Interesse por bicicleta na
Espanha já movimenta um bilhão de euros.
por
Redação do EcoD
A quantidade de pessoas interessadas em bicicletas
cresceu na Espanha, onde já são vendidas mais bikes do que carros.
Uma verdadeira “febre”. Assim pode ser definido o
interesse cada vez maior dos espanhóis pelas bicicletas, informa matéria
publicada nesta semana pelo jornal El País. Só para se ter ideia, em 2013 foram
vendidas na Espanha mais de um milhão de bikes, superando pelo segundo ano
consecutivo as vendas de automóveis (722.703).
Tamanhas cifras animaram o setor, que faturou 2,48%
a mais que no exercício anterior e movimentou mais de um bilhão de euros (três
bilhões de reais), segundo a Associação de Marcas de Bicicletas da Espanha
(Ambe). A indústria ciclística, que emprega 14.000 pessoas, exibe musculatura
econômica. “Nos últimos cinco anos, em plena crise, as vendas de bicicletas
cresceram a uma média de 10%”, anuncia a Ambe, que acaba de apresentar seu
relatório sobre as cifras do setor.
“A bicicleta esteve tradicionalmente associada ao
uso esportivo, mas isso mudou há anos”, diz Juan Merallo, porta-voz do Conbici,
que representa mais de 55 associações pró-bicicletas de toda a Espanha. Embora
as mountain bikes continuem dominando as vendas (63%), os modelos urbanos e
elétricos começam a despontar, com 7% e de 1% do mercado, respectivamente.
Atento a isso, Héctor Muñoz criou, em 2010, a marca
Manual Art Work, que conciliava com seu trabalho na oficina de uma loja.
Dedica-se ao upcycling, a melhora e a customização de bicicletas principalmente
de uso urbano. “O que faço são projetos de customização: pegar uma bicicleta
velha, trocar vários componentes, e colocá-la de novo para rodar. Transformo um
produto abandonado em algo novo”, explica Muñoz, que há um ano se dedica
exclusivamente a seu negócio e está em busca de sede física.
“Revolução ciclística”
Sua empresa é uma das 250 especializadas em
bicicletas na Espanha. “Acredito que a moda da bicicleta foi muito benéfica,
mas nem todas as lojas se saíram bem”, acrescenta Muñoz.
Nos últimos cinco anos, as cidades viveram uma
tranquila “revolução” ciclística. Entre 2008 e 2011, o número de pessoas que
chegava ao trabalho de bicicleta duplicou; passou de 6,8% para 11,9%, segundo o
último Barômetro da Bicicleta da Direção Geral de Trânsito. “E nos três anos
que se passaram desde essa medição, o uso urbano aumentou mais”, diz Luís
Álvarez, consultor de mobilidade Freemob e vice-presidente da Associação
Profissional de Técnicos Especialista em Mobilidade Urbana Sustentável
(APTeMUS).
Sistema de compartilhamento de bicicletas em
Sevilha. Foto: Wikimedia Commons.
A quantidade de pessoas interessadas em bicicletas
cresceu; e o negócio, também. “Como o número de lojas se multiplicou, é preciso
dividir os lucros”, diz Andrés Arregui, um dos fundadores da loja madrilenha
Ciclos Noviciado. No ano passado, operavam na Espanha 3.000 lojas
especializadas (incluindo departamentos de ciclismo de grandes lojas). Muitas
delas, recém-criadas, fruto da efervescência dos pedais. “Acredito que a metade
desses estabelecimentos terão de desaparecer”, acrescenta Arregui. Em 2011, no
centro de Madri existiam 55 lojas de bicicletas; um ano depois, a cifra se
multiplicou por três e superou os 180, segundo dados da Madrid Probici, a
associação regional de empresários do ramo.
As vendas de bicicletas respondem por 60% do
faturamento da indústria ciclística; os componentes, 24%; e as vendas de roupas
e acessórios, 16%. “Entre a atomização e as escassas margens de lucro, as lojas
vivem um momento complicado”, queixa-se Sol Otero, vice-presidenta da
Plataforma Empresarial da Bicicleta e administradora de uma bicicletaria
mítica, Bicicletas Otero, fundada em 1927 em Madri.
Cidades melhores
“Mais bicicletas, melhores cidades”, destaca a
Ciclosfera, publicação dedicada às duas rodas. “Vive-se melhor em cidades onde
há mais bicicletas”, diz Rafa Vidiella, diretor da revista. “Não só por um
motivo de urbanismo, mas também pela economia”, acrescenta. Cada ciclista gera
276 euros de benefício intangível à sociedade (calculando as economias que o
exercício rotineiro produz no sistema de saúde, a diminuição de problemas de
poluição ou a redução de atrasos e faltas no trabalho, entre outros), segundo
cálculos da London School of Business.
Além disso, os ciclistas gastam mais em comércios
locais, conforme se depreende de um estudo realizado em Portland (Estados
Unidos), onde as vendas no comércio de rua cresceram 19% depois da instalação
de ciclovias. Com essas cifras, o prefeito de Lillestrøm justifica sua decisão
de pagar às pessoas para utilizarem a bicicleta em sua cidade: “É um investimento”.
Fonte: EcoD
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