Países
mais vulneráveis pedem ações urgentes e eficazes.
Os atrasos na elaboração de uma política nacional
contra a mudança climática no Malawi estão afetando milhões de pessoas que
vivem nas áreas mais sensíveis dessa nação do sul africano. Foto: Cortesia da
Sociedade da Cruz Vermelha do Malawi.
Por Reinaldo Canto*
Líderes de territórios ameaçados pelo avanço do
oceano se reuniram na Conferência do Clima, em Paris.
Para os participantes da 21ª edição da Conferência
do Clima, em Paris, é unânime o desejo de colocar em prática ações efetivas
contra o aquecimento global. Não foi por outra razão que para cá se dirigiram
os mais importantes líderes mundiais.
Deter o aumento da temperatura do planeta em 2°C já
constitui um imenso desafio. Mas se é o sonho da maioria, para outro países
mesmo isso é um pesadelo.
Acompanhamos o encontro dos chamados países mais
vulneráveis às mudanças climáticas. Entre eles, muitos dos países-ilhas ou que
possuem faixas litorâneas que já sofrem as consequências do aquecimento global:
Barbados, Costa Rica, Madagascar, Fiji e Filipinas, entre outros (esse último
possuidor de 2.400 ilhas que serão dramaticamente afetadas pelo aumento no nível
dos oceanos).
O que será negociado na Conferência do Clima em
Paris?
Quem abriu a reunião foi justamente o presidente
filipino Benigno S. Aquino III, que alertou para a necessidade de união na
busca por ações mais severas para reduzir as emissões de gases de efeito
estufa. Também estavam presentes Christiana Figueres, Secretária-Executiva das
Nações Unidas para as Mudanças Climáticas, e Mary Robinson, ex-presidente da
Irlanda e Alta Comissária de Direitos Humanos da ONU, deixando clara a relação
entre a questão climática e os direitos humanos, principalmente porque a
maioria das ilhas presentes no encontro possuem grande população litorânea.
As
representantes das Nações Unidas lembraram a fala do secretário-geral Ban Ki
Moon, ressaltando que atualmente 3 em cada 4 desastres humanitários estão
diretamente ligados às mudanças climáticas.
O ministro de meio ambiente e energia da Costa
Rica, Edgar Gutierrez, destacou que muitos países e, especialmente suas
mulheres e crianças, vão sofrer com o constante aumento da temperatura. Ele
afirmou ainda que a maioria desses países têm pouco a contribuir isoladamente,
porque suas emissões de gases estufa são marginais.
Caso os maiores emissores não ajam de maneira mais
contundente, muitos desses países irão desaparecer e as populações litorâneas
afetadas pelo aumento no nível dos oceanos devem se somar às atuais crises
migratórias (Síria, Afeganistão, países africanos).
Esperemos que o apelo dessas nações não necessite
de ações extremas como a ocorrida na COP-15, em 2009, quando a ilha de Tuvalu
interrompeu as negociações climáticas porque estava sendo fechado um acordo que
poderia levar ao desaparecimento de seu território.
Os países mais vulneráveis, portanto, pedem que os
demais participantes da conferência apoiem a Declaração dos CVF (Countries
Vulnerable Forum) com ações mais ambiciosas, eficazes e contribuam para que
suas populações (principalmente pequenos produtores rurais, comunidades de
pescadores e populações indígenas) sofram menos com as mudanças climáticas. Entre
as ações possíveis estão os financiamentos para adaptação de comunidades,
transferência tecnológica e capacitação para enfrentar essa nova realidade.
A COP-21 possui uma responsabilidade vital para o
futuro da humanidade. Parafraseando nosso dito popular: será preciso desenhar
pra que se entenda melhor?
* Reinaldo Canto é jornalista especializado
em Sustentabilidade e Consumo Consciente e pós-graduado em Inteligência
Empresarial e Gestão do Conhecimento. Passou pelas principais emissoras de
televisão e rádio do País. Foi diretor de comunicação do Greenpeace Brasil,
coordenador de comunicação do Instituto Akatu pelo Consumo Consciente e
colaborador do Instituto Ethos. Atualmente é colaborador e parceiro da
Envolverde, colunista de Carta Capital e assessor de imprensa e consultor da
ONG Iniciativa Verde.
Fonte: Época
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