Queda nas
sacolas plásticas em SP não reduziu conforto do paulistano.
Foto: Rafael Neddermeyer/ Fotos Públicas.
Um ano após a lei, consumo da sacola plástica caiu
70% em São Paulo.
Por Reinado Canto*
Foram anos de uma batalha acirrada que colocava em
lados opostos aqueles que defendiam a sacola plástica gratuita nos
supermercados contra aqueles que pediam pela cobrança e mesmo a substituição
por sacolas biodegradáveis.
Este articulista foi, por diversas ocasiões,
acusado de manter algum conluio com a Associação de Supermercados, pois sempre
defendeu a cobrança considerando fundamental para o processo de conscientização
quanto ao seu uso racional.
Em janeiro passado, a lei paulistana que coibiu o
uso da sacola plástica comemorou seu primeiro aniversário. Nesse período de um
ano, segundo a APAS – Associação Paulista de Supermercados (com a qual não
tenho qualquer relação profissional, diga-se de passagem) divulgou uma redução
de 70% no consumo das embalagens.
Essa brutal redução, graças às novas medidas de cobrança,
até onde eu sei, não foram responsáveis por tragédias pessoais ou destruição de
lares, muito menos ocasionou a queda da qualidade de vida da população. Foi tão
somente algo menos insano do que acontecia anteriormente nas quais as
sacolinhas eram usadas e descartadas de maneira totalmente indiscriminada.
Se antes da lei as pessoas pegavam quantas sacolas
quisessem, a cobrança fez com que muita gente analisasse se iria mesmo precisar
delas num determinado dia ou se utilizaria a até mais confortável e resistente
sacola retornável.
As novas sacolas adotadas depois da lei também são
ambientalmente menos agressivas já que são compostas por 51% de matérias-primas
renováveis em sua composição, tais como amido de milho e cana-de-açúcar.
Um mar de plástico triste, inútil e maligno
Aos que ainda resistem à ideia de se coibir o uso
das sacolas, vale analisar um alerta recentemente divulgado pela organização
WWF – World Wide Foundation – dando conta de que já existem 150 milhões de
toneladas de plástico nos oceanos. Segundo a ONG, até 2050 haverá mais resíduos
de plásticos do que peixes boiando nos mares do planeta.
Outro dado interessante, que além de tudo remete a
utilidade efêmera em contraposição à persistente contaminação causada por esses
materiais, foi apresentado no ano passado por Marco Simeoni, chefe da expedição
suíça Race for Water Odyssey: das 250 milhões de toneladas de plástico
produzidas por ano no planeta, cerca de 35% desse montante são usados por
apenas 20 minutos, uma única vez.
O plástico é, sem dúvida, um material fantástico
com múltiplas possibilidades de utilização, mas é também composto à base de
petróleo e gás natural, portanto matérias-primas não renováveis, além de
poluidoras e fortes contribuintes do aquecimento global.
Saber usar o plástico da melhor maneira possível,
seja como sacolas plásticas ou embalagens diversas, e depois reciclar esse
material para novas e nobres utilidades, traria benefícios para todos e menos
malefícios às pessoas e ao meio ambiente.
Precisamos torcer para que antes que o mar se
“plastifique” de uma vez, sejamos capazes de consumir com a parcimônia e o bom
senso de que as novas gerações tanto vão necessitar para viver bem num futuro
próximo.
* Reinaldo Canto é jornalista especializado
em Sustentabilidade e Consumo Consciente e pós-graduado em Inteligência
Empresarial e Gestão do Conhecimento. Passou pelas principais emissoras de
televisão e rádio do País. Foi diretor de comunicação do Greenpeace Brasil,
coordenador de comunicação do Instituto Akatu pelo Consumo Consciente e
colaborador do Instituto Ethos. Atualmente é colaborador e parceiro da
Envolverde, colunista de Carta Capital e assessor de imprensa e consultor da
ONG Iniciativa Verde.
Fonte: Época
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