Clima:
cidades têm papel de destaque.
Num cenário em
que mais de 80% da população brasileira vive no ambiente urbano, as cidades
assumem papel de protagonistas na implementação de ações sustentáveis e no
enfrentamento às mudanças climáticas.
Por Edwirges Nogueira, da Agência Brasil
Gestores municipais, pesquisadores e entidades
nacionais e internacionais debatem, em Fortaleza, as responsabilidades, os
desafios e as oportunidades dos governos locais diante dessa realidade.
A 2ª Jornada sobre Cidades e Mudanças Climáticas
ocorre após a 21ª Conferência das Partes da Convenção da Organização das Nações
Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP 21), realizada em dezembro de 2015, na
França, quando os governos estaduais e municipais foram considerados atores
fundamentais na construção de ações sustentáveis no ambiente urbano.
“O engajamento dos governos locais foi
acontecendo paulatinamente nos últimos cinco, dez anos.
Começamos a ver algumas
prefeituras tomando à frente em ações, fazendo inventários de emissões de gases
[de efeito estufa] e começando a discutir o que pode ser feito para assegurar
que a qualidade de vida da população não seja tão impactada pela intensificação
dos desastres naturais”, disse o secretário-executivo do Observatório do Clima,
Carlos Ritll.
Esse engajamento, segundo Ritll, não passa
somente pela adaptação aos efeitos das mudanças climáticas. Para ele, as
cidades precisam com urgência realizar ações para mitigar a emissão de gases de
efeito estufa, que agravam o aquecimento global.
Como exemplo dessa urgência, Ritll lembrou que
30% das cidades brasileiras decretaram situação de calamidade devido a
desastres naturais. No Ceará, segundo Observatório do Clima, 83% dos municípios
estão em emergência por conta da seca, que já se estende pelo quinto ano
seguido.
Ações locais
Segundo o especialista, poucas cidades
brasileiras têm políticas voltadas para a sustentabilidade e, diante do atual
cenário, é preciso que elas se apressem para dar conta dos desafios do meio
ambiente.
“As cidades começam a perceber a seriedade do
assunto, mas são poucas as que pensam o caminho do seu desenvolvimento voltado
para um momento em que o clima fica cada vez mais difícil. Existe uma evolução
clara, mas ainda muito lenta. Precisamos que essa agenda ande mais rápida”, avaliou.
Para o prefeito de Belo Horizonte e presidente da
Frente Nacional de Prefeitos (FNP), Márcio Lacerda, há soluções que as cidades
podem desenvolver de forma independente, mas é importante haver um alinhamento
com políticas nacionais mais amplas.
“As questões sobre saneamento, áreas verdes,
resíduos sólidos e transporte são parte de um conjunto muito grande de ações
que podem ser tomadas localmente e que não dependem de políticas nacionais. Há
esse espaço de criatividade e de mobilização local, mas é importante a
coordenação nacional de uma série de políticas”.
Na COP 21, o Brasil apresentou metas ambiciosas
de redução de emissões. O país quer, por exemplo, alcançar 23% de participação
de fontes renováveis (excluindo hidrelétricas) na matriz energética, o dobro do
percentual atual. De acordo com o secretário interino de Mudanças Climáticas e
Qualidade Ambiental do Ministério do Meio Ambiente, Adriano Santhiago de
Oliveira, o alcance dessas metas passa pela contribuição das cidades.
“As cidades terão um papel fundamental no alcance
de todos os objetivos, como reflorestamento, recuperação de áreas degradadas.
Mais do que isso, os municípios precisam estar preparados para a questão da
adaptação. Existe uma mudança do clima que já está comprometida, vai acontecer,
e os municípios terão que estar preparados porque, no final das contas, o
impacto de um problema que é causado globalmente vai acontecer localmente”.
* Edição:
Luana Lourenço.
Fonte: Agência
Brasil
Nenhum comentário:
Postar um comentário