Países
querem plano integrado de conservação para o Escudo das Guianas.
Doze instituições do Brasil, Guiana Francesa,
Guiana e Suriname reuniuniram-se no começo deste mês na cidade de Maripasoula,
na Guiana Francesa. Foto: © WWF-Brasil/Marcelo Oliveira.
Por Redação do WWF Brasil –
O Escudo das Guianas fica na região norte do
continente sul-americano em uma área de cerca de 250 milhões de hectares entre
Brasil, Guiana Francesa, Suriname, Guiana e parte da Venezuela. Em sua porção
brasileira, abrange partes dos estados do Pará (Calha Norte) Roraima e Amapá.
Ao mesmo tempo em que apresenta altos níveis de
endemismo de biodiversidade (espécies que só vivem naquela região), o local
também se caracteriza pela vulnerabilidade social e ambiental motivada pela
ocupação desordenada do solo, a intensificação da agricultura e grandes
investimentos de infraestrutura de transporte e energia.
Some- se isso o fato de que a ação de qualquer um
dos países – seja boa ou ruim – afeta diretamente o que acontece na floresta do
país vizinho.
Por isso, um grupo de doze instituições do Brasil,
Guiana Francesa, Guiana e Suriname reuniu-se no começo deste mês na cidade de
Maripasoula, na Guiana Francesa, para traçar um plano estratégico de
conservação que englobe uma atuação conjunta. O encontro reuniu 25
representantes de comunidades, governos, gestores de áreas protegidas,
organizações não governamentais e povos indígenas.
O plano estratégico pensado para o Escudo das
Guianas inclui desde a publicação de artigos científicos, a realização de um
simpósio internacional, a captação conjunta de recursos para ações de
conservação.
Os países também estão dispostos a dar suporte ao
Observatório do Mercúrio, um fórum para troca de conhecimento sobre a
contaminação dos rios e da biodiversidade, um dos mais graves problemas
ambientais da região.
Rica biodiversidade e vulnerabilidades sociais e
ambientais convivem na região no extremo norte da Amazônia brasileira. Foto: ©
WWF-Brasil/Marcelo Oliveira.
Por isso, parte do encontro foi dedicada a uma visita
ao Parc amazonie de Guyane – uma área protegida francesa, de 3,1 milhões de
hectares, onde foi possível ver como a Guiana Francesa lida com a proteção de
áreas naturais e com problemas como o garimpo.
Para o coordenador-executivo adjunto do Instituto
de Pesquisa e Formação Indígena (IEPÉ), Décio Yokota, a possibilidade do
trabalho conjunto no combate à contaminação de mercúrio é uma das grandes
frentes que serão abertas no futuro.
O Escudo das Guianas é uma das maiores florestas
tropicais conservadas do mundo. Estima-se que ali estejam armazenadas quase 10
bilhões de toneladas de carbono, cumprindo papel importantíssimo na regulação
do clima do planeta.
Além da extraordinária biodiversidade, é também uma
das maiores reservas de água doce do mundo. Além disso, vários povos indígenas
compartilham áreas comuns na região, entre eles os Wajãpi, os Karipuna e os
Tiriyó.
“Nosso objetivo é colocar o Escudo de Guianas no
mapa mundial de conservação”, explicou o analista de conservação do WWF-Brasil,
Marcelo Oliveira. A organização atua há vários anos na região.
Além de apoiar a implementação do Parque Nacional
do Tumucumaque, o maior parque nacional de florestas tropicais do mundo, com
3,8 milhões de hectares, o WWF-Brasil também colabora na criação do Mosaico da
Amazônia Oriental, reforçando os mecanismos de gestão daquela área.
Foi ali também que nasceu o projeto Biodiversidade
nas Costas, uma ação voltada para a Educação Ambiental que está se tornando uma
política pública adotada pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da
Biodiversidade (ICMBio) na elaboração de suas diretrizes institucionais.
Fonte: WWF Brasil
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