Madeira
ilegal da Amazônia chega impunemente à Europa.
Madeireira Iller, envolvida com o comércio de
madeira ilegal, no Pará. Foto: © Greenpeace/Otávio Almeida.
Nova investigação expõe 26 empresas europeias que
estão importando produtos de fornecedor ligado ao comércio de madeira ilegal da
Amazônia.
A operação “Madeira Limpa”, deflagrada pela Polícia
Federal e o Ministério Público Federal de Santarém, no final de agosto de 2015,
desmantelou uma rede de corrupção e comércio ilegal de madeira atuando em
diversos municípios do Pará, e de outros estados. Entre os envolvidos está uma
madeireira, chamada Iller, que exportou para diversas empresas da Europa.
A investigação do Greenpeace mapeou a cadeia de
custódia da Iller, observando para quem ela vendeu diretamente nos últimos 18
meses. O relatório expõe, mais uma vez, importadores que têm falhado com a sua
obrigação de mitigar os riscos de adquirir madeira ilegal. Ao todo são 26
empresas europeias que, por meio de comercializações com a Iller, estão
importando madeira potencialmente ilegal da Amazônia e assim contribuindo para
a destruição da floresta.
A Operação Madeira Limpa revelou que a Madeireira
Iller Ltda usava documentos fraudados para lavar madeira ilegal. Todo o esquema
ainda contava com a ajuda de oficiais corruptos e intermediários. Dessa forma,
a madeira conseguia deixar o Brasil como se fosse legal para ser vendida na
Europa. A Iller utilizou algumas das diversas formas de fraudar o sistema
madeireiro que o Greenpeace vem expondo desde maio de 2014, na Campanha Chega de Madeira Ilegal. Essas fraudes no sistema de controle
madeireiro na Amazônia brasileira tornam a documentação oficial
irrelevante como garantia da legalidade da madeira.
O relatório descreve como importadores da União Europeia
em vários países compraram madeira da Iller, apesar de, antes mesmo de a
Operação ocorrer, já haver informações suficientes publicamente para concluir
que a papelada oficial que acompanha a madeira da empresa não poderia ser
confiável.
“Os importadores de madeira na Europa que compraram a madeira da
Iller e de outras madeireiras suspeitas continuam ignorando evidências e
conectando suas atividades à destruição da Amazônia”, afirma Marina Lacôrte, da
Campanha da Amazônia do Greenpeace.
O Greenpeace pede que as autoridades da União
Europeia cumpram a lei contra a entrada de madeira ilegal na Europa
inspecionando todas as empresas que importaram madeira da Iller durante os
últimos 18 meses e penalizando aqueles que não aplicaram uma mitigação de risco
adequada à situação dos fornecedores da Amazônia.
A EUTR (Europe Union Timber regulation), legislação
referente à entrada de produtos madeireiros estrangeiros nos países membros da
União Europeia, proíbe a entrada de madeira extraída de forma ilegal no mercado
europeu. A lei afirma que os importadores devem ser prudentes e tomar as
medidas necessárias para mitigar esse risco e evitar a contaminação.
Veja aqui o relatório: A Crise silenciosa da Amazônia:
Parceiros do crime
Apenas uma das empresas contatadas pelo Greenpeace
recusou diversas ofertas da madeireira Iller.
Entre outras verificações, a
empresa utilizou um indicador para detectar a possibilidade de estar comprando
madeira ilegal, que foi previamente documentado e publicado pelo Greenpeace
Brasil, no relatório Licença para Lavar: Garantida.
“Para acabar com o problema de uma vez por todas,
as empresas também têm que fazer a sua parte, apoiando de maneira ativa e
pública uma reforma robusta no sistema de controle de produtos madeireiros, a
começar pela revisão de todos os planos de manejo ativos na Amazônia”, afirma
Lacôrte.
Fonte: Greenepace Brasil
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