Mato Grosso é único estado da Amazônia Legal a
registrar alta no desmatamento em cinco meses.
Daniela Torezzan/ICV
O desmatamento continua crescendo em Mato Grosso,
confirmando uma tendência que já vem sendo registrada nos últimos três anos. Os
dados de monitoramento por satélite mostram que, entre agosto e dezembro de
2015, Mato Grosso foi o único estado da Amazônia Legal onde o corte raso da
floresta aumentou (16%), em comparação com o mesmo período de 2014, passando de
362 quilômetros quadrados para 419 quilômetros quadrados. Nos demais estados
houve queda nas taxas de desmatamento. Os dados foram divulgados nesta semana
pelo Sistema de Alerta do Desmatamento (SAD), do Instituto do Homem e Meio
Ambiente da Amazônia (Imazon).
Os dados correspondentes aos cinco primeiros meses
do calendário oficial de monitoramento preocupam pois, além de contrariarem a
tendência de queda verificada na Amazônia Legal, confirmam a tendência de
retomada do desmatamento que vem sendo registrada desde 2013, com altas
progressivas desde o ano de 2013.
Uma análise detalhada do Instituto Centro de Vida
(ICV), de Mato Grosso, aponta que o desmatamento total detectado entre agosto e
dezembro de 2015 representa um aumento de 670% em relação a esse mesmo período
no ano de 2013.
Essa frente de forte expansão de desmatamento está
concentrada, principalmente, na região noroeste do estado, onde ainda há um
grande maciço florestal e onde acontece uma pressão para abertura de novas
áreas para utilização agropecuária. Colniza continua liderando o ranking dos
municípios que mais desmataram no estado, sendo responsável pelo corte raso de
74 quilômetros quadrados de floresta, o que significa 19% de todo o
desmatamento registrado. Na mesma região aparecem ainda Cotriguaçu, com 26
quilômetros quadrados desmatados, Juína e Juara, responsáveis, cada um, pela
supressão de 14 quilômetros quadrados de floresta.
Neste cenário, dez municípios foram responsáveis
por mais de 60% do desmatamento detectado em solo mato-grossense.
Para Alice Thuault, diretora adjunta do ICV, o
momento é grave e exige uma resposta rápida e contundente por parte do governo
do estado para enfrentar o problema. “Esta é uma situação que demonstra o
quanto é necessária a implementação de uma estratégia para combater o
desmatamento.
Representa uma oportunidade para o governo do estado implementar
as medidas anunciadas no final do ano passado, durante a COP- 21, em Paris, que
prevê o fim do desmatamento ilegal em Mato Grosso”, reforçou.
A referência é ao anúncio feito pelo governador do
estado, Pedro Taques de um pacote de medidas para zerar o desmatamento ilegal
no estado até 2020, prevendo a redução de 90% da taxa geral no bioma amazônico
e 95% no cerrado. Na época, o governador reconheceu como inaceitável o aumento
no desmatamento em Mato Grosso e se comprometeu a implementar uma estratégia
intitulada Produzir, Conservar e Incluir, composta por ações nestes três eixos.
Na produção, o estado pretende substituir 6 milhões de hectares de pastagens
com baixo rendimento em áreas de alta produtividade, compostas por 3 milhões de
hectares de plantio de grãos, 2,5 milhões de pecuária e 500 mil de floresta
plantada.
Para conservação, os principais pontos incluem,
além da meta de reduzir o desmatamento, manter os 60% de vegetação nativa
existente hoje no estado e recuperar 2 milhões de hectares de áreas de
preservação permanente (APPs). A parte de inclusão traz pontos ligados ao
aumento, de 20% para 80%, da participação da agricultura familiar no mercado
interno de alimentos, com a regularização fundiária em 70% dos lotes, com
aumento do acesso ao crédito.
Fonte: ICV
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