Pequenos
Estados insulares e FAO preparam-se para efeitos de mudanças climáticas.
Pequenos Estados insulares enfrentam risco maior
com mudanças climáticas. Foto: Flickr/Kamel Lebtahi (cc).
Aquecimento global, que aumenta a intensidade e a
frequência dos desastres naturais, afeta de maneira desproporcional os pequenos
Estados insulares em desenvolvimento, prejudicando os recursos naturais e os
meios de vida, como a pesca, o turismo e a agricultura, disse a Organização das
Nações Unidas para Alimentação e Agricultura.
Por Redação da ONU Brasil –
Os pequenos Estados insulares em desenvolvimento do
Caribe e a Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO)
estão desenvolvendo um programa para aumentar a resiliência diante de ameaças,
crises e impactos das mudanças climáticas na agricultura e na segurança
alimentar.
Com o apoio da Agência para o Manejo de Emergências
e Desastres do Caribe (CDEMA), os países se comprometeram a fortalecer a
governança para a gestão de risco, reduzir as vulnerabilidades em âmbito local,
melhorar a capacidade de resposta diante de ameaças, e aprimorar seus
mecanismos de monitoramento e avaliação de risco.
Antígua e Barbuda, Belize, Barbados, Dominica,
Guiana, Granada, Haiti, Jamaica, São Cristóvão e Nevis, Santa Lúcia, São
Vicente e Granadinas, Suriname e Trinidad e Tobago devem se beneficiar do novo
programa, que também tem o apoio da Comunidade do Caribe (CARICOM).
De acordo com a FAO, as mudanças climáticas, que
aumentam a intensidade e a frequência dos desastres naturais, afetam de maneira
desproporcional os pequenos estados insulares em desenvolvimento, prejudicando
os recursos naturais e os meios de vida, como a pesca, o turismo e a
agricultura.
Entre 1990 e 2014, 182 grandes desastres naturais
ocorreram no Caribe, afetando a mais de 11,5 milhões de pessoas, causando 241
mil mortes e 16,6 bilhões de dólares em danos e perdas com grave efeito sobre
pesca, agricultura, florestas e segurança alimentar dos países.
O programa de resiliência dos meios de vida é parte
de uma nova iniciativa regional da FAO centrada no uso sustentável dos recursos
naturais, na adaptação às mudanças climáticas e na gestão de risco de
desastres, além de apoiar os países na erradicação da fome e para alcançar os
Objetivos de Desenvolvimento Sustentável.
“Os pequenos Estados insulares são uma prioridade
para a FAO e também devem ser para cooperação Sul-Sul”, explicou Jorge Meza,
responsável pela nova iniciativa regional da FAO.
De acordo com a agência da ONU, o claro vínculo
entre os desastres naturais e a fome revela a fragilidade dos sistemas de
produção de alimentos, o que requer uma ação urgente para fortalecê-los.
Países se preparam para o impacto
O programa de resiliência da FAO vai promover o
fortalecimento dos sistemas de informação e a melhoria dos mecanismos de
monitoramento e alerta precoce para as ameaças que afetam a agricultura e a
segurança alimentar e nutricional, incluindo as doenças dos animais e das
plantas.
Os 14 países devem reduzir a vulnerabilidade no
âmbito das casas e das comunidades, a partir de boas práticas e do resgate do
conhecimento tradicional e indígena com a participação das comunidades locais.
Além disso, serão promovidos mecanismos de
transferência de risco, como os seguros agrícolas para os pequenos agricultores
e a melhora do processo de tomada de decisões dos responsáveis por políticas,
técnicos e agricultores.
Os países também devem fortalecer a capacidade de
responder aos desastres naturais, diminuindo os impactos sobre o setor
agrícola, pesqueiro e florestal, e melhorando a capacidade de avaliar os danos
e as perdas do setor.
“O número, a escala e o impacto dos desastres
naturais estão crescendo. Eles reduzem a produção de alimentos, destroem os
meios de vida e aumentam a fome a pobreza. Por isso devemos atuar agora”, disse
Meza.
Os desastres e insegurança alimentar estão
diretamente interligados. Para esta razão, os meios de subsistência resilientes
são essenciais para os esforços da FAO para ajudar a proteger as pessoas mais
vulneráveis do mundo de choques, para tornar os sistemas alimentares mais
resistentes e capazes de absorver o impacto do e se recuperar de eventos
perturbadores .
Caribe precisa de atenção especial
O Caribe precisa de um enfoque especial devido à
alta vulnerabilidade, algo particularmente certo nos Estados insulares, para os
quais o aumento do nível do mar produto das mudanças climáticas não é somente
uma prioridade política, mas também uma verdadeira questão de sobrevivência.
Para responder a esse desafio, em 2015 os pequenos
Estados insulares em desenvolvimento adotaram o Caminho SAMOA, um plano de ação
centralizado no crescimento econômico com equidade, na mudança climática, na
energia sustentável, na redução do risco de desastres e no uso sustentável dos
recursos marinhos.
O Caminho SAMOA, que a FAO ajudou a criar e cuja
implementação também apoia, aborda a segurança alimentar de forma integral,
cuidando da saúde dos oceanos, lutando contra a degradação da terra e
estimulando a igualdade de gênero e a inclusão social.
Segundo a FAO, Barbados, Cuba e Dominica apresentam
níveis de subalimentação menor de 5%, e Bahamas, Belize, Jamaica e Trinidad e
Tobago registram níveis de subalimentação abaixo de 10%. Por outro lado, Haiti
enfrenta o pior cenário de toda a América Latina e Caribe, com 58,7% de pobreza
e 50% da população afetada pela fome.
Os desastres naturais podem desfazer os avanços
alcançados pelos países na redução da pobreza e da fome, o que torna ainda mais
difícil alcançar os novos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, que estabelece
no segundo objetivo erradicar a fome por completo até o ano de 2030.
A FAO colabora com os PEID proporcionando
assessoramento sobre políticas, pesquisas e assistência técnica em agricultura,
pecuária, pesca silvicultura, gestão de recursos naturais e segurança
alimentar, no âmbito do compromisso de apoiar os meios de vida resilientes e
melhorar a segurança alimentar.
Fonte: ONU Brasil
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