Compromisso
com o desinvestimento em combustíveis fósseis.
Painel realizado durante a COP21, em Paris,
discutiu o desinvestimento em combustíveis fósseis. Foto: Emma Cassidy |
Survival Media Agency/ Flickr.
Instituições que aderiram à campanha de
desinvestimento de combustíveis fósseis esperam que suas ações possam
pressionar os governos a fazerem o mesmo.
Por Redação da Envolverde –
Paris, 2 de dezembro de 2015 – A campanha de desinvestimento
dos combustíveis fósseis quebrou um novo recorde na COP21: mais de 500
instituições que representam mais de US $ 3,4 trilhões em ativos fizeram algum
tipo de compromisso de acordo com a 350.org
e a Divest-Invest, duas organizações que estão coordenando este movimento.
Os novos números são mais um salto impressionante
dentro do esforço de desinvestimento. Mas os ativistas ressaltam que alguns
compromissos são apenas parciais e a cifra de US$ 3, 4 trilhões represente o
valor total dos ativos geridos pelas instituições que aderiram ao movimento e
não a quantidade de dinheiro desinvestido, que é difícil de controlar devido
aos diferentes graus de divulgação dessas organizações.
O anúncio desta quarta-feira é outro sinal, nos
primeiros dias da Cúpula do Clima de Paris, de que os investidores estão
prestando atenção às negociações e deslocando drasticamente o capital dos
combustíveis fósseis para energias limpas e renováveis. Na segunda-feira, Bill Gates e um grupo de investidores anunciou o lançamento
de uma multi-milionária coalizão do setor privado para acelerar a inovação em
energias limpas. Outras vozes, incluindo muitos dos países mais vulneráveis
do mundo, estão exigindo que o acordo de Paris envie um sinal claro de que a
era dos combustíveis fósseis chegou ao fim e o início das energias renováveis
é irreversível.
As instituições que aderiram à campanha de
desinvestimento de combustíveis fósseis esperam que suas ações possam
pressionar os governos a fazerem o mesmo, ou seja, tirar as finanças públicas
dos combustíveis fósseis em prol de soluções climáticas. Muitos estão pedindo
aos governos para cumprir suas promessas de acabar com os subsídios aos
combustíveis fósseis e seus compromissos de financiamento climático.
Em setembro de 2014, 181 instituições
representativas de US $ 50 bilhões em ativos fecharam um compromisso de
desinvestimento. Em 21 de setembro, durante a Semana do Clima em Nova York, a
350.org e a Divest-Invest anunciaram que esse o número havia saltado para 400
instituições que têm UD$ 2,6 trilhões sob sua gestão, e lançaram a iniciativa
“Desinvista para Paris” para angariar novos compromissos antes da COP21. Nesse
intervalo de 10 semanas, mais de 100 instituições fizeram novos compromissos de
desinvestimento.
No caminho certo
• 19 cidades francesas aprovaram o desinvestimento
antes da COP21: a 350.org tem garantido o compromissos de 19 cidades francesas,
incluindo Lille, Bordeaux, Dijon, Saint-Denis, Rannes, Ile-de-France, e outros.
• O parlamento francês aprovou o desinvestimento:
em 25 de novembro, a Assembleia Nacional francesa aprovou uma resolução
destinada a incentivar os investidores públicos, empresas (especialmente
aquelas das quais os estados possuem ações) e as autoridades locais a não mais
investir em combustíveis fósseis. A resolução é o primeiro passo para a
formalização dessa política como lei.
• A Fundação francêsa Ensemble vai se juntar à
iniciativa europeia Divest-Invest e desinvestir dos combustíveis fósseis. Desde
2004, a fundação tem dado mais de $ 28 milhões para causas ambientais ao redor
do mundo.
Ativistas da 350.org realizam ato contra
combustíves fósseis, durante a COP21, em Paris. Foto: Emma Cassidy | Survival
Media Agency/ Flickr.
Outros anúncios
• Uppsala tornou-se a maior cidade da Suécia a
endossar o desinvestimento dos combustíveis fósseis.
• Münster tornou-se a primeira cidade na Alemanha a
desinvestir completamente dos combustíveis fósseis.
• Melbourne, capital da Austrália, se comprometeu a
se tornar livre de combustíveis fósseis antes da COP21. Na verdade, a Austrália
tem visto um crescimento de sete vezes no movimento de desinvestimento,
passando de dois conselhos que desinvestiram em 2014 para a 14 agora. Juntos,
estes fundos representam R $ 5,5 bilhões em ativos sob sua gestão.
• Oslo, capital da Noruega, anunciou que sua fundo
de pensão vai desinvestir US$ 9 bilhões (€ 8 bilhões) de empresas de carvão,
petróleo e gás, tornando-se a primeira capital do mundo a proibir os
investimentos em combustíveis fósseis.
• O fundo de pensões holandês PFZW anunciou que vai
desinvestir de empresas de carvão e reduzir seus investimentos em outras
empresas de combustíveis fósseis. O fundo tem € 161 bilhões de ativos sob
gestão.
• London School of Economics, uma das mais
proeminentes escolas de economia do mundo, retirou todas as suas participações
diretas e indiretas de areias de alcatrão (tar sands), de carvão e, e todas as
participações diretas em companhias de combustíveis fósseis.
• Allianz, maior seguradora da Europa, desinvestiu
do carvão € 630 milhões de seu portfólio próprio de investimentos, e estão
reinvestindo mais de € 4 bilhões em energia eólica nos próximos 6 meses. Este é
um dos maiores fundos de fazer um compromisso de desinvestir dos combustíveis
fósseis. Allianz relacionou seu anúncio com a COP21.
• APRA AMCOS, a maior organização da indústria da
música no hemisfério sul anunciou que está começando o processo de
desinvestimento de todos os combustíveis fósseis. APRA AMCOS distribuiu mais de
US $ 250 milhões em royalties aos seus 87.000 compositores e
compositores-membros no ano passado, tornando-se uma grande força cultural para
o desinvestimento.
• O Museu da Ciência de Londres anunciou planos
para romper o contrato de patrocínio com a Shell, em meio a controvérsias e
pressão da opinião pública.
• Além da London School of Economics, 5
Universidades do Reino Unido tomaram medidas: Oxford Brookes University,
University of the Arts London, University of Surrey e University of Sheffield
desinvestiram de todas as empresas de combustíveis fósseis; Wolfson College
(Oxford University) desinvestiu das areias de alcatrão e do carvão. CCLA, que
gere investimentos para Birmingham City University, University Cranfiled,
Heriot-Watt University, University of Hertfordshire, da Universidade de
Portsmouth, da Universidade de Westminster excluiu as areias de alcatrão e o
carvão e de suas aplicações.
• A primeira igreja na Alemanha, a Igreja
Protestante em Hesse e Nassau, que gerem € 1,8 bilhão, se comprometeram a
reduzir os investimentos em carvão, petróleo e gás.
Os compromissos variam em sua linguagem exata e
alguns são apenas compromissos de desinvestimento parcial, ou apenas aplicam-se
a um combustível fóssil particular, tais como areias de alcatrão ou carvão. No
caso de muitas instituições da lista, os ativistas ainda estão pressionando por
mais ação. O número total se refere ao número de ativos sob gestão por parte
das instituições que fizeram um compromisso, não a quantidade de dinheiro
diretamente desinvestido dos combustíveis fósseis. O objetivo é demonstrar que
um número crescente de instituições significativas estão ou reduzindo seu risco
de carbono, adotando uma postura moral frente aos combustíveis fósseis,
aumentando seus investimentos em soluções climáticas, ou adotando todas essas
alternativas.
Fonte: ENVOLVERDE
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