Principais
supermercados do Brasil fecham o cerco contra a carne de desmatamento.
Com a entrada das três maiores redes de
supermercados do Brasil no acordo, a estimativa do Greenpeace é que pelo menos
80% do volume de abate bovino na Amazônia passe a ser monitorado. Foto: © Bruno
Kelly / Greenpeace
Por Redação do Greenpeace Brasil –
Em resposta à exigência dos consumidores, Carrefour
torna pública sua nova política de compra de carne bovina. Pão de Açúcar e
Walmart também já aderiram.
O Carrefour, segunda maior rede de varejo do
Brasil, acaba de anunciar sua política de compra de carne bovina e as novas
ferramentas que serão implementadas para garantir a seus consumidores a venda
de carne livre de desmatamento e violações socioambientais.
Com isso, as três maiores redes do Brasil, que
juntas correspondem por um terço do mercado varejista nacional, segundo o
ranking da Associação Brasileira de Supermercados (ABRAS), acabam de criar uma
importante barreira para o desmatamento da Amazônia, enquanto enviam um recado
claro a toda a cadeia de produção de carne bovina: os consumidores tem o
direito a uma carne sem desmatamento e os frigoríficos que atuam na Amazônia
terão que se adequar.
“Os supermercados são uma das principais portas de
entrada da carne para a mesa dos brasileiros e, com o comprometimento e apoio
do Carrefour, juntamente com as outras duas maiores redes, poderemos mante-las
fechadas para o produto contaminado com desmatamento, trabalho escravo e
invasão de terras indígenas”, afirma Adriana Charoux, da campanha Amazônia do
Greenpeace.
A vitória é uma resposta à campanha Carne ao Molho Madeira, lançada pelo Greenpeace
no final do ano passado, e aos pedidos de milhares de consumidores, que
questionaram os supermercados sobre a origem da carne e exigiram um produto
seguro e livre de violacões socioambientais. Mais de 29 mil pessoas assinaram a
petição.
Um dos pontos importantes anunciados pelos três
gigantes do varejo, que deve impactar nas gôndolas de mais de 2.500 lojas em
diversos estados, é a implementação de sistemas de monitoramento e exclusão de
fornecedores, todos baseados no Desmatamento Zero. Com a ajuda dos
supermercados, os frigoríficos médios e pequenos têm um estímulo a mais para
desenvolver e integrar sistemas de monitoramento da carne que vendem
diariamente aos seus clientes.
– Walmart e Pão de Açúcar já se
comprometeram
Outro avanço é que as três redes passarão a exigir
carne sem desmatamento de todos os biomas.
Com o anúncio do Carrefour, somado ao já assumido
pelos outros supermercados, haverá pelo menos mais sete frigoríficos que atuam
na Amazônia comprometidos com o Desmatamento Zero. A estimativa do Greenpeace é
que isso represente pelo menos 80% do volume de abate bovino na Amazônia.
Apesar de todos os avanços alcançados, a pecuária
ainda é o principal vetor de desmatamento na Amazônia e isso precisa mudar.
“Os governos tem a responsabilidade de transformar
os acordos de mercado em políticas públicas robustas que incluam todos os
produtores, frigoríficos e supermercados que atuam na complexa cadeia da
pecuária” completa Adriana.
Os mecanismos existem e estão disponíveis. E a
demanda legítima da sociedade, representada pelas mais de 1.4 milhão de
assinaturas, mostra que não queremos ser cúmplices do desmatamento e tantas outras
mazelas que caminham de mãos dadas com ele, seja na Amazônia ou qualquer outra
floresta.
Saiba mais sobre o Compromisso Público da Pecuária
Assinado em 2009, após denúncia do Greenpeace, o
Compromisso Público da Pecuária conta atualmente com três frigoríficos
signatários – JBS, Marfrig e Minerva, que juntos representam cerca de 70% do
abate na Amazônia. Segundo estudo, o acordo foi fundamental para acelerar a
regularização fundiária e a queda do desmatamento nas fazendas que forneciam
diretamente para os frigoríficos que entraram no compromisso.
Fonte: Greenpeace Brasil
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