Coalizão
Brasil elenca passos para concretizar metas do clima.
São Paulo, abril de 2016 –
Integrantes da Coalizão Brasil Clima, Florestas e Agricultura estiveram em Nova
York, na sexta-feira (22), para a cerimônia de assinatura do Acordo de Paris,
na sede da ONU. Mais de 60 chefes de estado participaram do evento. A
cerimônia deu início ao período de um ano para que os países formalizem seu
compromisso com o tratado e incentiva os processos nacionais de ratificação.
Para a Coalizão, o avanço na agenda das mudanças
climáticas permite não só enfrentar os riscos do aumento da temperatura global
como é chave para promover um novo modelo de desenvolvimento, baseado na
economia de baixo carbono, com geração de renda e empregos.
“O Acordo de Paris inaugura uma nova era e é
preciso concluir o trâmite legislativo para sua ratificação. O setor
empresarial e a sociedade civil estão comprometidos, articulados e vigilantes
para o cumprimento dos compromissos brasileiros, independentemente das
dificuldades econômicas e da conjuntura política do país. Temos de criar o
entendimento de que os benefícios da economia de baixo carbono são concretos. O
desafio, agora, é multiplicar as iniciativas necessárias em várias frentes”,
salienta Celina Carpi, presidente do Conselho Deliberativo do Instituto Ethos.
Os impactos positivos que podem advir da
concretização das metas brasileiras (INDC) incluem também a preservação de
recursos hídricos, de culturas tradicionais e da rica biodiversidade do país.
“O Acordo representa uma oportunidade para países megadiversos, como o Brasil,
atraírem investimentos e construírem um novo modelo de relacionamento entre
atividades humanas e o meio ambiente”, afirma André Guimarães, diretor
executivo do Ipam (Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia).
Nos últimos meses, dezenas de profissionais que
atuam nos grupos de trabalho da Coalizão Brasil passaram a se dedicar aos
passos prioritários para que o país alcance gradativamente as metas
apresentadas no âmbito do Acordo. Alguns dos principais desafios estão
elencados a seguir por membros da Coalizão Brasil.
Agricultura de baixo carbono
“A disseminação e a adoção em larga escala de
práticas de baixo carbono, como a integração lavoura-pecuária-floresta,
mencionada no compromisso do Brasil para o clima, pede medidas de simplificação
do acesso aos créditos agrícolas para quem adota essas técnicas, além de
esforços no campo de ciência e tecnologia. Tanto no desenvolvimento de
pesquisas como na divulgação de seus resultados, para que sejam colocados em
prática no setor de produção rural.” — João Paulo Capobianco, presidente do
Conselho do IDS (Instituto Democracia e Sustentabilidade).
Código Florestal
“É preciso manter os esforços para que a grande
maioria dos proprietários rurais faça as inscrições de suas propriedades no
Cadastro Ambiental Rural (CAR) no prazo previsto, em 5 de maio próximo. Esse é
um elemento central do novo Código Florestal para que possamos entender o
tamanho do desafio da restauração no Brasil. Conhecimento e planejamento são
aspectos essenciais para que possamos concretizar a implantação do Código
Florestal e dos compromissos brasileiros para o clima, cujos impactos sociais,
econômicos e ambientais serão enormes aqui e no planeta. O agronegócio
brasileiro tem uma grande responsabilidade no cumprimento das metas do Acordo
de Paris. Com o apoio de toda a sociedade, transformaremos o maior negócio do
país em algo ainda mais robusto e sustentável.” —Gustavo Junqueira,
presidente da Sociedade Rural Brasileira.
Economia da floresta tropical
“Há vários modelos de restauração, que podem ir
da recuperação ecológica até o plantio planejado com espécies de interesse
comercial, o que fomentaria uma atividade econômica, com geração de emprego e
renda, em diferentes regiões do país. Estamos trabalhando para estabelecer uma
plataforma de pesquisa e tecnologia ligada ao plantio de espécies nativas,
envolvendo as principais organizações do setor, empresas, governo e meio
acadêmico.” — Rachel Biderman, diretora do WRI Brasil.
Rastreabilidade da madeira
“Uma importante maneira de combater o
desmatamento ilegal é promover a cadeia de valor da madeira legal. Ou seja,
avançarmos na implementação imediata de um sistema que dê total transparência e
rastreabilidade para todas as licenças emitidas ao longo do trajeto da madeira,
desde sua derrubada e processamento até sua comercialização. Isso, somado a
ações de monitoramento e controle, pode valorizar e proteger as florestas e
promover uma linha de negócios mais responsável e sustentável.” — Roberto
Waack, presidente do conselho da Amata.
Valorização do mercado de carbono
“O Brasil deve avançar na elaboração de uma
Estratégia Nacional de REDD+, palpável e efetiva. OREDD+ (Redução de Emissões
por Desmatamento e Degradação florestal) e outros mecanismos de valorização do
carbono permitem cumprir metas de redução de emissões de gases de efeito
estufa, além de gerar benefícios para comunidades locais. Quando uma comunidade
percebe que vale a pena manter a floresta em pé e trabalha por isso, o
investimento recebido em troca da preservação pode ser convertido em saúde,
educação e infraestrutura locais, o que muda o entendimento sobre os biomas e o
planeta como um todo.” — Miriam Prochnow, secretária executiva do Diálogo
Florestal.
Biocombustíveis
“Precisamos retomar a política para biocombustíveis:
reavaliar tributação, continuar a desenvolver pesquisas e estabelecer de forma
clara o papel do etanol (incluindo o de segunda geração) e do biodiesel na
matriz energética brasileira. Paralelamente, há o desafio de desenvolver um
padrão global de uso de biocombustíveis e estabelecer plataformas de cooperação
entre o Brasil e outros países.” — Elizabeth Farina, diretora presidente da
UNICA (União da Indústria da Cana-de-Açúcar).
Sobre a Coalizão Brasil
A Coalizão Brasil Clima, Florestas e Agricultura
é um movimento multissetorial que se formou como o objetivo de propor ações e
influenciar políticas públicas que levem ao desenvolvimento de uma economia de
baixo carbono, com a criação de empregos de qualidade, o estímulo à inovação, à
competitividade global do Brasil e a geração e distribuição de riqueza a toda a
sociedade. Mais de 120 empresas, associações empresariais, centros de pesquisa
e organizações da sociedade civil já aderiram à Coalizão Brasil – http://coalizaobr.com.br.
Fonte: ENVOLVERDE
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