América
Latina desperdiça até 348 mil toneladas de alimentos por dia.
Aliança pretende reduzir pela metade o desperdício
e perdas de alimentos na região. Foto: Governo da Paraíba.
Com os alimentos que se perdem na região
latino-americana anualmente seria possível alimentar 37% daqueles que sofrem
com a fome em âmbito global, de acordo com a FAO.
Por Redação da ONU Brasil –
Um dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável
prevê reduzir pela metade, até 2030, o desperdício mundial de alimentos per
capita. Foto: Governo da Paraíba.
Na América Latina, perde-se ou se desperdiça até
348 mil toneladas de alimentos por dia, cifra que precisa ser reduzida pela
metade nos próximos 14 anos caso a região pretenda alcançar os Objetivos de
Desenvolvimento Sustentável (ODS), apontou a Organização das Nações Unidas para
Alimentação e Agricultura (FAO) na quarta-feira (30).
O terceiro boletim “Perdas e
Desperdícios de Alimentos na América Latina e Caribe”, da FAO, lembrou que o
Objetivo de Desenvolvimento Sustentável número 12 (ODS 12) está justamente
voltado para a necessidade de se garantir hábitos de consumo e produção
sustentáveis.
Esse objetivo estabelece a meta de se reduzir pela
metade, até 2030, o desperdício mundial de alimentos per capita tanto no
momento da venda, quanto por parte dos consumidores, assim como nas cadeias de
produção e distribuição.
De acordo com a agência da ONU, 36 milhões de
pessoas da região poderiam suprir suas necessidades calóricas somente com os
alimentos perdidos nos pontos de venda direta aos consumidores – número que
representa um pouco mais que a população do Peru e é maior que o número de
pessoas que ainda passam fome na América Latina.
A FAO e outras agências parceiras estão atualmente
elaborando o Índice Global de Perdas e Desperdícios de Alimentos, que será
importante para os países quantificarem as perdas e definirem suas estratégias
para alcançar o ODS 12.
América Latina e Caribe se mobilizam para reduzir
perdas
Cento e vinte e sete milhões de toneladas de
alimentos, 223 quilos por cada habitante da região, são os montantes totais
anuais de desperdícios na região da América Latina e Caribe.
Esses alimentos seriam suficientes para satisfazer
as necessidades alimentares de 300 milhões de pessoas, cerca de 37% de todas as
pessoas que passam fome em âmbito global.
A região já trabalha para reduzir esse desperdício.
Com o apoio da FAO, durante 2015 os governos estabeleceram uma rede de
especialistas, uma estratégia regional e uma aliança regional para a prevenção
e redução de perdas e desperdícios de alimentos.
Na Costa Rica e na República Dominicana, foram
criados comitês nacionais dedicados ao tema, e Argentina, Brasil, Chile,
Colômbia, México, Peru, São Vicente e Granadinas e Uruguai estão discutindo
iniciativas semelhantes.
A luta contra o desperdício de alimentos também faz
parte do principal acordo de combate à fome na região, o Plano de Segurança
Alimentar, Nutricional e Erradicação da Fome da Comunidade de Estados
Latino-americanos e Caribenhos (CELAC). O plano considera a eliminação das
perdas e desperdícios como uma condição fundamental para acabar com a fome até
2025.
Argentina desperdiça 12% da produção agroalimentar
O Programa Nacional de Redução de Perda e
Desperdício de Alimentos da Argentina estima que o país não aproveite 16
milhões de toneladas de alimentos, cerca de 12,5% da produção nacional
agroalimentar. Mais de 40% do volume desperdiçado correspondem a produtos
hortifrúti.
A FAO está desenvolvendo um projeto de cooperação
técnica com o governo argentino para desenhar uma metodologia de diagnóstico
sobre o desperdício de alimentos. Também atua para aumentar o nível de
conscientização do setor agroalimentar e dos consumidores por meio de manuais
que ensinam como aproveitar ao máximo os alimentos.
Avanços no Brasil, Chile, Colômbia, Costa Rica e
República Dominicana
No marco das políticas de segurança alimentar, o
Brasil tem apresentado projetos de lei para criar uma rede nacional de
especialistas, uma política nacional e uma estratégia coordenada para a redução
de perdas e desperdícios. Outro projeto de lei busca regulamentar a doação de
alimentos.
O Chile desenvolveu estudos preliminares para medir
a perda de alface, pão, arroz, batata e produtos do mar, além de atividades de
recuperação de alimentos em pontos de vendas e a criação de conselhos para
prevenir o desperdício doméstico.
O governo da Colômbia solicitou apoio técnico da
FAO para formular políticas públicas para abordar o tema no país. Já na Costa
Rica, a Rede para a Diminuição de Perdas e Desperdícios de Alimentos – SAVE
FOOD Costa Rica desenvolveu estudos nas cadeias de tomate e lácteos e realizou
ações para diminuir os desperdícios em restaurantes e empresas.
O Comitê Dominicano para Evitar as Perdas e os
Desperdícios de Alimentos trabalha com o setor público, privado, organismos
internacionais e a sociedade civil. O país também desenvolveu um estudo para a
consolidação de um Banco de Alimentos.
Fonte: ONU Brasil
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