Infográficos
traduzem relevância e as principais ameaças do Pantanal.
Pôr do sol no Pantanal. Foto: © Adriano
Gambarini/WWF-Brasil.
Um pouco da Amazônia, uma parte do Cerrado, outra
da Mata Atlântica e uma porção do Charco boliviano, assim é o Pantanal. Sua
paisagem é conhecida por ser um mosaico de ecossistemas com muita água. É
considerado uma das maiores planícies de inundação contínua do planeta e também
um dos biomas brasileiros com maior fonte de vida de diversas espécies animais
e vegetais.
Estima-se que o bioma abriga 656 tipos diferentes
de aves, 325 de peixes, 159 de mamíferos, 98 de répteis, 53 de anfíbios e,
ainda 3,5 mil tipos de plantas. Somando tudo são 4,7 mil espécies que vivem na
região, sendo duas endêmicas e várias ameaçadas de extinção, como o
tamanduá-bandeira, o lobo-guará e a arara-azul. Mesmo com imensa relevância
ecológica, o brasileiro sabe pouco sobre o Pantanal.
Como comemoração ao 12 de novembro, Dia do
Pantanal, o WWF-Brasil criou infográficos para apresentar um pouco desse bioma
e mostrar sua importância para o Brasil e o mundo, as ameaças que pairam sobre
a região e as alternativas para protegê-lo.
Embora seja o bioma com a menor extensão territorial
no Brasil, o Pantanal é um dos mais exuberantes e o menos afetado: ainda mantêm
85% de sua cobertura vegetal nativa. A maior parte dos mais de 15% suprimidos
foram alterados pela ação humana. As principais ameaças à conservação do
Pantanal são o monocultivos de soja, cana-deaçúcar e eucalipto, as erosões do
solo, a criação extensiva de gado em pastos plantados e a implementação de
obras de infraestrutura, por exemplo, barragens e hidrovias.
No Pantanal vivem mais de 4,7 mil espécies animais
e vegetal. Foto: © Adriano Gambarini/WWF-Brasil.
Não é à toa, que o Pantanal é considerado
Patrimônio da Humanidade e Reserva da Biosfera pela UNESCO. Essas reservas, declaradas
pela Organização das Nações Unidas (ONU), são instrumentos de gestão e manejo
sustentável integrados que permanecem sob a jurisdição dos países nos quais
estão localizados.
São 170.500,92 km² totais – 62% da área está no
Brasil distribuída pelos estados de Mato Grosso do Sul e Mato Grosso, 20% está
na Bolívia e 18% no Paraguai -, sendo que a porção do Pantanal brasileiro
equivale à soma das áreas de quatro países europeus: Bélgica, Suíça, Portugal e
Holanda.
O ciclo das águas do Pantanal
A Planície do Pantanal, que também se estende pela
Bolívia e Paraguai, possui seus limites marcados por variadas formações de
chapadas com até 1 mil metros de altitude. A depressão geográfica da parte mais
baixa varia de 80 a 150 metros de altitude e é cortada por rios pertencentes à
Bacia do Alto Paraguai, onde a vegetação predominante é a de Cerrado. O que
significa que qualquer impacto no Cerrado afeta de forma drástica o Pantanal.
As planícies têm declive tão pequeno que retêm as
águas da chuva e as águas que descem nas cabeceiras nos rios pantaneiros. O
volume é impressionante: são 180 milhões de litros despejados por dia nos rios
pantaneiros, dentre os quais o Cuiabá, o São Lourenço, o Aquidauana e o
Paraguai.
No período da cheia, o aguaceiro eleva o nível das
baías permanentes; os rios transbordam, alagando 80% dos campos no entorno,
transformando a região em um impressionante lençol d´água, e os morros isolados
sobressaem como verdadeiras ilhas cobertas de vegetação, onde animais buscam
refúgio contra a subida das água.
Ameaças no Pantanal
Apesar da exuberância das paisagens, esta
importante região sofre ameaças comuns nos três países ocasionadas pelas
atividades de maneira não responsável. Até o momento, apenas 3,19% do Pantanal
brasileiro encontra-se protegido por Unidades de Conservação, dos quais 2,88%
correspondem a unidades de proteção integral, o que coloca ainda mais em risco
o bioma.
As fragilidades a que estão expostas a região do
Pantanal é o tema do estudo do WWF-Brasil sobre monitoramento das alterações da
cobertura vegetal e uso do solo na Bacia do Alto Paraguai (BAP), que avaliou
que a região já perdeu aproximadamente 50% de cobertura original.
A pecuária é uma das principais fontes de renda e
faz parte da cultura pantaneira. Foto: © Adriano Gambarini/WWF-Brasil.
Restam ainda 85,1% de cobertura vegetal na planície
e de 39,5% no planalto. A pecuária segue como forma de uso preponderante, mas
vem perdendo espaço para a agricultura, que cresce sobre antigas áreas de
pastagem. As terras plantadas com eucalipto aumentaram em 61 km2, entre 2012 e
2014, segundo o estudo, inclusive sobre áreas antes ocupadas por agricultura e
pastagens.
Sem falar que as paisagens pantaneiras estão em
constante risco pelas obras de infraestrutura, como a hidrovia Paraná-Paraguai,
meta dos países da Bacia do Rio da Prata, desde os anos 1990, para tornar os
rios Paraguai e Paraná canais de navegação industrial. Para isso, seriam
necessárias intervenções de engenharia, derrocamento e dragagem ao longo 3.400
km desde o Brasil (Cáceres) até o Uruguai (Nova Palmira).
O WWF do Brasil, da Bolívia e do Paraguai têm uma
visão integrada de conservação para o Pantanal, como forma de mitigar os impactos
identificados em toda e qualquer região do bioma, seja no Planalto ou na
Planície.
Segundo Julio César Sampaio, coordenador do
Programa Cerrado Pantanal, “o trabalho desenvolvido busca envolver a
conservação e a proteção dos ecossistemas aquáticos, o desenvolvimento de
cadeias produtivas, o planejamento sistemático do território e o
desenvolvimento de hábitos responsáveis de consumo”.
Sampaio explica que o trabalho consiste, por
exemplo, na realização de estudos de impacto sobre o uso do solo, além do cálculo
da pegada ecológica, o monitoramento da cobertura vegetal e o apoio à gestão de
unidades de conservação, principalmente, estimulando a criação de Reservas
Privadas do Patrimônio Natural. “Também ajudamos a conservar nascentes e áreas
degradadas e buscamos estimular a produção sustentável de carne com a promoção
de boas práticas para o fortalecimento da pecuária sustentável, entre diversos
outros projetos”, ressalta.
O Pacto em Defesa das Cabeceiras do Pantanal
O Pacto é uma aliança na qual a sociedade civil, o
setor privado (usuários de água) e o poder público se comprometem a promover o
desenvolvimento sustentável por meio da formação de parcerias e a gestão
compartilhada de ações e atividades, sempre com o foco na recuperação e
conservação das Cabeceiras – rios Jaurú, Sepotuba, Cabaçal e Paraguai,
responsáveis pelo fornecimento de 30% das águas do Pantanal – uma área que
abrange 25 municípios de Mato Grosso. A meta é recuperar 700 quilômetros de
rios, pelo menos 70 nascentes e a mata ciliar de 23 mil hectares com 11 milhões
de mudas, o que gerará mais de mil empregos.
Na época da cheia a área do Pantanal fica 80%
alagada. Foto: © Adriano Gambarini/WWF-Brasil.
Até o momento, a parceria entre as diversas
entidades do Pacto possibilitou algumas conquistas, como por exemplo a
instalação de 40 biofossas na zona rural da área abrangida, evitando que
dejetos humanos cheguem aos rios e melhorando a qualidade de vida dos produtores
que passam a ter saneamento básico e um biofertilizante para regar árvores
frutíferas.
Outro resultado positivo é que os municípios de
Tangará da Serra e Mirassol d’Oeste foram selecionados pela Agência Nacional de
Águas (ANA) para receber recursos financeiros que serão destinados à
implantação de projetos de Pagamento por Serviços Ambientais (PSA), por meio do
Programa Produtor de Água. Assim, em breve, os produtores dos dois municípios
serão remunerados financeiramente pela proteção das nascentes e dos recursos
hídricos locais, pela conservação das matas ciliares e pela implementação de
boas práticas agropecuárias e do manejo do uso do solo.
Cada entidade que adere ao Pacto se compromete
voluntariamente a implementar em sua localidade pelo menos três ações que
preservem as nascentes e os rios, como por exemplo: a recuperação de áreas
degradadas, a adequação ambiental de estradas rurais e estaduais até 2020, a
melhoria do saneamento básico, a implantação de biofossas nas zonas rurais e
melhoria da gestão de resíduos sólidos e da gestão de recursos hídricos.
Acesse os infográficos “Pantanal: Reino das Águas”
e “Pantanal: Soluções Sustentáveis“.
Fonte: WWF Brasil
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