Bandeira
tarifária verde não significa sinal verde para o desperdício de energia.
Foto: Creative Commons/Bernd
Mudança da bandeira tarifária em abril pode
incentivar o consumo em excesso e não trazer economia na conta do consumidor,
além de ser prejudicial para o meio ambiente.
Por Redaçao do Akatu –
Em abril, a bandeira tarifária que ajusta o preço
das contas de energia elétrica de acordo com os custos de sua produção passa da
cor amarela para a verde, segundo a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel).
Isso significa que os consumidores deixarão de pagar a taxa extra de R$ 1,50,
em média, a cada 100 quilowatts-hora (kWh) de energia consumidos.
Segundo a Aneel, a mudança é consequência da
recuperação dos reservatórios hidrelétricos e novas usinas que foram
adicionadas ao sistema, o que permitiu diminuir o uso das termoelétricas – que
geram energia mais cara e que voltaram a ser ligadas nos últimos dois anos com
a crise hídrica e o aumento do consumo em todo País. Mas, na prática, o
benefício financeiro que a bandeira verde traz é pequeno na conta de luz no
final do mês – são as taxas extras que deixarão de incidir.
Nesse momento, o Instituto Akatu, ONG que trabalha
pelo Consumo Consciente, alerta que a mudança para bandeira tarifária verde não
deve ser entendida como um “sinal verde” para o desperdício. “Se o consumidor
achar que a energia está mais barata, pode voltar a tomar banhos mais longos,
esquecer luzes acesas ou ligar mais vezes o ar condicionado, sem necessidade. É
importante lembrar que esse descuido pode trazer, além de um aumento na conta
de luz, um grande impacto negativo para o meio ambiente e a sociedade”, afirma
Helio Mattar, diretor presidente do Instituto Akatu.
Não existe geração de energia sem impactos: mesmo
que a produção de energia elétrica no Brasil volte a crescer nas hidrelétricas,
há impactos negativos ao represar a água, pois inundam áreas em que antes
existiam cidades, florestas ou mesmo agropecuária. “A construção e manutenção
das hidrelétricas para produção de energia também contribui para o aumento da
concentração de Gases de Efeito Estufa e o Aquecimento Global. Precisamos
combater o desperdício de energia, consumindo somente o necessário, ao mesmo
tempo em que promovemos a transição para fontes alternativas como a energia eólica
e a solar, para atender a demanda por energia garantindo o bem-estar de toda a
sociedade”, afirma Mattar.
Para o Instituto Akatu, os hábitos de consumo
consciente de energia devem ser adotados de maneira permanente. “Ter mais
abundância ou ser mais barato não significa que um recurso como água e energia
estarão disponíveis para sempre. Devemos economizar todos os dias para que não
só hoje mas também nas futuras gerações haja um acesso aos recursos dentro dos
limites do nosso planeta. No caso da energia elétrica, bandeira verde não
significa sinal verde para o desperdício. Devemos pensar sempre em sinal
vermelho para o desperdício!”, afirma Helio Mattar.
Fonte: Akatu
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