Simpósio em Washington destaca
importância de pesquisar a Amazônia.
por
Heitor Shimizu, para a Agência Fapesp
“Precisamos dos melhores cientistas para
compreender as mudanças que estão ocorrendo nas florestas tropicais e seus
efeitos no planeta”, diz Ernest Moniz, secretário de Energia dos Estados
Unidos. Foto: Michael Darden / Brazil Institute, Wilson Center.
Agência Fapesp — A Fapesp realizou nesta
terça-feira (28/10), em Washington, um simpósio que reuniu pesquisadores dos
Estados Unidos e do Estado de São Paulo para apresentar resultados de estudos
sobre a Amazônia, em diversas áreas do conhecimento.
O encontro “FAPESP-U.S. Collaborative Research on the Amazon”
foi organizado em parceria com o Departamento de Energia (DOE) dos Estados
Unidos e com o Brazil Institute do Woodrow Wilson International Center for
Scholars.
Realizado no auditório do Brazil Institute, o
encontro reuniu mais de 120 pessoas, público formado principalmente por
cientistas, especialistas em conservação da biodiversidade e jornalistas.
O discurso de abertura do simpósio foi proferido
por Ernest Moniz, secretário de Energia dos Estados Unidos, para quem a
Amazônia tem importância fundamental nas questões relacionadas às mudanças
climáticas globais. Ele classificou também o momento atual de crítico e
transformador para que se possa lidar com o desafio das mudanças climáticas.
“A Amazônia é um dos ecossistemas mais vitais do
mundo, importante globalmente em muitas dimensões, uma delas a das mudanças
climáticas, um dos maiores desafios de nosso planeta. Parte do pano de fundo,
nesse contexto, é que, para o Brasil e para os Estados Unidos, os dois países
continentais e maiores economias das Américas, os caminhos para a diminuição da
emissão de dióxido de carbono têm sido diferentes. No Brasil, mais voltado aos
desafios do gerenciamento da Amazônia e, nos Estados Unidos, a desenvolvimentos
em oferta e demanda de energia, como na substituição de carvão por gás natural,
e em medidas voltadas à eficiência energética, como veículos mais eficientes”,
disse.
“Estamos em um período crítico e precisamos de um
momento transformador para poder lidar com o desafio das mudanças climáticas
globais. Não podemos ficar parados. Precisamos das melhores mentes, dos
melhores cientistas, para compreender as mudanças que estão ocorrendo nas
florestas tropicais e os efeitos que as mudanças no clima hoje e no futuro
implicam globalmente nesses ecossistemas e como melhor preservá-los”, disse
Moniz.
Entre as pesquisas apresentadas no simpósio
estiveram trabalhos que integram a campanha científica Green Ocean Amazon (GoAmazon), um programa do DOE conduzido em
parceria com a FAPESP e com a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do
Amazonas (Fapeam).
Voltado a verificar como o processo de urbanização
de regiões tropicais afeta os ecossistemas locais e o clima global, o GoAmazon
reúne pesquisadores dos dois países, que coletam e analisam dados ambientais na
região de Manaus, tanto na área metropolitana como na floresta, em um
gigantesco laboratório a céu aberto. “Esperamos que a colaboração GoAmazon
represente uma contribuição importante em meio às contínuas e vibrantes
parcerias que fazem avançar nossas agendas e nossos desafios globais”, disse o
secretaria de Energia norte-americano.
O simpósio foi aberto por Jane Harman, presidente
do Wilson Center, que destacou o fato de o encontro ocorrer em virtude de “uma
amizade de anos entre a FAPESP e o Brazil Institute”. Em seguida, Harman falou
sobre as boas relações entre os dois países em ciência e tecnologia.
“A parceria entre os Estados Unidos e o Brasil
direciona pesquisas em praticamente todos os assuntos, como energia, alimentos,
segurança humana e como fazer crescer nossas economias ao mesmo tempo em que
protegemos o único meio ambiente de que dispomos. Esses assuntos vão ao cerne
da prosperidade nas Américas do Norte e do Sul. Segurança ambiental significa
segurança nacional e tanto os Estados Unidos como o Brasil têm dado passos
muito encorajadores nesse sentido”, disse Harman, que foi deputada pela
Califórnia em nove mandatos consecutivos.
Celso Lafer, presidente da FAPESP, agradeceu ao
Brazil Institute, dirigido pelo brasileiro Paulo Sotero, centro parceiro na
organização dos simpósios FAPESP Week nos Estados Unidos — o próximo ocorrerá
de 17 a 20 de novembro na Califórnia.
“Hoje estamos celebrando algo que consideramos
muito especial: os resultados das pesquisas que apoiamos na FAPESP sobre a
Amazônia”, disse Lafer. “Algumas das pesquisas que serão apresentadas derivam
de nosso trabalho de apoio em conjunto com o DOE e com a Fapeam, uma parceria
muito interessante que permite integrar interesses e esforços comuns nas áreas
envolvidas.”
“Há tanto a diplomacia para a ciência como a
ciência para a diplomacia e parte desses esforços que estamos mostrando está
relacionada com a primeira. São pesquisadores do Brasil e dos Estados Unidos
que compartilham valores comuns ligados aos méritos da investigação científica.
Em um mundo cheio de tensões, isso é algo que faz desse tipo de esforço também
um esforço relacionado à construção do conhecimento e da cooperação”, disse.
O diretor científico da FAPESP, Carlos Henrique de
Brito Cruz, falou sobre a ciência e tecnologia no Estado de São Paulo e o papel
da FAPESP. Destacou as iniciativas da Fundação em aproximar pesquisadores de
instituições paulistas com os de centros em outros países, especialmente por
meio de acordos de cooperação e chamadas de propostas de pesquisas
colaborativas.
“Temos um crescente portfólio de pesquisas sobre a
Amazônia. É um assunto importante para nós, devido à importância da Região
Amazônica para o Brasil e para o mundo, e é relevante no sentido que se liga a
dois dos principais programas da FAPESP, que são o BIOTA [Programa FAPESP de
Pesquisas em Caracterização, Conservação, Restauração e Uso Sustentável da
Biodiversidade] e o Programa FAPESP de Pesquisa sobre Mudanças Climáticas
Globais”, disse.
“Aprovamos cerca de um projeto de auxílio à
pesquisa e entre duas e três bolsas por semana de pesquisas sobre a Amazônia,
nos mais diversos campos do conhecimento. Pode ser sobre a biodiversidade na
Amazônia, microrganismos encontrados na região ou sobre a literatura no século
19 a respeito da Região Amazônica, por exemplo. A gama é muito ampla e muitas
vezes encontramos conexões surpreendentes entre os temas estudados”, disse
Brito Cruz.
Após a palestra de Brito Cruz, dirigentes da FAPESP
e do Smithsonian Institution assinaram um acordo de cooperação em
pesquisa por meio do qual apoiarão projetos de pesquisa conjuntos, intercâmbio
de pesquisadores, seminários e eventos científicos.
Fonte: Agência Fapesp
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