Rios em
risco.
Rio Carinhanha é o quinto maior afluente do famoso
Velho Chico, aumentando em 20% o volume de suas águas, e sofre ameaça por
implantação de PCHs. Foto: © Germano Neto.
Ameaças colocam em risco rios do Grande Sertão
Veredas.
Por Redação do WWF Brasil –
O rio Carinhanha é um divisor natural dos estados
de Minas Gerais e Bahia, bastante citado na obra de Guimarães Rosa, “Grande
Sertão: Veredas”. Apaixonado por essa região de beleza única no Cerrado
brasileiro, o escritor via o sertão como importante fonte de água. Rosa
entendia que conservá-lo era um meio de preservar a vida do lugar. E ele estava
certo!
O Carinhanha é o quinto maior afluente do rio São
Francisco, aumentando em 20% o volume de suas águas. Foi também considerado por
pesquisadores da Universidade Federal de Lavras (UFLA) o segundo rio mais rico
em diversidade de peixes dentre os afluentes do Velho Chico. Ao todo, são mais
de cem diferentes espécies de peixes que vivem no seu leito.
No entanto, o Carinhanha e seus afluentes que correm
no oeste baiano podem sofrer com até 23 barramentos para geração de energia.
Essa ameaça foi um dos temas discutidos na reunião do conselho do Parque
Nacional Grande Sertão Vereda, na cidade de Côcos (BA), no início deste mês.
Nelson Miclos, secretário municipal de Meio
Ambiente de Côcos, disse estar preocupado com a qualidade e quantidade das
águas na região. Ele salientou que outro grande impacto é a captação exagerada
de água para irrigação de lavouras por pivô central.
“As tubulações que estão sendo instaladas cabem,
dentro, um homem em pé”, comparou. Segundo ele, a captação ocorre,
principalmente, no rio Itaguari, principal afluente do Carinhanha, mas esse
problema é recorrente em outros rios da região.
A intensificação do desmatamento em áreas do Cerrado
é também uma ameaça ressaltada pelos conselheiros, entre os quais estão
representantes da sociedade civil, de órgãos públicos, de universidades e de
organizações de base comunitária.
Kolbe Soares, analista de conservação do Programa
Cerrado Pantanal do WWF-Brasil, fez coro ao debate afirmando que, apesar da
existência de um mosaico de Unidades de Conservação que incentiva um modelo de
desenvolvimento sustentável no território, infelizmente, o desmatamento ilegal
no Cerrado não está sendo contido. “É comum, inclusive, ver a destruição no
interior de áreas protegidas de uso sustentável, em total desrespeito às leis
ambientais”, lamentou.
Para conter esse quadro, Soares aposta no
fortalecimento e funcionamento dos conselhos das UCs. “Os conselhos são um instrumento
de participação da sociedade na gestão e implementação das áreas protegidas do
bioma Cerrado”, explicou.
Outro tema discutido durante o encontro foi a
renovação da Secretaria Geral do Conselho do Parque, em que o WWF-Brasil foi a
organização eleita para compor o assento em substituição à Fundação
Pró-Natureza (Funatura), que cumpriu nos últimos anos dois mandatos
consecutivos.
Reunião do conselho do Mosaico Sertão Veredas
Peruaçu
Nos dias 7 e 8 de Abril, também em Côcos, foi
realizada a 24ª reunião do conselho consultivo do Mosaico Sertão Veredas
Peruaçu. Entre as deliberações está a realização de um seminário, em Agosto,
sobre o uso do solo e da água no território. O objetivo é encontrar soluções
relacionadas aos desmatamentos e uso inadequado dos recursos hídricos.
Na ocasião, também foi criado um Grupo de Trabalho
para os gestores das UCs compartilharem informações e ações com vistas ao
melhoramento da gestão integrada das UCs do Mosaico, como medida para atender a
uma lacuna identificada no estudo do WWF-Brasil sobre a Gestão Integrada de Áreas Protegidas: uma análise da
efetividade de mosaicos.
Fonte: WWF Brasil
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