Tamar
celebra marca de 25 milhões de filhotes de tartarugas marinhas protegidos.
A tartaruga-de-pente (Eretmochelys imbricata) se
encontra criticamente ameaçada de extinção segundo a IUCN. Fotos: Banco de
imagens Tamar.
O Tamar irá comemorar no sábado, 20 de fevereiro, a
marca de 25 milhões de filhotes de tartarugas marinhas protegidos. Os números
analisados pela instituição entre 2010 e 2015 indicam um crescimento de 86,7%
no número de filhotes com relação aos cinco anos anteriores. “Nada será como
antes, pois tem muito mais tartarugas no mar”, destacou Guy Marcovaldi,
fundador e coordenador do projeto, ao blog Curiosidade Animal.
“Muitos nascimentos significam mais chances de
sobrevivência para as cinco espécies de tartarugas marinhas que ocorrem em
nosso país”, ressaltou o oceanógrafo.
Em 1981, no primeiro ano do projeto, um pequeno
grupo de oceanógrafos conseguiu viabilizar o nascimento de 2 mil filhotes.
Hoje, em uma única noite no auge do verão, cerca de 25 mil filhotes de
tartarugas marinhas nascem no litoral brasileiro, observou Marcovaldi. A
conquista é comemorada com ressalva. No último ano apenas 7.350 fêmeas
estiveram em processo de reprodução. Um número ainda pequeno, segundo o
coordenador do Tamar, mas que simboliza uma grande vitória para o projeto.
O filhote número 25 milhões irá começar sua
caminhada em direção ao mar às 17h30, no Tamar da Praia do Forte, Bahia
(filhotes recém-nascidos e tartarugas reabilitadas serão soltos no mesmo
horário em mais oito estados onde o projeto está presente). O evento será
seguido pelo lançamento do CD Tamarear de Milton Nascimento e Dudu Lima Trio,
feito em homenagem aos 35 anos da ONG. “Do Ceará a Santa Catarina, este 20 de
fevereiro de 2016 ficará para sempre na memória dessa geração de aliados dos
oceanos, que viu o sonho do início da recuperação das tartarugas marinhas se
tornar realidade”, comemorou Marcovaldi.
Época de reprodução
Quatro das cinco espécies de tartarugas-marinhas
que ocorrem no país visitam o litoral brasileiro de setembro a março durante a época
de reprodução (a tartaruga-verde se reproduz em ilhas oceânicas de dezembro a
julho). As mães voltam às mesmas praias onde deram seus primeiros passos para
deixarem seus ovos enterrados na areia.
A tartaruga-de-couro (Dermochelys coriacea) também
é considerada criticamente ameaçada de extinção pela IUCN.
Assim que as tartaruguinhas nascem, começam uma
jornada em direção ao oceano e à maturidade. Durante o caminho enfrentam o
risco de serem pisoteadas, a ameaça de predadores em busca de uma refeição fácil,
o perigo de ficarem enroscadas em redes de pesca e a desorientação causada pela
iluminação artificial que as guia em sentido contrário ao do mar. Somente um ou
dois em cada mil filhotes chegarão a fase adulta.
Lixo como ameaça
O lixo é outro problema. Em terra, atrapalha as
fêmeas a construir o ninho e dificulta a chegada dos filhotes ao oceano. Na
água, um saco plástico boiando é muito semelhante a uma água-viva. Pode ser
confundido como alimento e engolido por engano, o que pode levar o animal à morte.
Para garantir o sucesso da temporada reprodutiva, o
Tamar protege cerca de 1.100 quilômetros de praias por meio de 25 bases de
pesquisa em áreas de alimentação, desova, crescimento e descanso de tartarugas
marinhas, no litoral e ilhas oceânicas dos estados da Bahia, Sergipe,
Pernambuco, Rio Grande do Norte, Ceará, Espírito Santo, Rio de Janeiro, São
Paulo e Santa Catarina.
A equipe – composta por biólogos, oceanógrafos e
pescadores locais – identifica as mães que chegam às praias para desovar,
coletam amostras de pele para a realização de estudos genéticos, escavam ninhos
para coleta e análise de dados e, se algum ninho estiver em local perigoso,
transferem os ovos para outros trechos mais seguros da praia ou os colocam em
cercados de incubação nas bases do projeto.
Fonte: EcoD
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