Estudo disponibiliza boas práticas de manejo em aquaponia.
Por Cristina Tordin (MTB 28499)
Embrapa Meio Ambiente
Embrapa Meio Ambiente
Aquaponia
– Foto: Julio Queiroz
A aquaponia – integração da
aquicultura com a hidroponia – se consolida como uma importante
atividade para o agronegócio. Como o sistema tem por base a
reciclagem da água, ele minimiza a geração de efluentes ricos em
nutrientes e evita, assim, a eutrofização dos corpos d’água.
Embora apresente várias vantagens
com relação aos métodos tradicionais, ainda é preciso superar
vários gargalos tecnológicos relacionados à sua implantação e
funcionamento. Também é necessário aprimorar o entendimento dos
processos físicos, químicos e microbiológicos para tratamento,
manutenção e monitoramento da qualidade da água, da sanidade dos
peixes e das plantas.
Nesse sentido, pesquisadores da
Embrapa Meio Ambiente (Jaguariúna, SP) e da Symbiotec Ltda., indicam
um conjunto de Boas Práticas de Manejo (BPM), que podem ser
aplicadas à produção em múltiplas escalas, assim como em regiões
com restrições de água, áreas rurais e periurbanas (Série
Documentos, completa em
https://www.embrapa.br/busca-de-publicacoes/-/publicacao/1092012/boas-praticas-de-manejo-para-sistemas-de-aquaponia).
O objetivo é promover o
aprimoramento do manejo e dos índices de produtividade e
sustentabilidade de forma contínua, com base em indicadores de
desempenho zootécnico, fitotécnico e econômico.
Entre esses índices, estão a
necessidade de manutenção – fator determinante para o sucesso da
produção – além da suplementação nutricional para os vegetais
cultivados, composição da ração, temperatura e demais parâmetros
de qualidade da água.
Conforme o pesquisador da Embrapa
Meio Ambiente Julio Queiroz, o indicador econômico é muito
importante. “Deve-se observar os valores de mercado praticados,
assim como o valor agregado pelo sistema aquapônico. Isso é valido
para cada produto de origem animal e vegetal nas suas diferentes
fases, como a venda de alevinos ou juvenis de peixes, e, sobretudo de
produtos vegetais diferenciados como o baby leaf – hortaliças como
alface, agrião e rúcula, entre outras espécies, com folhas ainda
não expandidas completamente e colhidas precocemente e microgreens –
micro vegetais comestíveis – hortaliças, ervas aromáticas e
legumes, que são surpreendentes em termos de sabor e fazem bem à
saúde, já que os pequenos vegetais apresentam de quatro a 40 vezes
mais nutrientes do que na sua fase final.
Julio explica que uma das primeiras
providências é avaliar a eficiência dos filtros, com um teste
rápido para determinar a concentração de amônia, nitrito e
nitrato na água. A amônia é o principal resíduo do metabolismo
dos peixes e da degradação das rações. O seu acúmulo resulta na
redução da produção, no aumento do estresse dos peixes e,
consequentemente, no aumento da ocorrência de doenças.
Também é necessário analisar a
cada quinze dias os compostos nitrogenados – amônia, nitrito e
nitrato, e instalar, na medida do possível, sensores de temperatura,
pH e oxigênio dissolvido para monitoramento de forma contínua. Se a
concentração de nitrato estiver elevada por semanas consecutivas,
uma parte da água deverá ser substituída por água limpa.
O conhecimento do potencial do
efluente gerado pelos peixes, em relação à concentração de
nutrientes exigidos pelas hortaliças, é essencial. A determinação
ou o conhecimento da digestibilidade da ração pode facilitar a
estimativa da densidade de peixes mais adequada, o que também
permite determinar o valor nutricional de dietas, ingredientes
dietéticos e quantificar o volume de fezes.
Outros pontos importantes são a
estimativa da biomassa inicial de peixes em função da quantidade
máxima de plantas que poderá ser cultivada, e a realização de
biometria a cada 30 dias com cerca de 5% dos peixes.
Os critérios adotados atualmente,
pelo Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento (Mapa)
definem que o animal precisa estar: sadio, seguro, saudável,
confortável, livre para expressar comportamentos naturais e sem
sentimentos negativos. É necessário estar atento às questões
éticas dos consumidores, demonstrando a importância da inclusão do
bem-estar dos animais.
Um dos aspectos primordiais para
nortear o desenvolvimento das BPM deve assegurar um número
satisfatório de plantas com padrão mínimo de tamanho, peso e
coloração exigido pelo mercado, ou seja, a quantidade de plantas
produzidas não deve ser o fator determinante para definir a
eficiência de um determinado sistema de hidroponia, mas sim a
quantidade de plantas com valor de mercado. Além disso, deve-se
observar o tempo gasto para as plantas alcançarem o tamanho
comercial e, ainda, a ausência de ocorrência de doenças.
Considerando que nos sistemas de
aquaponia a utilização de solução nutritiva é limitada a
suplementações pontuais, a adição de pesticidas ou fungicidas
químicos não poderá ser feita, de modo que os métodos
alternativos devem ser utilizados para controle de doenças.
“É preciso transferir esses
conhecimentos por meio da metodologia “fazendo e acompanhando a
evolução do sistema”, continua o pesquisador, dessa forma os
produtores estarão aptos a construir e reproduzi-los. Isso pode ser
feito por meio de cursos, dias-de-campo e workshops, abordando os
aspectos teóricos e práticos sobre montagem, instalação, manejo e
manutenção, procedimentos para otimizar os índices de
produtividade e rentabilidade; aspectos conceituais sobre manejo
produtivo e manutenção da qualidade da água, e BPM sobre prevenção
de doenças de peixes e das plantas, requisitos mínimos para escolha
do local, definição de escala de produção, conceitos fundamentais
sobre os sistemas de recirculação, construção e uso dos filtros
de decantação e biológicos, controle e manejo alimentar, além de
criar oportunidades para trocas de experiências com aqueles que já
atuam nesse segmento”.
Boas práticas de manejo
para sistemas de aquaponia, de Julio Queiroz, Thiago Freato,
da Symbiotec Ltda., Alfredo Luiz, Márcia Ishikawa e Rosa
Frighetto.
http://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/178041/1/2018DC01.pdf
http://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/178041/1/2018DC01.pdf
Fonte: EMBRAPA
Nenhum comentário:
Postar um comentário