Começou a
mudança.
Filhos de membros da Avaaz dão adeus aos
combustíveis fósseis em ato durante a COP21, em Paris. Foto: Emma Cassidy |
Survival Media Agency – via Tree Alerts.
Por Tasso Azevedo, do OC –
2015 foi o ano mais quente já registrado no planeta,
com a temperatura media ultrapassando 1ºC acima da média do período
pré-industrial, coincidindo com o aumento da concentração de carbono na
atmosfera ultrapassando pela primeira vez os 400 ppm (partes por milhão) e um
forte fenômeno El Niño.
Sob esta forte pressão foi aprovado em Paris o novo
Acordo Climático global com instrumentos suficientes para, nos próximos anos,
colocar o mundo numa rota de desenvolvimento que permita limitarmos o
aquecimento global – e as tragédias derivadas dele – bem abaixo de 2oC e se
possível 1,5oC. Para que isso seja possível teremos promover um completo
phase-out dos combustíveis fósseis até meados do século, além de outras ações
como zerar o desmatamento.
Os compromissos voluntários assumidos pelos países
durante a preparação do novo acordo são completamente insuficientes para
atingir este objetivo, mas o sistema de revisão quinquenal das metas começando
em 2020 abre a oportunidade de ampliar os compromissos na intensidade
necessária.
Sem tempo para esperar, o mundo real se movimenta
mais rápido. O preço do petróleo atingiu seu valor mais baixo em dez anos, o
preço do barril caiu de mais de US$ 100 em meados de 2014 para para os atuais
US$ 36 e ao invés de atrair investimentos e reduzir a atratividade de energias
renováveis, aconteceu o inverso. Começou um processo de desinvestimento no
setor. Vários fundos de investimento anunciaram em 2105 políticas de eliminação
programada da industria de combustíveis fósseis.
O investimento em energia renováveis modernas (ex.
solar, eólica) deve superar US$ 300 bi, quase o dobro de 5 anos atrás. O
aumento de capacidade instalada de solar e eólica deve superar a marca de 100
GW instalados em um ano, ou quase a capacidade instalada de geração
hidroelétrica no Brasil. A energia solar deve superar em um ano todas as outras
fontes em ampliação da capacidade instalada para geração de energia elétrica.
Baterias romperam a barreira dos US$ 300 por kWh,
metade do valor de cinco anos atrás. A viabilidade dos veículos elétricos já é
real em vários segmentos (na Inglaterra os carros elétricos representaram quase
5% da venda de veículos novos em 2015) e especialistas apontam que ao chegar em
US$ 150 por kWh as baterias ficam competitivas para utilização em larga escala,
não só para automóveis e ônibus, mas também para utilização em prédios e
residências.
Lembraremos de 2015 como o ano em que a mudança
começou a transbordar de vez.
* Tasso Azevedo é engenheiro florestal,
consultor e empreendedor social em sustentabilidade, floresta e clima.
Coordenador do Sistema de Estimativa de Emissões de Gases de Efeito Estufa do
Observatório do Clima (SEEG).
Fonte: Observatório do Clima
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