Espécie
considerada extinta há mais de 100 anos é reintroduzida na floresta.
Foto: Luísa Genes/Fundação Grupo Boticário.
O Parque Nacional da Tijuca (RJ) é a unidade de conservação
mais visitada do país, recebendo mais de três milhões de turistas por ano.
Porém, florestas que parecem deslumbrantes por fora, como no caso do Parque
Nacional, muitas vezes não possuem animais de médio e grande porte que são de
grande importância para o funcionamento dos processos ecológicos nos
ecossistemas. Por isso, a Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza apoia
o programa de reintrodução de fauna no parque que neste mês de setembro
reintroduziu quatro bugios – macaco que é conhecido pela sua vocalização que
pode ser ouvida a quilômetros de distância. A espécie era considerada extinta
na Floresta da Tijuca há mais de 100 anos.
De acordo com o pesquisador responsável e professor
da Universidade Federal do Rio de Janeiro, Fernando Fernandez, a preparação
para a soltura foi meticulosa. “Juntamos cinco indivíduos e durante oito meses
eles interagiram no nosso centro de pesquisa. Isso é muito importante porque os
bugios montam grupos sociais, permanecendo juntos na floresta”, explica. Segundo
ele, o macho dominante expulsou um dos outros machos do grupo, obrigando a
equipe a retirar esse macho expulso do convívio do grupo, pois do contrário ele
seria morto.
O próximo passo foi colocar colares de
monitoramento nas fêmeas e tornozeleiras nos machos. “Dessa forma, podemos
verificar onde eles estão na mata, como estão interagindo entre si e com as
outras espécies”, comenta o pesquisador. Ele afirma que, uma semana após a
soltura, os bugios estão bem, alimentando-se adequadamente e coexistindo com outros
animais. “Ficamos um pouco preocupados quando o grupo encontrou com
macacos-prego, que normalmente são mais agressivos, mas não tivemos problemas.
Está tudo correndo dentro do planejado”, ressalta.
Luísa Genes/Fundação Grupo Boticário.
Fernando Fernandez destaca ainda que a meta é
realizar uma soltura a cada ano, por quatro anos consecutivos, para que a
população de bugios no Parque Nacional da Tijuca seja autossustentável,
dependendo apenas da própria reprodução e não de novas ações externas como
reintroduções de mais indivíduos.
Importância para as florestas
Malu Nunes, diretora executiva da Fundação Grupo
Boticário, afirma que as áreas protegidas brasileiras sofrem de um mal chamado
‘florestas vazias’, no qual por conta da caça predatória, as áreas não possuem
animais de médio e grande porte. Essas espécies são fundamentais para a
dispersão de sementes das grandes árvores que compõe a floresta e esse fato foi
crucial para que a instituição optasse por apoiar financeiramente o projeto de
reintrodução de espécies. “Sem essa interação, as árvores de porte maior não
tinham como se reproduzir, o que condena a área em longo prazo”, explica.
Malu comenta que antes do bugio, a cutia também foi
reintroduzida com sucesso no Parque Nacional da Tijuca, a partir de um projeto
apoiado pela instituição. Sobre essa iniciativa, o pesquisador afirma que “essa
é outra espécie que dispersa sementes e permite a reprodução das árvores nas
florestas e que já está se reproduzindo sem a nossa interferência”, conclui.
Fonte: ENVOLVERDE
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