quarta-feira, 29 de junho de 2016

China lança campanha para reduzir em 50% o consumo de carne.
Homem vende tofu em mercado chinês. Foto: 5 to do today

Vídeo reúne astros do Ocidente e do Oriente, como Arnold Schwarzenegger, Li Bingbing e James Cameron. 

O governo chinês, juntamente com oficiais de saúde, lançou esta semana uma campanha para incentivar as pessoas a comerem menos carne. O objetivo é uma redução de 50% – percentual recomendado pelo novo guia alimentar nacional da China, atualizado recentemente. Com apoio da Sociedade Chinesa de Nutrição e da organização 5 To Do Today, a campanha conta com o apoio de um relatório sobre o tema e um filmete com participação do diretor James Cameron, do ex-governador da Califórnia Arnold Schwarzenegger e da atriz mais famosa da China, Li Bingbing.

As novas diretrizes alimentares da China representam uma grande ruptura com as tendências de alimentação em todo o mundo. O consumo global de carne deverá aumentar 76% até 2050, impulsionado principalmente pelas economias em desenvolvimento. Se os padrões de consumo continuarem nesse ritmo, a China será a maior fonte desse aumento da demanda. Ela é hoje responsável por 28% do consumo de carne e produtos lácteos e metade da carne de porco do mundo. Desde 1978, o consumo de carne na China aumentou seis vezes.

Apesar dos altos níveis de consumo de carne, 83% dos cidadãos da China estão dispostos a comer menos carne. O consumo excessivo de produtos de origem animal, como carnes processadas, está associado à obesidade e um aumento do risco de contrair doenças cardíacas e diabetes tipo 2. “O consumo excessivo de carne (…) vai impor efeitos adversos sobre o nosso corpo, afetando a nossa saúde no longo prazo”, disse Yuexin Yang, presidente da Sociedade Chinesa de Nutrição.

O consumo de carne é também uma das principais causas do aquecimento global: as emissões da pecuária representam 14,5% do total das emissões de gases estufa do mundo, o equivalente ao combustível queimado por todos os veículos de transporte do mundo. No Brasil, em 2014, a pecuária respondeu por quase metade das emissões nacionais (1,56 bilhão de toneladas, segundo o Sistema de Estimativas de Emissões de Gases de Efeito Estufa do Observatório do Clima) – seja pelas emissões diretas do rebanho, seja pelas emissões por desmatamento, praticado sobretudo para a criação de gado.

As diretrizes de redução no consumo de carne anunciadas pelo Ministério da Saúde da República Popular da China, destinam-se a melhorar a saúde pública, e também a ter um impacto significativo sobre o clima. Se forem seguidas, as emissões podem cair significativamente – de 6% das emissões chinesas, ou 1,5% das emissões globais, segundo o relatório da 5 To Do Today.

“Esta iniciativa da China para cortar pela metade o consumo de carne pode não só ter um grande impacto sobre a saúde pública, como também ser um passo enorme no sentido de liderar uma redução drástica nas emissões de carbono para atingirmos os objetivos estabelecidos no Acordo de Paris”, destacou James Cameron, diretor de sucessos como Avatar e Titanic. “A pecuária emite mais do que todos os transportes combinados. Reduzir a demanda por alimentos de origem animal é essencial se quisermos limitar o aquecimento global abaixo de 2° C, tal como acordado na COP21.”

“Por meio desse tipo de mudança de estilo de vida, espera-se que a pecuária irá se transformar e as emissões de carbono serão reduzidas”, disse Li Junfeng, diretor-geral do Centro Nacional de Estratégia de Mudanças Climáticas e Cooperação Internacional. “Combater as alterações climáticas envolve julgamento científico, decisões políticas, o apoio do setor empresarial, mas, também, o envolvimento do público em geral para mudar o comportamento de consumo na China. Cada um de nós tem de acreditar no conceito de baixo carbono e lentamente se adaptar a ele.”

De acordo com o “think-tank” britânico Chatham House e pesquisa publicada na revista PNAS, o nível atual de consumo de carne em todo o mundo não é sustentável e tem um tremendo impacto sobre a saúde da sociedade e do meio ambiente. Estudos mostram que é um uso altamente ineficiente da terra e da água e favorece o desmatamento e a perda de biodiversidade.


Fonte: ENVOLVERDE

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