Alunos
são protagonistas de projetos ambientais.
Alunos na oficina de germinação. Crédito: Blog
Com-Vida Murilo Braga.
Professora de Rondônia conta como o programa
Com-Vida envolve estudantes em projetos para resolver problemas socioambientais
da escola e do entorno.
Por Carmem Silvia de Andrade Corrêa da Silva, no
Porvir –
O programa Com-Vida (Comissão de Meio
Ambiente e Qualidade de Vida) é uma proposta do MEC, que deveria ser implantada
em todas as escolas públicas do país. Mas muitas Com-Vidas foram criadas e
algumas não foram levadas adiante. A Com-Vida da escola Murilo Braga, em Porto
Velho (RO), existe desde 2009. Os alunos reúnem-se no horário contrário ao das
aulas: primeiro almoçam e tomam banho na escola e depois ficam no projeto.
Estudantes do sexto ao nono ano do ensino
fundamental podem participar da comissão, que reúne-se uma vez por semana, para
diagnosticar os problemas socioambientais presentes na escola e entorno.
Eles
saem munidos de celulares e câmeras fotográficas e, quando voltam à sala da
Com-Vida, os problemas detectados são apresentados e discutidos. Nós
incentivamos que os próprios alunos busquem soluções para as questões
identificadas.
Geralmente, os problemas da escola são resolvidos
com o que temos à nossa disposição. Mas algumas questões encontradas na
comunidade são levadas até a Prefeitura, a Câmara dos Vereadores e Secretaria
Municipal de Meio Ambiente.
Não há uma seleção para participar do grupo. Os
estudantes vêm pela afinidade que têm com a questão ambiental. Mesmo alguns que
não têm tanta proximidade com essa questão acabam participando porque percebem
que é coisa séria. Nós fazemos vídeos mostrando tudo o que foi feito na escola
e na comunidade e os alunos veteranos conversam com os novatos, falam do
projeto e de tudo o que já foi desenvolvido dentro da Com-Vida. As crianças – e
até os pais – ficam com vontade de participar. As mães de alguns estudantes nos
ajudam nos projetos, dão oficinas e acompanham em atividades realizadas fora da
escola.
Uma ação desenvolvida em 2015 foi a feira de adoção. O rio
Madeira encheu e as pessoas que foram remanejadas de suas casas abandonaram
gatos e cachorros em um mercado perto da escola. Com isso em mente, os alunos
realizaram uma feira de adoção na frente da Murilo Braga. Cerca de 60 animais
foram reunidos e adotados. Os estudantes anotaram o endereço das pessoas que
levaram os bichinhos e, no final do ano, nós fomos visitá-los.
Feira de adoção de animais organizada por alunos.
Foto: Blog Com-Vida Murilo Braga.
Outra iniciativa do ano passado foi a doação de
mudas frutíferas. Depois de ter uma oficina de germinação, os alunos plantaram
as sementinhas, que germinaram e deram origem a várias mudas. A feira de doação
dessas mudas aconteceu na frente da escola, que é bem no centro comercial. As
pessoas levaram as plantas para diferentes bairros da cidade. Os estudantes
também anotaram o endereço e agora nós vamos mapear para quais lugares de Porto
Velho nós já levamos verde.
Também no ano passado, um projeto desenvolvido na
Com-Vida foi premiado pelo Desafio Criativos na Escola, do Instituto Alana. A
iniciativa “Ar Refrigerado e Água: uma combinação que dá vida” foi construir um
tubo feito de garrafa pet, com o qual os alunos aproveitam a água que pinga do
ar condicionado e utilizam na horta.
A ideia da criação de um Eco Ponto de coleta de
lixo eletrônico surgiu a partir da observação da grande quantidade de
eletrônicos lançados no meio ambiente. Como solução, os alunos criaram um dos
primeiros eco pontos de coleta desse material, que depois de recolhido, é
enviado para a reciclagem em São Paulo. Em dois anos do nosso eco ponto, já
recolhemos mais 1900 quilos de eletrônicos que iriam para no lixo comum.
Como coordenadora da Com-Vida, o que me levou a
buscar essa inovação foi o fato de acreditar que um dos papéis da escola é
educar essa geração, tornando os alunos participantes de uma sociedade capaz de
respeitar o próximo, além de ser integrante do meio ambiente. Ainda, a criação
de um espaço para ouvir e dar voz ao coletivo escolar sobre a melhoria da
qualidade de vida e o uso de uma metodologia lúdica de elaboração de projetos
ajuda no trabalho desenvolvido dentro da Com-Vida.
Se dependesse dos alunos, eles não sairiam do
projeto, porque gostam muito das atividades, que são realizadas coletivamente,
para que eles aprendam a trabalhar em grupo. Uma coisa que nós percebemos é que
eles começaram a divulgar o programa fora da escola, para a família, vizinhos e
amigos. Além disso, a verificação das notas dos estudantes serve como um
incentivo para que estudem, tirem notas boas e continuem participando da
Com-Vida.
* Carmem Silvia de Andrade Corrêa da Silva é
graduada em Geografia pela Universidade Federal do Pará/UFPA. Coordenadora da
Com-Vida (Comissão de Meio Ambiente e Qualidade de Vida) e Programa Mais
Educação na E.E.E.F.M Murilo Braga/Porto Velho/RO. Participante da Comissão
Organizadora Estadual das conferências Infantojuvenil em Rondônia.
Fonte: Porvir
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