Uma
viagem ao Brasil do futuro.
Por Thaís Herrero, do Greenpeace
Brasil –
Como será a vida de um brasileiro daqui a 34
anos caso o país transforme sua forma de produzir e consumir energia? Ou seja,
caso faça a [R]evolução Energética proposta pelo Greenpeace Brasil.
É 24 de agosto de 2050 e o brasileiro Renan
Válveis acorda para mais um dia que parece comum. Ao abrir as cortinas do
quarto, fica feliz ao ver o dia ensolarado. Liga o chuveiro e a água sai
quentinha graças ao sistema de aquecimento solar térmico que está no telhado de
sua casa.
No caminho para o trabalho, encontra sua vizinha
exibindo a nova aquisição: um modelo popular de carro movido a eletricidade.
Elen Étrica é uma mulher conectada às novidades e, claro, não ficaria de fora
da popularização desse tipo de veículo. No Brasil de Renan e Elen, a gasolina e
o diesel estão no passado. A eletricidade corresponde ao “combustível” de 25%
do setor de transportes.
“Meu pai mal pôde acreditar quando andou pela
primeira vez no meu carro. Quando ele era jovem, era um objeto para poucos
porque eram caros de mais e faziam suas contas de luz ficarem altíssimas”,
conta Elen.
Como ela instalou placas solares fotovoltaicas em
seu telhado, boa parte da eletricidade que consome vem da luz do sol, e suas
contas de luz estão vindo baixas, mesmo com o carro elétrico.
Ela não é a única brasileira que gera sua própria
energia em casa. Agora cerca de 14% da eletricidade consumida no Brasil vêm de
sistemas fotovoltaicos que geram energia solar – uma fonte limpa e renovável de
energia. Desde os idos de 2015, quando essa fonte representava 0,01% da nossa
matriz elétrica, foi um crescimento considerável. E só possível porque o
governo passou a facilitar a compra de sistemas fotovoltaicos diminuindo alguns
tributos. Como custam 20% menos do que em 2015, Elen pôde adquirir um.
Ao se despedirem, Renan pensa que a novidade dela
é até legal, mas prefere manter a rotina de pedalar para o trabalho. Quando
chove, vai de ônibus, afinal, a qualidade do transporte público é muito melhor
hoje do que nas décadas passadas. Há tempos os governantes passaram a investir
nessa área e muitos brasileiros deixaram de usar carros particulares. Por isso,
o trânsito da cidade está muito mais fluido e a qualidade do ar melhorou
consideravelmente.
Há três anos Renan trabalha na empresa Ventania,
na qual é engenheiro projetista de turbinas eólicas – uma profissão impensável
para seus avós. E os negócios vão cada dia melhor. A energia dos ventos é hoje
a segunda principal fonte de eletricidade, responsável por um quarto da geração
no Brasil. E Renan se sente orgulhoso, afinal, o Nordeste, região onde nasceu e
vive, concentra 83% da capacidade instalada de geração eólica do país.
Já no escritório, Renan abre seu site favorito e
uma notícia chama atenção: “O Brasil alcança 47% de eficiência energética”.
Segundo a reportagem, o cálculo compara o cenário do país em que vivemos em
2050, e o cenário caso os governantes, desde 2016, não tivessem apostado na
eficiência energética.
O texto explica que o Brasil aprendeu a evitar o
desperdício entre a energia produzida e a consumida. E reduziu o consumo em
muitos setores. As indústrias, por exemplo, não perdem mais energia em
processos de aquecimento e aproveitam mais a fonte solar térmica. A população
só encontra nas lojas eletrodomésticos com nível A de eficiência.
O novo modelo de transportes de cargas, hoje
baseado em ferrovias, também foi responsável por boa parte desse sucesso de
eficiência. Nos últimos 30 anos, o Brasil protagonizou uma intensa migração do
modelo rodoviário (que era caro, poluente e ineficiente) para um modelo baseado
em ferrovias e eficiência logística, com o melhor aproveitamento das viagens.
Uma lembrança vem à mente de Renan. Quando era
criança, da janela do seu quarto ele observava o intenso fluxo de caminhões nas
avenidas e nunca entendeu direito porque não via trens passando pela ferrovia
ao lado das estradas. Agora adulto, esse cenário é justamente o oposto.
No fim do dia, chega no celular de Renan a
mensagem do amigo Fábio Massa: “Quer ir comigo ao Museu da [R]evolução
Energética? Chego às 18h e vou de metrô.” Renan aceita o convite, afinal, ainda
não conhecia aquele museu. Inaugurado há oito meses, foi construído para
comemorar o primeiro ano em que o Brasil alcançou 100% de sua matriz energética
limpa e renovável.
O museu traz a história da ascensão e declínio
dos combustíveis fósseis na geração de energia no Brasil. O petróleo foi
fundamental para o início da nossa industrialização no começo do século XX, mas
se mostrou uma fonte problemática demais diante da liberação de gases poluentes
e do perigo de agravar as mudanças climáticas.
A exposição sobre as usinas nucleares é a que
Fábio acha mais comovente. O governo brasileiro desativou todas as suas usinas
em 2049, mas ele ressalta com Renan que foi uma demora longa demais. “Como uma
fonte com risco de contaminação e acidentes, que matou milhares de vidas em
muitos países, demorou tanto tempo para ser vista como um absurdo pelos
governos?”, questiona.
Renan não assume, mas se emociona muito ao ver
imagens do acidente na usina de Fukushima, no Japão, em 2011. Água
radioativa foi despejada no mar por anos e anos após o desastre, que obrigou
145 mil pessoas a se deslocar.
Apesar de Renan Válveis e Fábio Massa conhecerem
um cenário que foi por anos equivocado e de excessiva emissão de gases de
efeito estufa por fontes fósseis, o passeio ao museu termina em um tom
otimista. Afinal, aquele Brasil está no passado.
Os amigos saíram de lá especialmente felizes
depois de conhecerem a história do povo indígena Munduruku, que vive na região
do Rio Tapajós, no Pará. Durante o século XXI, esses índios foram ameaçados
pelo planejamento de várias hidrelétricas que alagariam parte de suas terras e
os obrigariam a abandoná-las. Isso faria com que eles perdessem séculos de
cultura e tradição. Em 2016, o projeto da usina de São Luiz do Tapajós – que
inundaria 376 quilômetros quadrados de florestas, incluindo parte de uma Terra
Indígena – teve seu processo de licenciamento ambiental cancelado.
São Luiz do Tapajós foi o primeiro projeto de
centenas que não foram mais permitidos na Amazônia. Isso garantiu que os
Munduruku e muitos outros povos tradicionais, indígenas, ribeirinhos e tantos outros
pudessem manter seus modos de vida em harmonia com a floresta amazônica – que
também se viu protegida de grandes devastações.
Esse Brasil de 2050 era um sonho em 2016. Um sonho, mas que se mostrava possível graças a um estudo do Greenpeace Brasil. Nele, todo o caminho para chegarmos a uma matriz com 100% de energias limpas e renováveis foi apresentado. E os governos dos anos seguintes apostaram na Revolução Energética e nos benefícios ao país (e ao mundo) que ela traria.
Ainda não temos certeza se a história de
brasileiros como Renan Valvéis será realmente assim em 2050. Mas você pode
ajudar a construir esse Brasil do futuro. Conheça o [R]evolução Energética e faça parte desse movimento por
Renováveis Já!
Fonte: Greenpeace
Brasil
Nenhum comentário:
Postar um comentário