Petróleo
cai, mas armas fluem no Oriente Médio.
Os Estados Unidos são o principal exportador de
armas para o Oriente Médio. Na foto, avião de combate F-35A. Foto: Força Aérea
dos Estados Unidos.
Embora vários Estados que fornecem armas ao reino
saudita tenham expressado preocupação sobre os ataques aéreos no Iêmen, se
prevê que a Arábia Saudita continuará recebendo armas desses países,
especificamente de Estados Unidos, França e Grã-Bretanha, nos próximos cinco
anos.
Por Thalif Deen, da IPS –
Nações Unidas, 24/2/2016 – A queda do preço do
petróleo ameaça repercutir diretamente na ajuda ao desenvolvimento, nas
remessas dos trabalhadores migrantes e na assistência humanitária aos
refugiados, entre outras áreas, mas é pouco provável que afete a entrada de
armas no Oriente Médio. Os conflitos armados e a insurgência no Iraque, Líbia,
Síria e Iêmen não dão sinais de distensão.
“A intervenção militar no Iêmen por uma coalizão de
Estados árabes, que começou em 2015, foi facilitada pelos altos níveis de
importação de armas” de vários países da região, segundo um informe publicado
no dia 22, pelo Instituto Internacional de Estocolmo de Investigação para a Paz
(Sipri).
A coalizão liderada pela Arábia Saudita e que
combate a insurgência huti no Iêmen está integrada por Bahrein, Egito, Emirados
Árabes Unidos (EAU), Jordânia, Kuwait, Marrocos, Catar e Sudão. Em 2011-2015,
as importações de armas pela Arábia Saudita cresceram 275% em comparação com o
período 2006-2010.
Embora vários Estados que fornecem armas ao reino
saudita tenham expressado preocupação sobre os ataques aéreos no Iêmen, se
prevê que a Arábia Saudita continuará recebendo armas desses países,
especificamente de Estados Unidos, França e Grã-Bretanha, nos próximos cinco
anos, segundo o Sipri.
O documento assegura que entre as armas pedidas, há
150 aviões de combate e milhares de mísseis ar-terra e antitanque dos Estados
Unidos, 14 aviões de combate da Grã-Bretanha e um número indeterminado, mas
grande, de veículos blindados do Canadá com torres da Bélgica .Os Estados
Unidos, que também fornecem inteligência militar aos sauditas sobre a situação
no Iêmen, se queixam do crescente número de vítimas civis atribuído tanto à
Arábia Saudita quanto às forças rebeldes.
Como o preço do petróleo continua caindo, “fica
difícil ver como a Arábia Saudita manterá o ritmo de compra de armas, embora
isso dependa de quantos benefícios de longo prazo obtém com o baixo preço do
petróleo, que afasta do mercado outros fornecedores com custos de produção
muito mais altos”, afirmou PieterWezeman, pesquisador do Sipri.
Atualmente estão sendo entregues vários contratos
de armas para Arábia Saudita, Emirados, Kuwait e Catar, e várias entregas se
concretizarão em breve, afirmou Wezeman, acrescentando que “a previsão é que os
volumes das importações de armas desses países continuem sendo altos durante os
próximos cinco anos, aproximadamente”.
O petróleo caiu ao seu nível mais baixo em quase 13
anos, já que o preço do barril baixou para menos de US$ 30 nos últimos dias, em
comparação com os US$ 110 alcançados em 2014. A recessão no mercado do petróleo
também gerou importantes demissões em diferentes empresas do setor nos Estados
Unidos, entre elas produtoras de xisto, que se declararam em quebra ou que
lutam para sobreviver.As divisas obtidas com o petróleo cobrem entre 25% e 75%
dos orçamentos nacionais dos países produtores de petróleo do Oriente Médio.
O informe do Sipri diz que os Estados Unidos foram
o principal exportador de armas no período 2011-2015, com 33% do total. As
exportações de armas pelos norte-americanos cresceram 27% em comparação com o
período 2006-2010 e o país exportou armas para 96 Estados entre 2011 e 2015, um
número muito maior de destinos em relação aos demais fornecedores.
Os maiores receptores foram Arábia Saudita com 9,7%
das exportações de armas pelos Estados Unidos, e os Emirados, com 9,1%. Em
nível regional, o Oriente Médio foi o maior receptor de armas norte-americanas,
com 41% do total exportado. Por sua vez, Ásia e Oceania receberam 40% e a
Europa 9,9%.Os aviões equivalem a 59% das exportações de armas pelos Estados
Unidos. No final de2015, Washington tinha numerosos contratos de exportação de
armas pendentes, entre eles a entrega de 611 aviões de combate F-35 para nove
países.
Wezeman informou à IPS que a maioria dos países da
coalizão liderada pelos sauditas emprega principalmente armas norte-americanas
ou europeias. China e Rússia ainda não conseguiram grandes contratos com Arábia
Saudita, Emirados Árabes Unidos, Marrocos ou Catar, indicou. “Em sua maior
parte, equipamentosusados pelos líderes da coalizãoforamfornecidos pelos
Estados Unidos, seguidos de armamento da Grã-Bretanha e França”, acrescentou.
Em particular a Rússia e a China, esta em menor
grau, tiveram melhor sorte com o Egito, que historicamente busca diversificar
seus fornecedores de armas, sabendo que os Estados Unidos têm a tendência de
impor restrições ou embargos temporários segundo as circunstâncias políticas.
Além disso, o preço também é um fator importante, recordou Wezeman.
O informe do Sipriaponta que os Emirados mantêm
altos níveis de importação de armas desde 2001, com crescimento de 35% entre os
períodos 2006-2010 e 2011-2015. As importações do Catar aumentaram 279% entre
2006-2010 e 2011-2015. Entre as entregas pendentes a esse país, 24 helicópteros
de combate, nove sistemas de defesa aérea e três aviões de alerta dos Estados
Unidos, 24 aviões de combate da França e 52 tanques da Alemanha.
As importações de armas do Egito cresceram 37%
entre 2006-2010 e 2011-2015, e tiveram alta importante no ano passado, quando
os Estados Unidos levantaram uma suspensão parcial de exportações ao país e lhe
entregou 12 aviões de combate. A França também enviou uma fragata, poucos meses
depois de assinado o acordo. Em 2014 e 2015, o Egito assinou vários contratos
de venda de armas com Alemanha, França e Rússia.
O informe do Sipri acrescenta que seis dos dez
maiores importadores de armas no período 2011-2015 se encontram na Ásia e
Oceania, liderados por Índia (14% das importações mundiais de armas),
China
(4,7%), Austrália (3,6%), Paquistão (3,3%), Vietnã (2,9%), e Coreia do Sul (2,6%).
Fonte: ENVOLVERDE
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