Década de
Ação sobre Nutrição.
FAO alertou que cerca de 159 milhões de crianças
menores de 5 anos de idade apresentam elevados graus de subnutrição que
impactam no crescimento natural que seria esperado para a sua idade. Foto:
Michael Stern/Flickr.
Atualmente, 800 milhões de pessoas permanecem
cronicamente subnutridas e mais de 2 bilhões sofrem de deficiências de
micronutrientes.
Por Redação da ONU Brasil –
A Assembleia Geral das Nações Unidas proclamou na sexta-feira
(1) a Década de Ação sobre Nutrição (2016-2025). A resolução reconhece a
necessidade de erradicar a fome e evitar todas as formas de desnutrição em todo
o mundo.
De acordo com a Organização das Nações Unidas para a
Alimentação e a Agricultura (FAO), cerca de 800 milhões de pessoas permanecem
cronicamente subnutridas e mais de 2 bilhões sofrem de deficiências de micronutrientes.
Ao mesmo tempo, em torno de 159 milhões de crianças
menores de 5 anos de idade apresentam elevados graus de subnutrição que
impactam no crescimento natural que seria esperado para a sua idade. Cerca de
50 milhões de crianças na mesma faixa etária registram baixo peso para a sua
altura.
Outras 1,9 bilhão de pessoas estão acima do peso –
600 milhões são obesas, e a prevalência de pessoas que estão com sobrepeso ou
obesidade está aumentando em quase todos os países.
“Claramente, não está sendo feito o suficiente para
garantir o direito básico à alimentação”, disse o representante permanente do
Brasil junto às Nações Unidas, Antonio de Aguiar Patriota, ao apresentar o projeto de resolução (A/70/L.42), copatrocinado por 30 Estados-membros
e aprovado pela Assembleia sem votação.
A resolução apela à FAO e à Organização Mundial da
Saúde (OMS) para que liderem a implementação da Década de Ação sobre Nutrição,
em colaboração com o Programa Mundial de Alimentos (PMA), o Fundo Internacional
de Desenvolvimento Agrícola (FIDA) e o Fundo das Nações Unidas para a Infância
(UNICEF). Outros mecanismos de coordenação incluem o Comitê Permanente das
Nações Unidas para a Nutrição (UNSCN) e plataformas que congregam diferentes
parceiros, como o Comitê Mundial de Segurança Alimentar.
O texto faz ainda um convite aos governos nacionais
e outras partes interessadas, incluindo organizações internacionais e
regionais, sociedade civil, setor privado e academia, a participar ativamente
da iniciativa.
“Esta resolução coloca a nutrição no centro do
desenvolvimento sustentável e reconhece que a melhoria da segurança alimentar e
nutricional são essenciais para alcançar a Agenda 2030”, destacou o
diretor-geral da FAO, José Graziano da Silva.
“As crianças não podem colher plenamente os
benefícios da escolaridade se não obtêm os nutrientes de que necessitam; e as
economias emergentes não vão atingir seu pleno potencial se os seus
trabalhadores estão cronicamente cansados porque suas dietas são
desequilibradas. É por isso que damos as boas-vindas à Década de Ação sobre
Nutrição e estamos ansiosos para ajudar a torná-la um sucesso”, acrescentou Graziano.
Para Milton Rondó Filho, coordenador-geral de
Cooperação Humanitária e Combate à Fome do Ministério das Relações Exteriores
do Brasil, a nutrição representa um grande e novo desafio para a soberania e
segurança alimentar das nações. “O direito à nutrição ainda precisa ser
positivado nas constituições. A Década em muito pode contribuir para isso”,
destacou.
“O Brasil considera a Década de Ação sobre Nutrição
(2016-2025) uma grande oportunidade para reunir iniciativas e esforços na
erradicação da fome e na prevenção de todas as formas de desnutrição, em todo o
mundo. Este é um elemento crucial para a Agenda 2030, como refletido no
Objetivo de Desenvolvimento Sustentável número dois, entre outras metas”,
acrescentou o embaixador brasileiro Antonio Patriota.
“Esperamos que as agências da ONU, os
Estados-membros, a sociedade civil e o setor privado possam participar deste
esforço coletivo. Esperamos também envolvermo-nos ativamente neste processo,
compartilhando informações sobre as nossas políticas nacionais e aprendendo com
outras experiências”, completou Patriota.
Intensificação da luta contra a fome, a desnutrição
e o sobrepeso
A resolução aprovada também endossa a Declaração de Roma sobre Nutrição e o Quadro de Ação adotado durante a Segunda
Conferência Internacional sobre Nutrição (ICN2), coorganizada pela FAO e pela
OMS em novembro de 2014.
A resolução quer promover uma ação intensificada
para acabar com a fome e erradicar a desnutrição em todo o mundo, além de
assegurar o acesso universal a dietas mais saudáveis e sustentáveis – para
todas as pessoas, sejam elas quem forem e onde quer que vivam.
O texto pede também aos governos que estabeleçam
metas nacionais de nutrição para 2025 e marcos com base em indicadores
acordados internacionalmente.
O Quadro de Ação compromete os governos a exercerem
seus papéis primários e responsabilidades para enfrentar a desnutrição, baixa
estatura, desperdício, baixo peso e sobrepeso em crianças menores de cinco anos
de idade, anemia em mulheres e crianças – entre outras deficiências de
micronutrientes.
O plano também os obriga a reverter as tendências
crescentes em sobrepeso e obesidade e reduzir a carga de doenças não
transmissíveis relacionadas com a alimentação em todos os grupos etários.
Fonte: ONU Brasil
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