O que se
vê da janela.
O equilíbrio entre áreas verdes e construídas
precisa ser um dos elementos fundamentais nas cidades. Na foto, Edmonton,
Canadá. Foto: Pixabay/tpsdave (cc).
Por Cibele Quirino*
Em São Paulo, abrir a veneziana e observar,
acredite, o horizonte de silhuetas de prédios é a exceção. Se algumas árvores
estiverem pelo caminho então, sinta-se um privilegiado. Há inclusive quem
aposte na vista para o cemitério como forma de conquistar um horizonte pouco
mais verde.
São tempos onde é possível ter a chance de conhecer
o vizinho pela proximidade das janelas ou ainda acordar e dormir olhando para a
tela branca das paredes cegas. Se o horizonte não é mais possível para todos,
caminhar por uma cidade mais arborizada talvez seja … ou não?
Ainda que a escolha de viver nas cidades, em
especial nas grandes, implique em abrir mão de observar o horizonte com certa
facilidade, do maior contato com a natureza, ar puro, maior umidade relativa do
ar, menor poluição sonora, não é por isso que a vida nos grandes centros
precisa ir exatamente contra tudo isso.
Até 2020, com a campanha “Árvores pela Terra”,
lançada no último dia 22 de abril, no Dia Internacional da Terra, o PNUMA –
Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente – estimula que, em quatro anos,
exista no planeta uma árvore por habitante…logo aí. O tema
autoexplicativo é mais um esforço na tentativa de tornar o mundo mais verde. As
cidades, onde mais da metade da população mundial vive, se bem-sucedida a
campanha, devem receber a maior parte das árvores.
A campanha é também um alerta sobre a importância
das árvores onde quer que se more. São inúmeras as pesquisas que justificam os
benefícios de áreas arborizadas para o ambiente urbano e como consequência para
a qualidade de vida da população.
Algumas cidades já fizeram até as contas das vidas
poupadas e do retorno monetário de se ter árvores nas cidades. “Somente em Nova
York, a retirada de material particulado atribuída às árvores urbanas teria
levado a uma economia de US$ 60,1 milhões e teria evitado a morte de 7,6
habitantes em um ano”, registra o professor Marcos Buckeridge em seu trabalho Árvores
urbanas em São Paulo: planejamento, economia e água, de 2015.
Assim tornar a cidade mais verde não é uma questão
cenográfica, estética, tendo em vista novos cartões postais, por exemplo.
Trata-se de uma ação com resultados transversais, com consequências em mais
áreas do que se imagina. O fato de que um maior número de pessoas comece a
gostar mais da paisagem que tem da janela, será apenas uma das consequências
frente a uma nova dinâmica, com mais qualidade de vida nas cidades. Sim, isso
não é contradição.
* Cibele Quirino é jornalista
freelancer pós-graduada em Meio Ambiente e Sociedade. Possui experiência também
como coordenadora de comunicação. É autora de biografias da série de livros “Me
conte a sua história”, programa voluntário com foco no bem-estar de idosos que
vivem em instituições de longa permanência.
Fonte: ENVOLVERDE
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