Água não
é mercadoria, é um bem comum.
Organizações da sociedade civil pedem
mudanças em contratos da Sabesp para priorizar o abastecimento da população e a
cobrança justa, em vez do consumo de grandes empresas.
Por Redação do Greenpeace Brasil –
Desde março de 2015, o Greenpeace tem pedido pelo
fim dos contratos de demanda firme que geram descontos para grandes
consumidores de água. Esses acordos, entre Sabesp e grandes empresas, permitem
que esses clientes tenham tarifas cada vez mais baixas conforme utilizam mais
água.
Nossa denúncia aos contratos de demanda firme
significa um alerta para o uso da água como mercadoria por companhias como a
Sabesp, controlada pelo governo do estado de São Paulo, que deveria priorizar a
água como direito de todos. A continuação desses contratos, mesmo após a
pressão dos cidadãos, que enviaram 27.592 cartas ao governo do estado e à
Sabesp para que acabassem com os contratos, significa a continuidade de uma
forma de gestão que pouco valoriza o direito das pessoas e pouco se preocupa em
dar valor a um recurso escasso como a água.
Recentemente, a Sabesp anunciou que revisará toda
a estrutura tarifária de seus serviços. Tendo em vista a negativa reiterada da
empresa em acabar com os contratos de demanda firme para a distribuição de
água, o Greenpeace, junto a outras 23 organizações e movimentos, pede por
mudanças nos contratos para que esse mecanismo não reflita em estímulo ao maior
consumo de água por grandes empresas e tampouco ofereça níveis de desconto
abusivos e injustos a seus beneficiários.
Enviadas por carta, ao presidente da Sabesp,
Jerson Kelman, com cópia para o diretor da Arsesp José Bonifácio de Souza
Amaral Filho, nossas demandas detalhadas de mudanças nos contratos de demanda
firme são:
1 – Criação de mecanismo permanente para
inibir o desperdício de água. Elevação de tarifa ou multa para
clientes que consumam água em volumes significativamente superiores (> 5%)
ao mínimo previsto em seus contratos. A atual crise hídrica mostra a
importância de medidas de estímulo ao uso planejado, consciente e eficiente da
água, que são especialmente relevantes quando se trata de grandes consumidores.
2 – Nenhum cliente com contrato de
demanda firme deve pagar menos por água e esgoto do que o mínimo tabelado para
clientes comerciais convencionais. Atualmente, de acordo com tabela
publicada pela Agência Pública, 169 dos 537 clientes com contratos de demanda
firme pagam menos que R$ 8,07 por metro cúbico de água e de esgoto, que é o
valor mínimo pago por clientes comerciais comuns na cidade de São Paulo e
diversos outros municípios do estado. Há clientes, como a Viscofan, que chegam
a pagar menos que a tarifa residencial comum. Tal nível de desconto é abusivo e
injusto. O fato de a maioria dos clientes com contratos de demanda firme não chegarem
a preços tão baixos indica que é viável acabar com esses casos extremos.
3 – Reformulação para que cobrança de
água seja separada da cobrança de esgoto. Um modelo de cobrança que
separe integralmente o consumo de água do uso de serviços de esgoto acabará com
o estímulo que grandes consumidores têm para deixar de consumir água da Sabesp,
mas continuar utilizando a rede de esgoto sem pagar adequadamente por isso.
Esta medida é igualmente importante para que não haja cobranças indevidas na
tarifa de esgoto para residências que não contam com esse serviço.
Aguardamos uma resposta da Sabesp, já que nossa
voz não é única e vem acompanhada da sociedade civil e de diversos movimentos e
organizações.
Leia carta na íntegra aqui.
Fonte: Greenpeace Brasil
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