quarta-feira, 4 de novembro de 2015

Investidores pedem às montadoras de automóvies maior clareza a respeito de emissões.
Foto: Divulgação

Uma coalizão de 19 investidores com mais de £ 625 bilhões em ativos sob sua gestão escreveram para 11 grandes empresas de veículos para demandar melhorias nos relatórios sobre suas intervenções em políticas públicas de normas de emissões.

As cartas a Volkswagen, BMW, Honda, Daimler, General Motors, Ford, Fiat, Peugeot e Toyota pediram informações detalhadas sobre o posicionamento de lobby que estão assumindo sobre legislação de emissões em debate atualmente nos Estados Unidos e na União Europeia.

Entre os signatários das cartas estão AXA Investment Managers, os Fundos de Pensão Suecos AP2, AP3, AP4 e AP7, Fundo de Pensão Agência do Ambiente e o WHEB Group.

Esta iniciativa surge na sequência do recente escândalo de emissões de diesel que expôs o uso, pela Volkswagen, de software para fraudar testes de emissões e qualidade do ar. Isto levou a um exame mais amplo da relação entre as empresas de automóveis e agentes reguladores, pois normas legislativas sobre as emissões dos transporte estão atualmente sendo debatidas na União Europeia e nos Estados Unidos.

As cartas solicitam detalhes específicos sobre o posicionamento das empresas sobre os padrões de emissão de CO2 propostos na União Europeia, relacionados com os gases de efeito estufa (GHG) e eficiência energética (Corporate Average Fuel Economy-CAFE) nos Estados Unidos.

Eles também apelam por mais informações sobre as interações das empresas com o processo de regulamentação destas normas, seus gastos com associações de classe e também pedem maior clareza e abertura sobre as atividades da Associação Europeia de Fabricantes de Automóveis (ACEA) – associação de classe que foi descoberta obstruindo o progresso da regulação das emissões de automóveis na União Europeia.

Estas áreas foram identificadas pelo InfluenceMap, uma organização sem fins lucrativos que analisa e classifica as empresas por sua influência sobre as políticas relacionadas com as mudanças climáticas segundo as áreas nas quais as empresas não reportam detalhes suficientes. Estas áreas podem ser cruciais para que os investidores prevejam futuras crises como a do VW.

Outra carta foi enviada para Carlos Ghosn, CEO da Nissan e Renault. A Nissan e a Renault têm sido reconhecidas como algumas das empresas com melhor desempenho em matéria de emissões de CO2 da frota da União Européia. Esta carta reconhece o desempenho da Renault e Nissan sobre este tema e incentiva Ghosn a dialogar, em particular agora que ele preside a ACEA.

Seb Beloe, sócio e chefe do setor de pesquisas do WHEB Group, disse: “A crise da Volkswagen tem ajudado a descobrir a estreita e pouco saudável relação entre a indústria automotiva e os reguladores, em particular na Europa. No longo prazo, isso prejudica a competitividade dos fabricantes de automóveis europeus e acreditamos que é do interesse tanto dos investidores como do ambiente obter uma melhor compreensão do que se passa por trás de portas fechadas”.

Dylan Tanner, Diretor Executivo do InfluenceMap diz: “Quando se trata do envolvimento em curso entre uma empresa e os regulamentos fundamentais que a afetam a ele, muitas vezes há poucos detalhes disponíveis para os investidores. O caso Volkswagen destaca a necessidade de um regime de maior abertura, tanto da posição específica da empresa sobre a legislação fundamental como sobre sua participação no processo das políticas. ”

A presidente da ShareAction, Catherine Howarth, diz: “A carnificina nos preço das ações provocada pelo escândalo da manipulação de dispositivos deu foco às mentes dos acionistas de empresas de automóveis. A ShareAction tem o prazer de auxiliar investidores institucionais a obter informações relevantes sobre os riscos aos quais os maiores fabricantes de automóveis do mundo estão expostos em seus relacionamentos com órgãos reguladores e políticos. ”

Investidores que apoiam as cartas 

AXA Investment Managers, Environment Agency Pension Fund, Second Swedish National Pension Fund/ AP2, Third Swedish Pension Fund/ AP3, Fourth Swedish Pension Fund/ AP4, Seventh Swedish Pension Fund/ AP7, Menhaden Capital, WHEB Group, Ilmarinen Mutual Pension Insurance Company, Öhman, The Joseph Rowntree Charitable Trust, The LankellyChase Foundation, Barrow Cadbury, Christopher Reynolds Foundation, Zevin Asset Management, Tellus Mater Foundation, Dignity Health, Sisters of St. Francis of Philadelphia, Northwest Coalition for Responsible Investment.

As cartas são parte da iniciativa da ShareAction para chamar a atenção dos investidores para os riscos e os impactos prejudiciais do lobby corporativo por certas associações setoriais. Eles aconselham os investidores a agir quando há uma inconsistência entre próprias posições das empresas e aquelas tomadas pelos grupos de lobby que financiam. Eles também pedem maior transparência sobre as atividades de lobby e estimulam as empresas a distanciar-se publicamente de organizações com cujas opiniões não compartilham, a fim de tranquilizar os investidores de seus compromissos de ação mudança climática.

ShareAction é um movimento baseado no Reino Unido para o Investimento Responsável. O trabalho da ShareAction no lobby empresarial faz parte da campanha Green Light da organização, que ilumina o  risco ambiental para grandes investidores, como fundos de pensão.


Fonte: ENVOLVERDE

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