Ceará não
será o ‘paraíso’ dos combustíveis fósseis.
O movimento global “Liberte-se dos
combustíveis fósseis” no Brasil contará com a participação das entidades
climáticas integrantes do Fórum Ceará no Clima, que estão determinadas a
impedir que o estado continue a investir em termelétricas, indústrias
poluentes, altamente emissoras de CO2 e consumidoras de água.
Por Redação da Coalizão Não Fracking
Brasil –
Com a convicção que os cearenses e o povo
brasileiro não merecem, não querem e não precisam da energia suja e perversa
dos combustíveis fósseis, um dos fundadores do Fórum, professor da Universidade
Estadual do Ceará e PhD em Ciências Atmosféricas Alexandre Araújo Costa,
informa que está se articulando uma frente ampla para denunciar e resistir a
mais essa tentativa do governo cearense em incentivar as termelétricas.
“É um absurdo que mesmo diante do agravamento da
crise hídrica, muito motivada em função das mudanças climáticas, intensificadas
pelas emissões de CO2 das termelétricas, o governo insista em transformar o
Ceará no paraíso dos combustíveis fósseis. Não vamos permitir”, garante
Alexandre.
Em pleno funcionamento desde 2011, a Termelétrica
Energia Pecém, movida a carvão, é a maior do Brasil e é capaz de emitir até 6,5
milhões de toneladas de CO2 ao ano. Com a contribuição de outras termelétricas
menores (como a Endesa, a gás natural) volume coloca o Ceará no segundo lugar
nas emissões no país para geração de eletricidade, atrás apenas do Rio de
Janeiro.
“Só essa unidade emite o equivalente à frota
total de veículos do Ceará. É como se dobrássemos o número de carros e
caminhões circulando. Uma tragédia em termos de mudanças climáticas”, alerta.
As termelétricas fazem parte do Complexo Industrial e Portuário de Pecém
(CIPP), que abriga siderúrgica e terminal portuário, podendo ainda vir a contar
com uma refinaria (que não foi implantada em virtude da crise da Petrobrás).
Crise hídrica e políticas na contramão
Não bastassem as emissões, a questão da água é
igualmente alarmante. Somente a Termelétrica do Pecém consome 800 litros de
água por segundo, a siderúrgica algo em torno 1.500 litros por segundo e a
refinaria outros 1.000 litros por segundo. São mais de 3 m³/s para somente três
empresas do complexo, o que equivale a praticamente o consumo da cidade de
Fortaleza. Depois de secar a reserva de água em Caucaia, até o final do ano
passado o complexo industrial estava retirando água do Açude Sítio Novos e até
do Gavião, o mesmo reservatório que abastece a capital cearense. “Nossa
previsão é que irá faltar água num futuro bem próximo e a população será a
principal prejudicada, isto é fato”, assegura o professor.
Para piorar o que já é péssimo, o governo do
estado encaminhou à Assembleia Legislativa uma proposta (Mensagem do Executivo
7.953/2016) que prevê redução de ICMS para incentivar a instalação de
termelétricas a gás. Para a usina a carvão, já há subsídio para a água
utilizada no processo de geração de energia. “Agora, querem ampliar esse
desastre a um altíssimo custo socioambiental, comprometendo nossas poucas
reservas de água e penalizando as pessoas que aqui vivem”, lamenta.
Energia sustentável
Para a diretora da 350.org Brasil e América Latina, Nicole Figueiredo de
Oliveira, o movimento global (Break Free 2016) pretende mostrar a importância
de nos libertarmos dos combustíveis fósseis. Especialmente a região Nordeste,
que concentra o maior potencial para renováveis entre todos os estados
brasileiros. “Não faz sentido investir numa energia suja, socialmente injusta e
que traz sérias consequências climáticas”, completa Nicole.
O Ceará já tem sofrido consequências do
aquecimento global: Agravamento das secas, avanço do mar, ondas de calor cada
vez mais severas, entre outros impactos. “Precisamos nos posicionar a favor da
implantação de um sistema energético limpo, que não consuma água nem emita CO2
e que barateie as contas de energia das pessoas”, argumenta.
Movimento Climático
Juliano Bueno de Araujo, coordenador da COESUS –
Coalizão Não Fracking Brasil e pela Sustentabilidade – entidade parceira da
350.org Brasil no movimento global ‘Liberte-se dos combustíveis fósseis’,
enfatiza a importância da adesão dos integrantes do Fórum Ceará no Clima:
“Precisamos estar unidos para lutarmos contra os hidrocarbonetos, especialmente
nas questões que envolvem o fraturamento hidráulico (FRACKING) e o uso e
contaminação da água, do solo e poluição do ar”.
O Fórum é a mais representativa organização do
Ceará e realizou em novembro de 2015 a maior marcha climática do Brasil na
véspera da Conferência do Clima (COP 21). Mais de 2 mil pessoas foram pedir o
fim dos fósseis e a transição segura rumo a energias 100% sustentáveis. Em
assembleia realizada no final de fevereiro, os integrantes do Fórum aprovaram a
adesão à COESUS, assumido a coordenação regional da campanha NÃO FRACKING
BRASIL no Ceará e a adesão ao Liberte-se. Para saber mais sobre o movimento,
acesse www.liberte-se.org e saiba como participar.
Audiência Pública
Nesta quinta-feira, 31 de março, acontece às
14h30 na Assembleia Legislativa do Ceará, em Fortaleza, audiência pública para
debater a mensagem que trata da redução da base de cálculo do ICMS para a
instalação de novas termelétricas no esgado. A diretora da 350.org Brasil e
América Latina, Nicole Figueiredo de Oliveira, estará presente e representará o
moviment Liberte-se dos Combustíveis Fósseis e a COESUS – Coalizão Não Fracking
Brasil.
Fonte: ENVOLVERDE
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