Líder 2030 Talks – Caminhos para que RH ajude na incorporação da sustentabilidade.
Por Caroline Ligório, da
Envolverde, especial para a Plataforma Liderança Sustentável* –
No Líder 2030 Talks, promovido pela
Plataforma Liderança Sustentável, empresas apontaram caminhos para
que a área de recursos humanos das companhias ajude na construção
de cultura de sustentabilidade. De forma unânime, comunicação,
educação, treinamento e voluntariado são apostas para que tenham
êxito nessa empreitada.
Nespresso –
A empresa assinou, em 2014, o compromisso The Positive Cup,
cujo objetivo é que cada xícara de café gere um impacto positivo
tanto na sociedade quanto no meio ambiente que permeia o processo
produtivo. O compromisso com a sustentabilidade tem quatro pilares:
café, alumínio, clima e companhia. Em relação ao café, a empresa
tem na sua estratégia o treinamento dos agrônomos que prestam
consultoria para os produtores de café para que a colheita seja
sustentável.
O pilar companhia tem
foco nos colaboradores, tanto na construção de um ambiente seguro
de trabalho, como também na missão de engajá-los para que possam
vivenciar na prática os valores de sustentabilidade. O trabalho de
comunicação interna e os treinamentos buscam atingir os 600
funcionários. Na primeira semana de integração, um dia é voltado
exclusivamente para o conhecimento teórico sobre o The
Positive Cup e a visita ao centro de reciclagem.
Com 70% dos funcionários atuando em
contato direto com os clientes nas lojas, a empresa identificou
multiplicadores que recebem um investimento maior de conhecimento e
visitam o campo para conhecer como é o programa. Essa experiência é
posteriormente compartilhada com os demais colaboradores. O
engajamento e conhecimento são perpetuados por meio de um
relacionamento em rede, no qual todos são agentes ativos para que a
sustentabilidade seja incorporada ao negócio da empresa.
Vale –
Investir no treinamento e educação é também o caminho que a Vale
segue. A Valer, universidade corporativa da empresa, tem o
compromisso com a educação e formação de pessoas para geração
de emprego e renda nas comunidades onde a empresa atua. O Programa de
Formação Profissional oferece educação, em parceria com
universidades e escolas técnicas, para que trainees
possam ser admitidos nas operações. Em 2017, foram
900 trainees admitidos na Vale. O Programa de
Especialização Profissional implementa formações em engenharia
portuária, engenharia ambiental e engenharia de minas.
O trabalho junto à liderança
ocorreu em 2003 no Fórum de Liderança Empreendedora, o qual
permitiu a construção de gestão e liderança da companhia. Em
contato com antropólogos, sociólogos e empreendedores sociais, a
liderança foi formada para lidar com a diversidade no dia a dia.
Ambev – Para
que seus colaboradores percebessem a sustentabilidade como centro do
negócio e nas atividades executada na jornada de trabalho, a Ambev
optou por três frentes de atuação. A comunicação interna
sistêmica passou a dar visibilidade para ações que já eram
realizadas, como redução do consumo de água na cervejaria,
reciclagem, voluntariado e adoção de bacias hidrográficas.
Ainda com o foco na comunicação, a reconstrução da agenda de
integração da companhia coloca o funcionário desde o primeiro dia
em contato com a pauta de sustentabilidade.
A segunda frente relaciona-se com os
processos internos. A empresa, pautada em resultados, metas e
objetivos, atribuiu ao RH, o qual tem o papel de defini-los, a
integração da temática nas metas para todos os níveis da
companhia. A terceira frente canaliza a atividade do time para ações
com impacto social positivo. O Programa Voa, lançado em 2018,
é resultado da ação do voluntariado dos funcionários de
compartilhar, na plataforma, as ferramentas de gestão da empresa com
ONGs espalhadas pelo Brasil, para ampliar o escopo de atuação da
ONG e o impacto positivo que elas têm na sociedade, garantindo que o
projeto seja perene.
Coca-Cola –
Com o propósito de englobar o todo e fazer com que sustentabilidade
não fosse apenas admirada pelos colaboradores, mas um projeto da
empresa, a Coca-Cola, por meio de treinamentos, comitês
multifuncionais, trabalhos voluntários e critérios de
sustentabilidade para a inovação, incorporou a temática aos
negócios. Em 2015, o presidente da Coca-Cola do Brasil apontou, como
passo significativo do processo, o conhecimento aprofundado do
negócio. Dessa forma, para ser um funcionário de destaque na
empresa e uma liderança, tornou-se uma exigência o conhecimento
sobre sustentabilidade.
Pessoas de diversas áreas passam a
trabalhar por cerca de dois a três anos com a equipe voltada
exclusivamente para a temática constituída por cinco funcionários,
absorvem esse conhecimento e voltam para suas áreas com um olhar
mais cuidadoso e capaz de identificar o impacto e o valor das
decisões.
Braskem –
Desde o seu surgimento em 2002 a Braskem, por meio do
lançamento do Manifesto público, comprometeu-se em se firmar no
mercado de forma sustentável. Em 2014, os integrantes foram
convidados a pensar sobre a nova crença e propósito da empresa. A
capacitação em sustentabilidade abrange 100% dos funcionários e o
trabalho de voluntariado, em seu segundo ano, expressa resultados
positivos em relação à adesão, saltando de 4% para 10%.
Os caminhos adotados por cada
empresa são diversos e refletem a realidade e o impacto enfrentados
por cada uma. Porém, através do compartilhamento de informações e
conhecimento como os cases apresentados no evento
Líder 2030 Talks, pode-se levar adiante um trabalho que vem sendo
feito para engajar todos os níveis colaborativos das empresas.
Sustentabilidade
corporativa, uma mudança cultural
Duratex – A
empresa iniciou esse processo em 2015, por meio da estratégia
Duratex 2025. Antonio Joaquim, CEO da companhia, explica o papel do
RH. “Isso não poderia ser feito sem o RH, o garantidor da
perenidade. Afinal mudar a cultura de sustentabilidade não é algo
estanque, como uma campanha de comunicação, é uma mudança de um
processo”.
O primeiro passo foi realizar rodas
de diálogos com os colaboradores para abordar a sustentabilidade.
Diante de fotos que tratavam de temas mundiais como mudança do
clima, direitos humanos e escassez de recursos naturais, os
colaboradores refletiam sobre como suas atitudes diárias impactavam
positiva ou negativamente o ambiente. Após o lançamento da
estratégia Duratex 2025, um jogo lúdico formou mais de 400 líderes
para que pudessem disseminá-lo para os colaboradores.
Novelis –
Assim como a Duratex, a Novelis em 2015 percebeu a necessidade da
transformação cultural. “Cultura é a maneira como as pessoas
pensam e agem dentro da empresa. Para fortalecer essa cultura você
precisa criar experiências fortes. Experiências nos levam às
crenças, que nos levam às nossas ações, que nos levam aos
resultados”. Para Glaucia Teixeira, VP de RH da Novelis, essa
experiência foi permitida pela cultura de se portar como dono do
negócio.
Portanto, elaborou-se uma estratégia
seguida mundialmente com 5 focos: segurança, qualidade, foco do
cliente, excelência operacional e retorno sobre o capital empregado.
Com a estratégia definida, 150 líderes globais definiram as crenças
culturais que permitiriam que essa estratégia fosse alcançada,
tendo como base os princípios: faça o certo, fale abertamente, atue
como dono, tenha foco e vença com o time. Com a estratégia e os
meios para alcançá-la definidos, seguiu-se a elaboração do
propósito. A contribuição de mais de 400 funcionários levou à
questão da sustentabilidade e assim estabeleceu-se o propósito:
Juntos, criamos um mundo sustentável.
Algar – A
participação coletiva e o engajamento de todos é o que busca fazer
o RH como ator principal da temática. A Algar Telecom, como primeira
medida, implementou recursos em prol da sustentabilidade e entendeu
que a temática não é uma missão apenas de uma assessoria, mas de
toda a empresa. O comitê, criado com 49 integrantes de diversas
áreas, se reúne periodicamente a cada dois meses e discute as
principais metas, objetivos e prioridades de sustentabilidade.
O treinamento customizado, levando
em consideração as especificidades de cada área e os impactos
sociais e ambientais diferentes gerados, dissemina e engaja os outros
colaboradores da organização. O engajamento dos líderes se dá por
meio da remuneração variável semestral, a qual tem objetivos
ligados ao tema. “Tente transformar os resultados de
sustentabilidade na linguagem corporativa que todos estão
habituados, tente transformar os resultados monetariamente”. Para
Cristiana Heluy, Head de Sustentabilidade e Comunicação da Algar
Telecom, esse é um passo importante nessa transformação para uma
cultura sustentável.
Itaú-Unbanco –
A aposta do Itaú Unibanco é enaltecer o propósito e a experiência
dos colaboradores. Segundo Claudia Politanski, VP de RH do Itaú
Unibanco, o propósito do banco é estimular o poder de transformação
das pessoas. “Somos gente que move gente. O mundo de hoje mostra
que precisamos que os nossos colaboradores tenham experiências
diferentes, especiais e com muito significado.”
O relacionamento com os clientes
motivou a mudança no relacionamento com os colaboradores. Deixou-se
de ter uma visão sob a lógica de produto de RH, para se pensar na
jornada de cada um.
Consequentemente, essa mudança refletiu na forma
de medição dos resultados. A qualidade da venda e interação do
colaborador com o cliente tem prioridade em detrimento do volume de
vendas.
Diante de mais 70 milhões de
clientes, um público muito diverso, a diversidade se mostrou como um
grande desafio para a empresa. O Itaú-Unibanco percebeu a relevância
de colaboradores diversos para que possam se conectar com os clientes
de uma forma verdadeira. Realizaram uma série de ações internas e
externas, firmaram compromissos públicos e mobilizaram a liderança
em prol do tema. Para incentivar o empreendedorismo de suas equipes,
essas deixarão de ser fixas e o trabalho passará a ser feito em
comunidade, de modo mais ágil e com mais abertura para autonomia e
colaboração.
Na opinião de Claudia Politanski, a
mudança cultural da empresa determina sua perenidade. “A gente tem
o desafio de permanecer na escolha das pessoas. São as pessoas que
escolhem vir trabalhar conosco, são as pessoas que escolhem fazer
negócios conosco. O desafio de fazer com que a escolha dessas
pessoas seja a nossa empresa é o que vai possibilitar que a gente
continue a existir e ter um papel relevante na sociedade.”
*Série de artigos
produzidos por jornalistas especializados nos diversos campos da
sustentabilidade, coordenada pelo editor Dal Marcondes, em uma
parceria entre a Envolverde e a Plataforma Liderança Sustentável.
Fonte:
ENVOLVERDE
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