Estudo mostra a importância do ensino médio para a vida de meninas.
por Marina Lopes / Vinícius
de Oliveira – do PORVIR –
Em todo o mundo, cerca de 132
milhões de meninas entre 6 e 17 anos ainda estão fora da escola. No
Brasil, segundo dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística), de 1,3 milhão de jovens de 15 a 17 anos que não
concluíram o ensino médio, 610 mil são mulheres. As oportunidades
limitadas de educação para elas e os obstáculos que as impedem de
completar 12 anos de escolaridade, de acordo com um novo relatório
do Banco Mundial, chegam a custar aos países entre US$ 15 trilhões
(R$ 58 trilhões) e US$ 30 trilhões (R$ 116 trilhões) em perda de
produtividade e renda.
O relatório “Perda de
Oportunidades: o elevado custo de não educar as meninas”, lançado
em comemoração ao Dia Malala das Nações Unidas, que é celebrado
em 12 de julho, mostra os impactos da escolarização, tanto em
rendimentos financeiros, quanto nas vidas das meninas e das suas
comunidades, incluindo demonstração de altruísmo, menor risco de
sofrer violência por parte de um parceiro, eliminação do casamento
infantil, a redução da taxa de fertilidade em países de alto
crescimento populacional e a diminuição da mortalidade infantil e
da desnutrição.
Um dos argumentos mais fortes do
estudo é que meninas precisam completar o ensino médio, pois é
esta etapa de ensino que traz maiores benefícios. A recomendação,
no entanto, ainda está distante da realidade dos países de baixa
renda: menos de dois terços das meninas concluem o ensino
fundamental e uma em cada três delas concluem as primeiras séries
do ensino médio.
Para Malala Yousafzai, mais jovem
vencedora do Prêmio Nobel da Paz e cofundadora do Fundo Malala, o
relatório é uma prova de que os líderes mundiais não podem mais
adiar o investimento nas meninas. “Quando 130 milhões de meninas
são impedidas de se tornar engenheiras, jornalistas ou CEOs porque
não têm acesso à educação, nosso mundo perde trilhões de
dólares que poderiam fortalecer a economia global, a saúde pública
e a estabilidade. Se os líderes falam seriamente em criar um mundo
melhor, eles têm que começar a investir seriamente em educação
secundária para meninas”, defende.
“Eu tenho defendido o direito que
meninas tenham acesso à educação e agora temos dados que apoiam
isso. O estudo é um alerta para cada um de nós sobre o quanto
estamos perdendo ao ignorar a educação das meninas”, disse Malala
em teleconferência para discutir o documento.
Veja alguns dos principais destaques
do estudo:
– Meninas que completam o ensino
médio podem se tornar adultas mais saudáveis e prósperas, com
família e filhos em menor número. Ao completar esta etapa, elas
também têm maior probabilidade de participar da força de trabalho
e tomarem decisões;
– A renda das meninas ao longo da
sua vida poderia crescer de US$ 15 trilhões para US$ 30 trilhões em
âmbito global, caso todas recebessem 12 anos de educação de
qualidade;
– A universalização do ensino
médio para meninas teria impacto na eliminação do casamento
infantil e na redução em 75% da gravidez na adolescência;
– O ensino médio universal também
pode contribuir para reduzir um terço da taxa de fertilidade em
países com grande crescimento populacional. Essa redução poderia
gerar US$ 3 trilhões por ano;
– A escolarização também tem
impacto na saúde de mulheres, incluindo aspectos como o aumento do
conhecimento delas a respeito do HIV/AIDS, diminuição do risco de
violência por parte de um parceiro íntimo e redução do risco de
mortalidade e desnutrição infantil;
– O ensino médio contribui para
aumentar um décimo da tomada de decisões de mulheres na própria
casa e um quinto da probabilidade de registro do nascimento de seus
filhos;
– A conclusão desta etapa de
ensino também permite que as meninas, quando adultas, tenham
comportamentos mais altruísticos e confiem mais em amigos.
Fonte: PORVIR
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