Brasileiros
pagaram R$ 6 bilhões a mais na conta de luz em 2015.
Termelétrica Luis Carlos Prestes, em Três Lagoas
(MS). Para suprir a falta de água, essas usinas são acionadas e tornam a conta
de luz mais cara. Foto: ©Carol Quintanilha/Greenpeace.
Hidrelétricas secas e termelétricas ligadas o ano
todo deixaram a conta de luz mais cara. Da bandeira vermelha à tarifa de
energia, tudo fez a conta subir.
Há algum tempo, a cada conta de luz que chega em
nossas casas, vemos seu valor subir e subir, sem parar. Até tentamos apagar uma
luz aqui, desligar um aparelho ali, mas a conta teima em ficar mais cara. Quase
R$ 6 bilhões foram desembolsados pelas residências brasileiras durante 2015 só
para pagar a bandeira tarifária – que desde que começou a valer, em janeiro,
nunca saiu do vermelho.
Pelas cores verde, amarelo e vermelho, a bandeira
tarifária indica a cada mês a situação da geração de eletricidade no país.
Quando muitas usinas térmicas, movidas a combustíveis poluentes, como o diesel
e o óleo combustível, são acionadas, o custo para gerar eletricidade é mais
alto. A bandeira, então, fica vermelha e esse custo é repassado aos
consumidores.
Mais de 60 milhões de residências estão incluídas
nesse sistema. Há também comércios, indústrias e outros consumidores que fazem
parte das bandeiras. Por isso, o valor destinado à conta das bandeiras
tarifárias ultrapassa os R$ 6 bilhões que saem das nossas casas.
O valor da bandeira vermelha mudou ao longo do ano
e atualmente custa R$ 0,045 por cada kWh consumidos. Parece pouco, mas
significa que cada residência pagou em média R$ 7,33 a mais por mês na sua
conta de luz. Ao ano, são R$ 88. Isso, sem considerar a tarifa de energia, que
também aumentou, e os impostos incluídos na conta.
Ao longo de 2015, a tarifa residencial de energia
no Brasil subiu em média 30%. Se voltarmos a maio de 2013, quando a conta
começou a subir, veremos um aumento de 63%. “Em algumas cidades, como São Paulo
e Porto Alegre, a tarifa chegou a dobrar”, comenta Larissa Rodrigues da
Campanha de Clima e Energia do Greenpeace.
Além de tornar nossa conta de luz mais cara, o
acionamento das termelétricas, causou nos últimos três anos um aumento de 25%
nas emissões de gases de efeito estufa (CO2) associadas à geração de
eletricidade.
Tudo isso é o resultado de um modelo baseado na
geração de eletricidade por hidrelétricas e usinas termelétricas movidas a
combustíveis fósseis. Hoje, quando falta água e as hidrelétricas falham em
entregar energia, pagamos a (alta) conta e as emissões de CO2 aumentam. É mais
do que necessário, portanto, que tenhamos uma matriz energética diversificada, contando
com a energia do sol e dos ventos – hoje já competitivas no mercado e que
precisam de incentivos do governo para crescer mais rápido.
Quer saber de onde está vindo sua energia agora?
Acesse o Monitor Elétrico aqui, que mostra todos os dias como é gerada a
eletricidade no Brasil.
Está ruim, e vai piorar
Já não bastasse a bandeira constantemente vermelha
e as tarifas que sobem sem parar, outros aumentos na conta de luz estão por
vir. Na última semana, o Senado aprovou a Medida Provisória 688, que, entre
outros pontos, permite que seja repassado ao consumidor os custos extras que
são gerados quando as hidrelétricas não conseguem entregar toda a energia que
se comprometeram. Isso está previsto nos contratos das empresas de energia.
“Para o consumidor os aumentos estão vindo de todos
os lados. Pagamos a mais pela bandeira tarifária, pagamos a mais pela tarifa
que não para de subir e vamos pagar pela seca que afeta as hidrelétricas”
afirma Larissa. A MP 688 foi aprovada pelo Senado na noite do dia 24 de novembro
e no momento aguarda sanção presidencial.
Participação Chinesa no Setor Elétrico
A aprovação da MP 688 pelo Senado deu sustentação
legal para que o governo realizasse um leilão para 29 usinas hidrelétricas que
estavam com seus contratos de concessões vencidos (saiba mais sobre essa
história aqui). A aprovação foi uma forma de autorização para que o governo
cobrasse um valor pela outorga dos novos contratos. Sem ela, o leilão teria que
ser remarcado. Assim, o governo levou R$ 17 bilhões das empresas que
arremataram as hidrelétricas. Desse valor, R$ 13 bilhões virão apenas da
empresa chinesa Three Gorges.
As 29 usinas hidrelétricas contratadas no leilão
somam 6.061 MW de potência instalada. A Three Gorges agora tem uma concessão de
30 anos para as hidrelétricas de Ilha Solteira e Jupiá, que eram de controle da
CESP e somam 4.995 MW de potência instalada.
Fonte: Greenpeace Brasil
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