monitoramento a longo prazo.
Mero curioso na ZVPM de Tamandaré. Foto: Mauro Maida/Ircos.

Como exemplo, após o fechamento da área em Tamandaré, encontrou-se um local muito especial conhecido como Poço do Mero, onde exemplares desse animal (Epinephelus itajara), que é ameaçado de extinção, começou a ser avistado após a criação da ZPVM, demonstrando assim a efetividade de uma área fechada como ferramenta de gestão para a conservação de espécies marinhas. Esse animal recentemente teve sua moratória de pesca renovada por mais 8 anos (portaria interministerial 13/2015), então estará duplamente protegido na APA Costa dos Corais: pela portaria mencionada e pela ZPVM.

Pioneiramente, a ZPVM de Tamandaré, por meio de atividades do Ircos, realiza o monitoramento da área remotamente com a utilização de câmeras subaquáticas. As imagens são transmitidas ao vivo durante 24 horas em pontos estratégicos para que a população possa acompanhar a biodiversidade rica presente na ZPVM.

Em 2011, um novo parceiro acreditou na iniciativa: com a proposta de um fundo de perpetuidade, a Fundação Toyota do Brasil entrou para somar esforços na proteção da APA, e com a aprovação do plano de manejo em 2013, apoiar a implementação efetiva da unidade de conservação. A atuação da Fundação Toyota do Brasil vem sendo fundamental especialmente para o monitoramento e manutenção da ZPVM de Tamandaré, a demarcação das duas ZPVMs já determinadas no plano de manejo (nos municípios de São José da Coroa Grande e Maragogi), e o fortalecimento de parcerias locais para ampliar o raio de ação do projeto.

A demarcação da ZPVM de Maragogi pelo ICMBio, órgão gestor da APACC, contou a parceria Fundação SOS Mata Atlântica e Fundação Toyota do Brasil. No dia 15 de outubro houve também a demarcação com boias de uma outra área, de Japaratinga, também no estado de Alagoas. Totalizando assim 4 ZPVMs na área da APACC, duas em Pernambuco e 2 em Alagoas.

“Espera-se que em um futuro próximo a parceria entre ICMBio, SOS Mata Atlântica e Toyota do Brasil resulte em ao menos uma ZPVM funcionando em cada município da APA Costa dos Corais. 

Que haja também monitoramento e manutenção, de forma efetiva, para que sua função como ferramenta para a conservação de espécies seja satisfatória, e que haja apoio e valorização da comunidade local da área para que aos habitantes colaborem para o cumprimento das regras, que beneficiam a todos”, conclui Camila Keiko Takahashi.


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