Técnica
nuclear pode ajudar no combate ao Aedes aegypti.
Mosquito Aedes aegypti está na mira de pesquisas
que utilizam radiação para tornar insetos estéreis e controlar populações.
Foto: FotosPúblicas / Rafael Neddermeyer.
Técnica utiliza a radiação para tornar inférteis
insetos machos criados em massa e em cativeiro.
Após tratamento, eles são
liberados no meio ambiente, mas não conseguem procriar, dificultando a
proliferação da espécie. Tecnologia está sendo testada para controlar
populações do mosquito que transmite zika, dengue, febre amarela e chikungunya.
Por Redação da ONU Brasil –
A Agência Internacional de Energia Atômica da ONU
(AIEA) chamou a atenção, no último dia 3, para a Técnica do Inseto Estéril
(SIT), uma tecnologia amplamente pesquisada pelo organismo da ONU e que
permitiria controlar populações de insetos, como o mosquito Aedes aegypti,
vetor do vírus zika.
O método envolve a criação, em massa e em
cativeiro, de insetos cujos machos são tornados estéreis por meio de radiação
ionizante. Após a esterilização, eles são liberados no meio ambiente,
dificultando a reprodução da espécie.
De acordo com o vice-diretor-geral da AIEA, Aldo
Malavasi, a técnica já é utilizada há mais de 50 anos para o controle de
diferentes pestes na agricultura, como moscas e mariposas. O uso da
esterilização em mosquitos transmissores de doenças, entre eles o responsável
por transmitir a zika, a chikungunya, a febre amarela e a dengue, está sendo
investigado, mas alguns testes já obtiveram resultados promissores na Itália,
na Indonésia, na China e em Maurício.
“É como os carros nos anos 1890: funciona, mas
precisaremos de mais desenvolvimento e refinamento”, afirmou o biologista
molecular a serviço da AIEA, Konstantinos Bourtzis, a respeito da técnica, cujo
uso em escala industrial ainda está em seus primeiros estágios, segundo o
cientista. O pesquisador faz parte de uma divisão de estudos coordenada pela
agência e pela Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura
(FAO).
Um dos principais desafios ao uso da SIT é separar
as fêmeas dos machos para o tratamento com radiação, a fim de evitar que fêmeas
férteis sejam liberadas no meio ambiente, já que as fêmeas são os vetores do
vírus. Apesar do obstáculo, já existe um método disponível capaz de tornar
estéreis mesmo as fêmeas que acidentalmente se misturarem aos machos tratados
com radioatividade e forem, posteriormente, soltas em comunidades e ambientes
silvestres.
Ao longo da última década, diferentes países
solicitaram apoio técnico, equipamento e treinamento à AIEA para conseguir
aplicar a técnica em seus territórios, contra mosquitos. A SIT foi tema de
debates recentes envolvendo o diretor-geral da agência, Yukiya Amano, e nações
da América Central. O dirigente enfatizou o potencial da tecnologia para o combate
ao transmissor do zika. De acordo com a agência da ONU, a tecnologia é uma
alternativa segura e sustentável a métodos tradicionais como o uso de
inseticidas, aos quais os insetos estão cada vez mais resistentes.
Fonte: ONU Brasil
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