Retrocesso e barganha na aprovação da PL do VENENO, artigo de Rodrigo Berté.
Embalagens
vazias de agrotóxicos
Enquanto, por um lado, pessoas que
buscam uma vida mais saudável, livre de químicos e produtos que
agridem a natureza, por outro, uma minoria de latifundiários e
empresa produtoras de venenos agem para promover uma verdadeira
revolução no campo – a PL DO VENENO.
A aprovação do projeto de lei n.
6.299, chamado de PL dos agroquímicos, que ainda passará por várias
discussões e provavelmente sanção presidencial, tira toda a
rotulagem da lei anterior, deixando somente para o Ministério da
Agricultura a aprovação ou não de um novo veneno. Atualmente, esse
tipo de demanda passa pelo Ministério da Saúde, Ibama e Ministério
da Agricultura e mesmo assim há contradições. Um exemplo clássico
são os produtos rejeitados na União Europeia e utilizados no
Brasil, ainda que autorizados pelos órgãos reguladores.
Se a nova Lei for aprovada na
íntegra, os AGROTÓXICOS
serão chamados de DEFENSIVOS AGRÍCOLAS OU PRODUTOS FITOSSANITÁRIOS.
Até aí, uma pequena mudança, mas a liberação desses produtos
passaria a ser regulada somente pelo Ministério da Agricultura, cujo
Ministro é um dos maiores produtores e detentor do agronegócio
brasileiro. Isso causa estranheza e preocupação.
É importante salientar que o Brasil
é um dos países que mais usa agroquímicos legalizados e não
legalizados do mundo, uns contrabandeados do Paraguai e da Bolívia.
As consequências desse tipo de prática são inimagináveis. O
Instituto Nacional do Câncer (Inca) elaborou vários relatórios
sobre o uso indiscriminado e inadequado na aplicação dos venenos,
que apontaram como resultado a morte de agricultores e o aparecimento
de tumores na população.
Seres humanos e o meio ambiente são
objetos desta indústria, que vende esses produtos cotados em moeda
americana aos produtores com grandes lucros e poucas campanhas para
orientar os seus usos. Há uma indústria forte, mantida por
corporações mundiais, que detém a tecnologia da semente modificada
e do veneno utilizado para as pragas oriundas da produção.
Retroceder neste caso, será matar
aos poucos os seres vivos, com doses ‘homeopáticas’ de veneno
por meio de alimentos ditos “livres de agrotóxicos”. A cada ano
o brasileiro ingere mais de 3 litros de veneno, que são agregados
aos produtos da horta ou à soja, que está presente em vários
alimentos que consumimos.
A esperança neste momento está no
veto presidencial. Por isso, precisamos sensibilizar a população,
os políticos e, em especial, a mídia.
Rodrigo Berté, Diretor da
Escola Superior de Saúde, Biociência, Meio Ambiente e Humanidades
do Centro Universitário Internacional Uninter.
Fonte: EcoDebate
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